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Do terrorismo canarinho à falta de aprovação de Temer, lembre da semana na política

Um resumão que vai muito além do pré-Olimpíadas que parecemos estar.
Crédito: Agência Brasil

Aí você pensa, "bom, é recesso do Congresso, vai ficar tranquilo, duas semanas sem escândalos" e vem o Alexandre de Moraes e "PÁ" na sua cara. O Ministro da Justiça protagonizou o bate-cabeça mais público do governo interino ao mostrar a falta de alinhamento entre Justiça e Defesa no caso da prisão da suposta célula terrorista tupiniquim Defensores da Sharia. Enquanto Moraes exaltava a eficiência da Polícia Federal, que deu a entender sem explicar que até Whats App monitorou (chupa NSA), Raul Jungmann chamava o agrupamento de "porralouquice" – a gente fala mais sobre o tema aqui.

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Mas o Congresso anda sim, nem que seja por causa da troca de guarda. O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) está cada vez mais enrolado – parece que a manobra de renunciar à presidência da Casa para manter o mandato vai fazendo água. Apostando na combinação de recesso parlamentar e eleições municipais, que acaba esvaziando a Câmara, Cunha espera que o baixo quórum o ajude a escapar da cassação no plenário, mas o novo presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ) prometeu votar a cassação pela segunda semana de agosto, e para forçar a presença de deputados na Casa, disse que vai cortar o salário de quem faltar – mas ele nega que a medida vise atingir Cunha. Uma vez que o deputado afastado desistiu da presidência quase de bom grado e está por um triz de ser implicado efetivamente na Lava Jato, resta saber qual vai ser (ou já foi) o preço do silêncio de Cunha, que fez muitas ameaças veladas durante seu depoimento na Comissão de Constituição e Justiça.

Já a parca popularidade do governo interino parece estar caminhando para o ralo, bem às raias da votação final da confirmação do impeachment de Dilma Rousseff. Se a pesquisa do Datafolha e o modo de apresentação dos dados gerou polêmica até com o mais novo blogueiro do ex-governismo e ganhador do Pulitzer Glenn Greenwald – e realmente o próprio Datafolha teve que admitir a imprecisão da pesquisa – os números do Ibope parecem bem claros. A aprovação do interino Michel Temer está em 13%, mesmo número Dilma tinha ao caminhar ao cadafalso, enquanto dois terços, ou 66% dos entrevistados afirmam que não confiam na gestão atual. Parece que Temer encontrou realmente o jeito de fazer um governo de união nacional – todos unidos contra ele, não muito diferente da caminhada final da Dilma.

Já o mundo mágico da Lava Jato e da judiciaização geral da política avança mornamente, porém com fatos importantes. Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, admitiu em depoimento ao juiz Sérgio Moro que os R$ 4,5 milhões que tinha na Suíça eram caixa 2 da campanha de 2010 da presidente Dilma. Santana também corroborou a informação e ainda disse que é preciso "rasgar o véu de hipocrisia" sobre o caixa 2. O mais intrigante da questão é que parece que ela é o fim da linha para o casal na Lava Jato – segundo Monica Bergamo, Moura não sabia de muita coisa sobre a corrupção no governo e já contou tudo que tinha na manga, enquanto os procuradores esperavam uma delação bombástica e, no final, só ouviram os mesmos papos que já sacavam. Dilma, por sua vez, falou em entrevista nesta sexta (22) que "não autorizou" pagamento de caixa 2.

Mas a delação que pode deixar o Congresso de cabelos em pé e numa dessas abalar a interinidade parece ter começado a se mexer. Gim Argello, ex-senador do PTB, falou que vai xisnovear. Ele teria sido o responsável por segurar a onda de convocações de empreiteiros na CPI da Petrobras, e, se as especulações estiverem corretas, pode botar até Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, na roda. Fora da Lava Jato, Lula também levou uma má notícia na semana – o procurador Ivan Marx decidiu denunciar ele por obstrução da justiça e mais três crimes, o que provavelmente deixou os grupos de Whatsapp da tiozada bem em polvorosa.

Já a campanha da prefeitura e São Paulo vai finalmente se definindo – exceto para Andrea Matarazzo (PSD) que, lá embaixo nas pesquisas, é pressionado para apoiar outro candidato. O PSC desistiu de lançar Marco Feliciano e flerta com a candidatura de Celso Russomanno (PRB), enquanto João Dória (PSDB) aposta em ter Bruno Covas como vice, para "atucanar" mais uma campanha acusada de ser "entrista" pelos mais velha-guarda da legenda – parece que na disputa entre Geraldo Alckmin e José Serra pela hegemonia do PSDB em São Paulo vai pendendo para o lado do governador. Por outro lado, Dória chega com seu jeitinho de Riquinho Rico e promete privatizar as faixas de ônibus e ciclovias de São Paulo caso eleito, o que deixa muita gente se perguntando como seria esse processo (pedágio para bicicletas?).

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