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Em Chamas!

Com a Primavera Árabe e o Occupy ganhando todos os RTs e 'curtir' no Facebook, é fácil esquecer que o Tibete já foi a causa do momento.

Fotos: Cortesia de freetibet.org

Com a Primavera Árabe e o Occupy ganhando todos os RTs e likes no Facebook, é fácil esquecer que o Tibete já foi a causa do momento, atraindo a atenção de celebridades como Richard Gere e os Beastie Boys. E enquanto a mídia mainstream ignora totalmente a situação do Dalai Lama e de seus compatriotas, a região continua nas mãos da China. Mas as coisas têm esquentado — literalmente — desde que aqueles adesivos Free Tibet saíram de moda. Os tibetanos estão tão desesperados para conseguir autonomia que andam tacando fogo em si mesmos. Esse ano no Tibete, onze pessoas já se auto-imolaram, todos monges, monjas ou ex-monges budistas. Entramos em contato com Stephanie Brigden, diretora da campanha Free Tibet, para saber mais sobre atear fogo em si mesmo como forma de protesto. VICE: Há alguma razão em particular para tantos tibetanos terem se auto-imolado este ano?
Stephanie Brigden: Acho que é importante relembrar que auto-imolações são praticamente sem precedentes no Tibete. Houve um caso em 2009, mas antes disso nunca houve uma história de auto-imolações. O movimento tibetano é provavelmente o mais conhecido movimento não-violento do mundo, e agora chegamos num ponto onde a situação ficou tão desesperadora que as pessoas estão escolhendo tirar as próprias vidas. Acho interessante quando se compara isso à situação do Oriente Médio, onde tem um jovem que se auto-imolou na Tunísia. Isso desencadeou uma série de eventos no Oriente Médio, e a comunidade internacional respondeu porque é uma região rica em petróleo. O Tibete, superficialmente, parece não ter muito a oferecer ao Ocidente, e as pessoas estão ignorando a situação ali. Como o movimento de auto-imolação — se é que podemos chamar assim — começou?
O primeiro a se auto-imolar foi um cara de 20 anos chamado Phuntsog. Ele ateou fogo em si mesmo no terceiro aniversário de um protesto
em sua cidade na província de Sichuan, onde as forças chinesas abriram fogo e mataram vários civis. Em algumas das auto-imolações subsequentes as pessoas tentaram repetir o que os outros fizeram. Por exemplo, durante a última auto-imolação, a monja foi exatamente ao mesmo local e ateou fogo em si na mesma hora do dia que outro monge da cidade dela. Muitos monges gritam “Liberdade para o Tibete!” ou “Tibete independente!” antes da auto-imolação. Você acredita que os muitos protestos e revoltas pelo mundo todo este ano influenciaram essa onda recente de auto-imolações?
Tivemos protestos generalizados no Tibete em 2008, e isso foi o início do que achamos que será uma escalada de manifestações que podem se espalhar por toda a região. O que há de diferente entre isso e os protestos anteriores no Tibete é que os tibetanos estão bastante conscientes de que precisam mandar imagens impactantes para o mundo lá fora. E também acho que não se deve subestimar o fato de que a China está fazendo tudo ao seu alcance para impedir isso, de fechar LAN houses à restringir ligações telefônicas. Pior, eles estão prendendo pessoas e criando um clima de intimidação. Mas francamente, acho que agora as pessoas sentem que se não têm coragem de desistir da vida, pelo menos podem se arriscar a ser presas e provavelmente torturadas para garantir que sua mensagem chegue às massas.