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Cunha cassado, Lula indiciado e o resumo da semana na política

Governo desiste da reforma trabalhista, deixa a previdência para 2017 e disputa eleitoral no Rio de Janeiro embola de vez.

Foto: Agência Brasil

Aconteceu tanta coisa na política na semana passada que eu aposto que você nem lembra que Eduardo Cunha foi cassado na segunda-feira (12). Pois é. Apesar de parecer quase longínqua, a cassação do ex-presidente da Câmara pode seguir complicando a vida do Planalto e aliados em geral. Com o PT fora do poder, Cunha promete um livro contando os bastidores do impeachment — pretende terminar a obra até a Proclamação da República, para dar tempo de entrar nas vendas natalinas. E já descobriu o nome de sua nêmesis no Planalto — Moreira Franco, eminência parda (e olha que não são poucas) do governo Temer ainda à procura de um ministério para chamar de seu — e não deve dar sossego ao cidadão. Mas a Lava Jato acha, no momento, que Cunha nem tem muito o que delatar, e os congressistas, por outro lado, acreditam que os 26 deputados e 14 senadores também implicados na Lava Jato não precisam se preocupar porque ninguém mais vai ser cassado.

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Quem ofuscou a cassação homérica de Cunha foi o procurador da República Deltan Dallagnol e a sua força tarefa na Lava Jato, que anunciaram com grande fanfarra na quarta-feira (14) o indiciamento do ex-presidente Lula por corrupção e lavagem de dinheiro. O problema é que, além das acusações de Lula ter recebido dinheiro da empreiteira OAS indiretamente (para guardar os presentes que recebeu enquanto presidente e dos quais não pode se desfazer por lei, e para a reforma de um apartamento que não está no nome do ex-presidente ou da família), Deltan afirmou categoricamente que o ex-presidente seria o "chefe máximo" do esquema de corrupção na Petrobras, sem trazer provas contundentes para tanto. Seu Power Point estranho virou meme e o estilo da apresentação gerou críticas à esquerda e à direita e até entre ministros do STF. Lula rebateu a denúncia numa coletiva emocionada e avisou: "se provarem algo contra mim, vou a pé me entregar".

O que a semana passada também provou é que 2017 não vai ser um ano bolinho na política. Gilmar Mendes, ministro do STF e presidente do TSE, afirmou que o julgamento da chapa Dilma-Temer, que pode incorrer na cassação do empossado vice, deve ficar para o ano que vem. O que fica para o ano que vem também é a polêmica reforma da previdência, segundo o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ). O vaciloso regime Temer também marcou mais uma desistência importante nesta semana: assinala que vai deixar a espinhosa reforma trabalhista para o próximo presidente. Porém, diz que não vai se meter na atual lei da terceirização, que se encontra no Senado e, por si só, já pode trazer uma bela dor de cabeça para o trabalhador brasileiro.

E a reta final para as eleições municipais causa um complicado jogo eleitoral onde nenhuma aposta pode ser considerada vencedora. Há duas semanas do dia 2 de outubro, existe pouca definição para as duas maiores cidades do país, segundo a mais recente pesquisa de opinião do Ibope. Em São Paulo, Celso Russomanno (PRB) tem 30% das intenções de voto, enquanto Marta Suplicy (PMDB) tem 20%, em empate técnico com João Dória (PSDB), que tem 17%. A pesquisa mostra um crescimento expressivo do Riquinho Rico tucano, e uma desidratação significativa para Russomanno (que perdeu três pontos) e para Luiza Erundina (PSOL), que perdeu 4 pontos percentuais e está com 5% das intenções de voto. Fernando Haddad (PT), candidato à reeleição, segue imóvel com 9%, ocupando o quarto lugar.

No Rio a briga de foice no escuro está pior ainda. Marcelo Crivella (PRB) lidera bem a disputa, com 31%, mas a segunda colocação implica em empate técnico entre nada menos que CINCO candidatos: Marcelo Freixo (PSOL) com 9%, Pedro Paulo (PMDB) também com 9%, Flavio Bolsonaro (PSC) com 8%, ao lado de Jandira Feghali (PCdoB), com os mesmos 8%, seguidos por Índio da Costa (PSD) com 7% — está mais fácil acertar o milhar do bicho do que adivinhar com certeza quem disputa o segundo turno local.

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