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Logo, Amanda Williams se tornou popular – o perfil tinha centenas de amigos, e eu finalmente tinha a atenção do cara que sempre quis para mim. Achei que poderia usar Amanda para me infiltrar na galera popular da escola; assim, usei a conta para mandar uma mensagem a uma garota da minha escola dizendo como eu era legal. Achei que, se uma garota como Amanda dissesse que gostava de mim (Amanda, scenequeen, a garota popular), as garotas reais da minha escola também gostariam. O tiro saiu pela culatra. As garotas populares notaram que Amanda Williams tinha o mesmo número de telefone que o meu no MySpace, e todo mundo descobriu que eu a tinha inventado. Fui de invisível para totalmente desprezível.Isso devia ter me feito parar, porém me deixou mais atenta sobre como mentir online. Fiz uma segunda conta – idêntica à de Amanda Williams, com as mesmas fotos –, mas me certifiquei de bloquear todo mundo da minha escola. Fiquei paranoica e obcecada com a conta. Depois da nona série, minha mãe me mudou do colégio para uma escola vocacional porque eu estava sofrendo bullying. No entanto, a nova escola me deu mais tempo livre, o que significava que eu passava ainda mais tempo online. Deveria ter sido uma oportunidade para retomar minha vida social, mas só abasteceu o catfishing: eu passava todo meu tempo livre na rede social, construindo a vida de Amanda Williams como um avatar de The Sims."Eu passava todo meu tempo livre nas redes sociais, construindo a vida de Amanda Williams como um avatar de The Sims."
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Eu moldava minhas contas meticulosamente: roubava fotos de garotas bonitas, mas nenhuma que fosse muito popular. Se alguém tem mil seguidores no Instagram, há uma possibilidade muito maior de alguém reconhecer as fotos roubadas. Quando a conta é criada, começo a adicionar pessoas da cidade de onde decidi que ela é. Não importa quem eu adicione inicialmente – essas pessoas são só para encher linguiça. Como Nev Schulman diz em Catfish: se você não tem amigos suficientes na sua lista, a conta parece falsa (e provavelmente é). Então, você tem de possuir amigos para encher sua lista, amigos da cidade de onde você diz que é, para parecer legítima. Quando já tinha 150 amigos, eu começava a adicionar as pessoas que realmente queria.Eu não postava as fotos roubadas todas de uma vez: eu ia pingando as imagens, assim como uma pessoa real faria. Sempre encontro a garota de quem estou roubando as fotos no Facebook e bloqueio cada pessoa da lista de amigos dela. Já passei dias inteiros fazendo isso – bloqueando as pessoas que eu achava que poderiam me dedurar – para garantir que nenhum dos amigos dela descobrisse que eu estava roubando fotos para uma conta falsa.Depois disso, eu tinha de fazer subcontas para convencer os outros de que minha conta principal era real. Se alguém não tem fotos tagueadas, a conta provavelmente é falsa, certo? Logo, faço subcontas: amigos falsos que vão posar no meu perfil. Para isso, escolho vídeos do Instagram e os posto no Facebook. Aprendi como usar o Photoshop para forjar sinais, para mostrar que a conta é "real". Se você quer um conselho sobre a internet, eu diria: não confie em nada. Não importa se alguém te manda uma "prova" em foto. Se a coisa parece muito boa para ser verdade, provavelmente não é.
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Mesmo que tudo nas contas fosse falso – as fotos, as histórias, os amigos –, isso me fazia sentir bem comigo mesma. Nas contas falsas, eu conseguia me abrir com as pessoas de um jeito que nunca faria na vida real. Outras garotas da minha idade tinham namorado e melhores amigas, mas eu tinha meus amigos do MySpace: pessoas que se importavam comigo, que me deixavam ventilar, que perguntavam sobre o meu dia. Quando eu era Amanda Williams, as pessoas se importavam comigo. Quando era eu mesma, eu era invisível.Nunca pedi dinheiro pelos meus perfis – só atenção. Eu me sentia bem tendo alguém que me chamasse de "bonita" ou "sexy", mesmo sabendo que eles não estavam falando de mim. Nunca ninguém me disse isso na vida real – as pessoas me chamam de "baleia terrestre" porque estive acima do peso a maior parte da vida. Tenho muito medo de rejeição, da vulnerabilidade que vem de ser eu. Tenho medo de que as pessoas digam que sou feia, gorda, nojenta e que não mereço amor.Tive um relacionamento através das contas falsas que parecia amor – pelo menos, o mais perto de "amor" que você chega na internet. Acabei contando tudo, esperando que ele fosse entender. Ele se fechou e nunca mais falou comigo. Isso me tortura há anos: será que eu conseguiria ter essa relação por mim mesma? E em que ponto isso estaria agora se eu não tivesse mentido? Algumas pessoas fazem contas falsas porque são sociopatas – e eu posso até ser –, mas me magoo com essas contas como se isso fosse a coisa real."Quando eu era Amanda Williams, as pessoas se importavam comigo. Quando era eu mesma, eu era invisível."
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