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Música

Coisas que Precisam Sumir das Pistas de Dança Para Todo o Sempre

Já é hora de fazer alguns desses pecados das pistas de dança morrerem para sempre, então resolvemos os problemas dos seus rolês noturnos.

Você já viu alguns daqueles documentários sobre a era da discoteca? Eles são foda! São uma das poucas coisas que me fazem querer viver numa época que não seja agora, uma época mais inocente, antes dos homofóbicos toscos entenderem o que eram pistas de dança, da AIDS, do J Devil e de ter que ser revistado na entrada dos lugares. Mas depois que o Thomas Edison ligou dois toca-discos juntos no Studio 54, as pistas de dança e as pessoas que as povoam passaram seus últimos 40 anos ficando piores.

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Seria uma dádiva habitar um mundo onde velhos lascivos dançando com suas camisas abertas não existissem, mas temo que já passamos desse ponto há muito tempo. Então já é hora de fazer alguns desses pecados das pistas de dança morrerem para sempre.

CARA IRÔNICA PROS GRAVES

Se tem uma coisa pior do que gente que fica empolgada com frequências graves e precisa fazer aquela cara de quem está mijando e tem DST, são as pessoas que tentam imitar essa gente "de brincadeira". Não importa em que lugar você esteja, seja no rolê mais obscuro ou na boate mais cara da cidade, sempre vai ter um monte de caras (sempre, sempre são os caras) imitando as expressões sinceras dos pessoal transando os graves.

O que é triste, na verdade, porque dá pra perceber que a maioria desses caras vão amar qualquer coisa que o DJ tocar e estão morrendo de vontade de tirar a camisa, mas por alguma razão eles acham que precisam disfarçar usando a máscara de celofane da ironia. E o quê, no mundo inteiro, pode ser pior do que dançar ironicamente? Você beija sua namorada ironicamente? Você transa ironicamente? Então por que dançar ironicamente? É uma boate, seu besta, todo mundo está lá pra dançar, não pra te ver criar uma pantomima em cima das suas próprias inseguranças.

TEQUILEIRAS

Garotas que não são gostosas o suficiente pra pegar um fazendeiro cheio da grana, tentam pagar a faculdade vendendo goró superfaturado pra caras desesperados. É uma situação na qual todos os envolvidos estão sendo explorados. Eticamente, isso é quase como beber vinho do vinhedo do Robert Mugabe. Sempre penso que quero salvar as tequileiras, como o Travis Bickle fez no Taxi Driver — quero que elas sejam humanas de novo. Mas aí eu lembro que provavelmente elas são garotas suburbanas curtindo festas seis dias por semana e não querem que isso acabe nunca.

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Elas provavelmente ganham mais dinheiro do que eu, mas uma parte do meu coração ainda tem pena das tequileiras. Elas são os office boys da indústria do licenciamento, fazendo o trabalho sujo enquanto o chefe fuma Montecristos com o Carl Cox e é boqueteado por gente que foi pega nos banheiros.

FALTA DE SENSUALIDADE

Tem uma razão pra eu ter colocado só esse vídeo na lista, e a lógica por trás disso deve ficar óbvia nos primeiros segundos — olha esse cara, ele é fluido pra caralho. E, apesar do que os comentaristas do YouTube têm pra dizer, George McCrae é definitivamente um cara másculo, mesmo usando uma jaqueta de veludo incrustada de strass, tendo uma voz de criança birrenta e um estilo de bater palmas que ninguém poderia descrever como excessivamente heterossexual.

O lance mais masculino é como ele não dá a mínima para a percepção que as outras pessoas têm de sua própria masculinidade. Antes das mensagens de texto e do Facebook permitirem que você passasse a semana inteira redefinindo seus avanços em relação às garotas, editando sua própria personalidade para atender aos caprichos e pecadilhos delas, você tinha uma janela de apenas 30 segundos pra convencer uma mina de que você ficou pensando a semana inteira em dormir com ela. Quem afofasse muito suas falas estava ferrado, e é esse risco — infelizmente em falta na baladalândia moderna — que fazia seu pai ser muito mais legal que você (e qualquer um que dança ao som de George McCrae é muito mais legal que qualquer pessoa dando mosh num show do Skrillex).

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Dá pra ouvir na música: a paixão e a necessidade de impressionar emanam dela. Sinceramente, vá pra uma festa com “Rock Your Arms” tocando no toca-discos da sua cabeça e tenha três vezes mais chances de se dar bem. Dito isso…

O PASSINHO DO SWAYZE

Já entendi, amigo. Você tem uma namorada gostosa e eu tenho que andar desajeitadamente pelos cantos da pista como um fazendeiro falido num leilão de gado. Mas não precisa fazer aquele negócio de ficar atrás da patroa acariciando o torso dela como fazia o falecido Patrick Swayze em Ghost. Esses movimentos não vão deixar a galera indiretamente excitada, você parece mais um tiozão bizarro do que um garanhão cujo prêmio a gente tem que invejar.

COPOS DE PLÁSTICO

Muita gente (principalmente donos de baladas) não vai gostar dessa, mas foda-se. O problema é: os clubes insistem nos copos de plásticos e as pessoas que insistem em beber em clubes lotados acham que a gente tem que tratá-las com o mesmo respeito geralmente reservado aos cadeirantes. Foi mal se esbarrei no seu balde aguado, mas a festa está com 200 pessoas além da capacidade. Não vou conter meu jeito fanfarrão só porque você quer degustar a sua "cerva". Todas as cervejas de balada são uma bosta, aproveita pra economizar e vira uma dose logo. Você provavelmente vai perder a mesma quantidade de líquido com as pessoas esbarrando em você, do que se tivesse cortado 240ml da sua bebida logo no começo.

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A CHICOTADA DOS DREADLOCKS

Você faz 16 anos, toma sua primeira bala, para de ouvir Soulfly porque saca que isso não encaixa muito no clima, compra seus primeiros LPs depois de tocar todos na velocidade errada no toca-disco da loja e rouba todo o papel alumínio da sua mãe pra fazer uma antena de rádio escrota. “Parabéns pra mim”, você pensa. “Finalmente sai do gueto da Kerrang! Onde é a rave?”

Bom, acontece que a rave é num barracão/boate/ocupação/casa a meia hora de distância e pelo menos três pessoas lá vão ter dreads. Eis que agora você se encontra sendo chicoteado na cara pelos dreads felpudos de uma Rapunzel doidona num show de pós-dubstep. Os dreads molhados dela se esfregam na sua boca como o beijo de adeus de um cachorro se afogando, e a mistura de suor e água de calha respingando na sua cara revira seu estômago.

O TRENZINHO DAS MINAS

Claro, começa a tocar “1 Thing” e você sente que precisa fazer todo mundo na boate saber que essa era a trilha sonora sua e das suas amigas em 2006, mas nada justifica formar essa linha de conga caótica de oito pessoas pelo meio da multidão, pisando com os saltos agulha no pé dos outros, guinchando e espirrando vodca e coca-cola em todo mundo. Se você gosta tanto assim da música, porque não fica curtindo ela bem aí onde você está? Não, você vai passar metade dela enchendo o saco de quem está por perto. Tenho quase certeza de que não existe um lugar ideal pra se curtir o som em nenhuma pista de dança de nenhuma festa (a não ser que você seja uma dessas pessoas deprimentes que acham legal ficar com aquele zumbido no ouvido depois de enfiar a cabeça nos subwoofers a noite toda).

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PEIDOS

A não ser que você tenha morado no Grécia nos últimos anos (onde eles adoram gays e sinceramente têm coisas mais importantes pra se preocupar), já deve ter notado que as emissões corporais gasosas se tornaram uma pandemia nas pistas de dança do mundo inteiro na era pós-proibição do fumo. Num passado não tão remoto, o fedor era dominado pelo cheiro dos queridos cigarros. Mas agora, o ar nas baladas é tão cheio de arrotos de cerveja e peidos de drogas que você até consegue sentir as partículas de merda e bile entrando pela boca quando você abre a sua pra pedir mais bebida (irônico) ou xavecar alguém.

Em baladas de dubstep, isso até que faz sentido (a maioria dos dubsteps soa como peidos), mas fico imaginando: será que isso é um problema naquelas superbaladas de Ibiza onde só se entra com 400 euros, um barco e uma camisa de linho branca? Ou será que a Pacha bombeia essência de orquídeas raras e almíscar capturado por um garoto eunuco pra disfarçar todos os peidos e arrotos? E como eu não pretendo ser contratado como tequileiro em San Antonio no momento, vocês podem me mandar as respostas em cartões-postais, por favor?

SEÑOR BABACA

Todo mundo sabe quem eles são e todo mundo espera que eles vão pra PQP.

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