Esse Cara Quer Fundar um País Ariano

Sabe quem só se fode hoje em dia? Os brancos. Claro, eles vêm dos melhores padrões socioeconômicos e não sofrem absolutamente nenhum tipo de perseguição por causa da cor de suas peles, mas eles têm que aguentar gente que não é branca vivendo pacificamente entre eles. Essa injustiça precisa ser reparada antes que negros, mexicanos e asiáticos fiquem atrevidos e tentem comprar carros, abrir negócios e todas essas outras coisas maléficas.

A “mentalidade” descrita acima é ridícula, mas é bem assim que os norte-americanos do Northwest Front (Frente Noroeste) se sentem. Eles afirmam ser um movimento cansado da corrupção política e do “genocídio da raça branca” (uma preocupação super-realista, considerando que os brancos são 72% da população dos Estados Unidos). O grupo se dedica a formar seu próprio estado totalmente branco na região do noroeste do Pacífico dos EUA.

Depois de passar um tempo no site deles, comecei a notar o nome Harold Covington em todos os posts, podcasts e vídeos do blog. Acontece que o Harold é um escritor que já lançou cinco romances cujas histórias se passam em um futuro totalmente branco do noroeste do Pacífico. Foi aí que pensei que qualquer um pode fazer um site, escrever um blog e gravar um podcast. E se isso fosse só um golpe de marketing bizarro para os livros dele? Toda publicidade é boa publicidade, aparentemente. Mesmo sendo publicidade ilusória, nojenta e racista, liguei para o Harold para conseguir algumas respostas.

Um cartaz promocional da nação ariana ainda não existente de Harold, a Frente Noroeste.

VICE: Então Harold, essa ideia de um estado soberano no noroeste dos Estados Unidos é uma invenção para seus romances?
Harold Covington: Não, não fui eu quem inventou a ideia da migração para o noroeste. Houve um movimento muito sério pela separação do estado de Jefferson, nos anos 1940, que ia sair da Califórnia. Já naquela época, os brancos estavam cansados da merda que acontece em Los Angeles e Sacramento.

E qual o objetivo desse novo país? Por que vocês simplesmente não mudam para a Escandinávia se querem viver cercados de gente branca?
O que defendemos, basicamente, é o estabelecimento de uma nação soberana independente no noroeste do Pacífico como uma pátria para todos os brancos. Tipo uma versão branca de Israel. Não entendo como os judeus são o único povo da Terra que tem seu próprio país e o resto do mundo tem que ser diverso.

É muito injusto isso. E foi tão fácil pra eles até agora, né? Porque você acha tão importante que os brancos tenham seu próprio país?
É meio como reintroduzir lobos na natureza. Os lobos precisam ter um habitat e o homem branco precisa ter um habitat. Precisamos de um pedaço de terra onde possamos criar muitas gerações em segurança, sem toda a merda corrupta que a democracia liberal produziu nos últimos cem anos.

O primeiro romance de Covington da série que se passa na República do Noroeste.

Você fala muito sobre a corrupção política ter levado a um “estado de um só partido” nos Estados Unidos. Você acha que seu estado seria livre de corrupção?
É provável que tenhamos alguns casos de corrupção e incompetência, somos seres humanos. O que você deve ter em mente é que o propósito primário dessa república é garantir a sobrevivência da raça, então, desde que consigamos cumprir nossa função primordial, podemos lidar com um pouco de corrupção.

Por que você escolheu o noroeste do Pacífico para estabelecer esse novo “estado étnico”?
No momento, continuamos bem predominantes aqui em cima, demograficamente falando. Além disso, é o tipo de território que precisamos. Possui uma costa, possui recursos. Podemos criar uma nação separada ali. Não sou a primeira pessoa a pensar nisso.

Dei uma olhada na sua loja on-line e vi que você vende camisetas com estampas de AKs-47. Isso não é um tanto agressivo?
Esse é o selo ficcional do Exército Voluntário do Noroeste. É nisso que os brancos terão que se tornar novamente se quisermos sobreviver.

Achei o macacãozinho de bebê com uma arma estampada particularmente escroto.
Bom, felizmente, seu gosto não é o nosso e isso é algo que simplesmente tem que ser feito. A mensagem que estamos tentando mandar é que vamos contra-atacar. Mas isso não consiste em digitar num teclado ou encher envelopes. Não é a tática que o inimigo está usando contra nós. Se não nos levantarmos e lutarmos, num sentido muito literal, vamos deixar de existir em 100 anos.

Sua ideia me parece um pouco com racismo puro descrito como separatismo.
Claro que é racismo. O que tem de errado com o racismo? É uma forma pura de patriotismo.

Não sei se é bem assim. Então, se você realmente estabelecer essa nova terra ariana, você acha que os outros países vão querer negociar com um estado abertamente racista?
Em meu livro, Freedom Sons, falo sobre os problemas que vamos enfrentar e como penso que podemos superá-los. Imagino que, uma vez que a República Noroeste estiver estabelecida, vamos ser confrontados imediatamente com sanções econômicas. Eu morei na Rodésia (hoje Zimbábue) por alguns anos e fui deportado por ordem pessoal do Ian Douglas Smith por ser muito racista. Isso é como uma conquista, acho. Era uma nação que sofria sanções econômicas e eu vivi lá. Eu sei que elas podem ser derrotadas.

Parece que há um grupo de pessoas trabalhando para a realização desse estado, mas me ocorreu que isso tudo pode ser só uma ferramenta de marketing para seus livros.
Os romances são uma das muitas ferramentas de propaganda e tentamos mesmo vendê-los e espalhar sua mensagem, mas não estou sozinho. No entanto, não somos um grande movimento revolucionário também. Não estou afirmando que existem muitos de nós aqui em cima. Ainda não. Sim, promovo meus romances, pois acho que eles são uma arma legítima de política e propaganda. Não sou um cara rico. Não tenho um estilo de vida luxuoso, nem quero. É verdade que somos um grupo pequeno, mas não sou eut entando vender meus livros.

Então, vocês estão ativamente tentando estabelecer esse estado?
Estamos trabalhando nisso. O primeiro passo é criar comunidades. Considero um grupo bom e ativo de 12 pessoas numa dada área uma comunidade. Se você olhar atentamente para elas, verá que são como células. Sempre falo para os novos migrantes que isso não é uma revolução enorme tipo “Queda da Bastilha”. Ainda não estamos nesse estágio. Não estaremos ainda por muito tempo. Viemos aqui para fazer nosso lar na terra que Deus e o destino apontaram para se tornar nossa casa.

Harold com a bandeira da República Noroeste.

Então massacrar todos aqueles nativos americanos foi destino puro. E o movimento está crescendo?
Estou recebendo cada vez mais perguntas e, mais importante, essas perguntas estão começando a trazer placas de outros estados para as colinas. Não me pergunte quantos somos porque não sei dizer. Muitas vezes, mando um pacote com material, coisas turísticas e sobre a República Noroeste, e recebo um e-mail dizendo “Obrigado.” Aí, um ano depois, recebo um e-mail informando “Estou aqui”. Recebi um desses hoje de manhã. Também recebemos muita migração natural, então, é difícil saber os números exatos.

Como você sabe que esses “migrantes” estão vindo para apoiar sua causa e não são simplesmente pessoas que, por acaso, se mudaram para o noroeste?
Muitas pessoas fazem isso não por razões abertamente raciais. Elas usam os códigos certos como “ar puro”, “boas escolas”, “vizinhança amigável”, “oportunidade econômica” e “meio ambiente conservado”. O que elas realmente querem dizer, claro, é que estão fugindo dos negros, dos mexicanos e daquela merda politicamente correta que devasta o resto do país. Eles estão fugindo da diversidade e do multiculturalismo para viver numa área predominantemente branca. Eles nunca vão admitir, mas é por isso.

Mas se os estados entrarem em colapso e chegar a hora de “cortar a torta”, como você disse antes, você não fica preocupado que sua propaganda atraia outras raças?
Não tenho bola de cristal. Isso pode acontecer no estilo IRA, como falo em meus livros. Pode haver um grande colapso e entrarmos no cenário Mad Max, de guerreiros da estrada, ou a China pode nos invadir. Pode acontecer qualquer coisa e temos o dever de fazer algo para assegurar a existência de nosso povo e de um futuro para as crianças brancas. Não sei o que vai acontecer com este país. Ninguém sabe. Isso é meio assustador. Mas sei que temos o dever de resistir e lutar, que é o que os brancos de bem fazem.

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