Conheça o cara que fotografou David Bowie nos últimos 40 anos

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Conheça o cara que fotografou David Bowie nos últimos 40 anos

Por décadas – e em várias cidades, incluindo Nova York, Londres e Kioto –, Masayoshi Sukita capturou as várias transformações de Bowie, do Ziggy ao seu retrato em 2009 em Nova York.

Em 1972, David Bowie se tornou Ziggy Stardust, um superstar alienígena com um apelo enigmático. Esse também foi o ano em que ele conheceu um japonês que gostava de rock 'n' roll e filmes do Marlon Brando, um homem que o fotografaria pelos 40 anos seguintes.

Masayoshi Sukita, que apresenta imagens de Bowie numa exposição atualmente em Nova York, se inspira nos filmes clássicos norte-americanos, assim como na fotografia de Irving Penn e Dennis Stock. Depois de trabalhar com publicidade, Sukita se tornou um fotógrafo freelance em 1970, capturando as cenas de arte, cinema e rock 'n' roll de Londres e Nova York.

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Enquanto estava em Londres fotografando Marc Bolan, do T-Rex, Sukita cruzou com uma imagem de David Bowie, o que imediatamente despertou nele o desejo de fotografar o cantor. Por décadas – e em várias cidades, incluindo Nova York, Londres e Kioto –, o fotógrafo capturou as várias transformações de Bowie, do Ziggy ao seu retrato em 2009 em Nova York. Falamos com Sukita no Morrison Gallery Hotel, no SoHo, sobre fotografia, Bowie e a colaboração de tantas décadas entre eles.

The Bewley Brothers, 1973.

VICE: Quando sua relação com fotografia começou?
Masayoshi Sukita: Eu tinha seis ou sete anos logo depois da guerra, em 1945. Depois da guerra, tudo que vinha para o Japão era norte-americano, e, para mim, era muito atraente ver a música e a arte da cultura ocidental. Quando eu estava no colegial, ganhei minha primeira câmera da minha mãe. Esse foi o começo do meu interesse por fotografia.

Quando você se sentiu atraído pelo rock 'n' roll?
No colegial, muito da música e dos filmes chegando ao Japão era norte-americano, como Elvis Presley ou astros de cinema como Marlon Brando. Eu gostava muito desses filmes e da música.

I Saw You Again in the Rainbow Theatre, 1973.

O que você se lembra da primeira vez em que viu Bowie?
Fui a Londres para fotografar o T-Rex e não conhecia David Bowie na época. Aí vi um cartaz na rua e fiquei muito interessado naquele visual. Eu não sabia muito de Londres em 72; quando conheci Bowie, eu não sabia que ele já era uma pessoa tão icônica.

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Vi um show dele em Londres. Ele tocou com Lou Reed, e foi um show incrível. Fiquei tão empolgado em vê-lo no palco que pensei: "Quero fotografá-lo".

The First Time I Saw You, 1972.

O que você pode dizer sobre sua primeira sessão de fotos com Bowie, em 1972?
No dia da sessão, um fotógrafo famoso chamado David Bailey estava fotografando Bowie durante o dia, e eu iria fotografá-lo à noite. O clima era muito competitivo, porque eu sabia quem era David Bailey; então, havia uma espécie de pressão.

Pesquisei o vinho favorito de Bowie e levei uma garrafa. Ele já tinha trabalhado o dia todo em outra coisa; portanto, quando chegou minha vez, eu disse: "OK, vamos abrir um vinho e relaxar".

A Day in Kyoto 3 – Plataform, 1980.

Quarenta anos é muito tempo fotografando alguém. Como é o vínculo de vocês?
Toda vez que Bowie vinha ao Japão, ele me ligava e dizia: "Estou aqui. Vamos fazer uma sessão de fotos". Bowie sempre gostou da cultura oriental, e ele adora Kioto, que é uma cidade tradicional do Japão. Desde jovem, sempre gostei da cultura ocidental, e Bowie gostava muito da cultura oriental; assim, esse é o vínculo que temos. Se estivéssemos sempre em Nova York juntos, essa não seria uma relação de quatro décadas.

Loves to be Loved, 1973.

Como a capa do disco Heroes surgiu?
Bowie veio ao Japão com Iggy Pop; na verdade, estava produzindo Iggy na época. Do nada, Bowie me ligou, e não havia um cenário criativo no estúdio, só iluminação e um fundo simples. E Bowie começou a se mover sozinho. Ele estava com um corte de cabelo e maquiagem básicos, mas começou a bagunçar o cabelo e se mover por conta própria. Antes de Bowie, sempre achei que tirar um retrato exigia uma certa preparação.

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Qual sua imagem favorita de Bowie?
Heroes.

Heroes, 1977.

Por quê?
Em 72 ou 73, quando ele ainda era a estrela do glam rock em Londres, ele usava toda aquela maquiagem e figurinos, figurinos muito extravagantes, porém, quando ele tirou a foto Heroes, ele estava usando uma jaqueta simples de couro e não estava mais tão interessado em moda. Essa é outra coisa que adoro nele. Ele não é específico sobre sua moda nem nada assim: ele pode ser natural. Ele começou na cena do glam rock com aquela imagem de fantasia espacial, mas, quando todo mundo entrou nessa, ele disse: "OK, vamos seguir em frente".

Heroes to Come, 1977.

Como você se sente sentado nesta sala, olhando todas essas fotos que você tirou de Bowie?
Acabei de lançar Genesis, um livro enorme de fotografia, e incluí centenas de fotos do David Bowie das últimas quatro décadas. Lembro-me de todas as ocasiões.

Ki, 1989.

Todas as imagens por (c) Masayoshi Sukita, cortesia da Morrison Hotel Gallery.

Traduzido do japonês por MaiMai Sakamoto e traduzido do inglês por Marina Schnoor.