Todo o time de atletismo da Rússia está fora das Olímpiadas no Rio de Janeiro
Sebastian Coe, presidente a IAAF, em coletiva de imprensa no dia 17 de junho de 2016. Foto: Leonhard Foeger/Reuters

FYI.

This story is over 5 years old.

VICE Sports

Todo o time de atletismo da Rússia está fora das Olímpiadas no Rio de Janeiro

O recado é claro: não toleramos doping, caras.

IAAF (Associação das Federações Internacionais de Atletismo) manteve, na última semana, o banimento de atletas russos por "doping sistemático" e deixou a participação do país nas Olímpiadas no Rio nas mãos do Comitê Olímpico Internacional, o COI. Na manhã desta terça-feira, a entidade confirmou: os russos estão impedidos de atuar em todas as competições de atletismo. Grande potência no atletismo, a Rússia fez lobby feroz para evitar a competição sem seus atletas. Na última sexta-feira, o presidente Vladimir Putin negou que teriam sido conivente com o doping. Ele clamou às autoridades internacionais que não usassem o esporte para reforçar quaisquer ideais contra o país. Seu porta-voz prometeu empregar os procedimentos legais necessários para impedir o banimento dos atletas. Já o Ministro dos Esportes russo, Vitaly Mutko, disse que inocentes estavam sendo punidos e que ele esperava que o COI pudesse "corrigir isso de alguma forma", de acordo com agência de notícias R-Sport. O país foi suspenso de participar de todo e qualquer evento de atletismo pela IAAF em novembro, após auditoria independente da Agência Mundial Anti-Doping (WADA) ter revelado prática com apoio do estado russo.

Publicidade

Uma força-tarefa estudou as medidas russas para a reforma de seu programa de combate ao doping, porém, na última quarta-feira, um novo relatório da WADA revelou 52 novos exames com resultados positivos e casos extraordinários de tentativas de obstrução e intimidação dos responsáveis pelos exames. "Houve algum progresso, mas não é o bastante", disse o presidente da IAAF, Sebastian Coe, em comunicado à mídia. A palavra da IAAF, teoricamente, deveria ser decisiva, mas o COI, preocupado com a punição dos atletas inocentes, não descartou a possibilidade de conceder à Rússia, anfitriã dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, em Sochi, uma permissão especial nesta terça. Por unanimidade, no entanto, os membros votaram pelo banimento dos russos. "Meu instinto me diz que alguns no COI não tem ideia do ultraje que pode causar ao tomarem a decisão errada", disse à Reuters Dick Pound, há muito membro do COI e co-autor do relato que levou ao banimento dos russos. Em carta aberta a Coe, Mutko disse que a Rússia atendeu a todas as exigências necessárias, incluindo uma reforma na sua associação de atletismo e a introdução de novos exames. "Atletas inocentes que dedicaram anos de suas vidas ao treinamento e que nunca buscaram ganhar qualquer vantagem por meio de doping não podem ser punidos pelas ações de outros indivíduos no passado", escreveu Mutko. O ministro afirmou ainda que, após a decisão, as Olímpiadas seriam diminuídas pela ausência de atletas russos. Durante fórum em São Petersburgo, Putin afirmou que "não há e não pode ver qualquer apoio a violações no esporte a nível estatal, incluindo o doping" e que não deveria haver punição coletiva para os atletas russos. Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov foi além: disse que "tudo em nosso poder para a defesa dos direitos de nossos atletas e equipe olímpica está sendo e será feito a nível legal". Ishibayeva, uma das atletas mais bem-sucedidas do país, disse que a decisão da IAAF viola direitos humanos. "Irei ao tribunal de direitos humanos", declarou. "Provarei à IAAF e à WADA que eles tomaram a decisão errada… A Rússia não ficará em silêncio." O vice-presidente do COI, John Coates, comentou na sexta que a agência anti-doping e corpo de atletismo eram "sujos até a alma". "Meu palpite é que eles teriam que provar que estavam sendo examinados regularmente fora da Rússia por alguma autoridade anti-doping, e que as amostras estavam sendo analisadas fora do país regularmente", afirmou. O país afirma estar sendo tratado injustamente, ao passo em que outros que também tiveram problemas com a WADA irão competir normalmente. A maratonista recordista britânica Paula Radcliffe disse a Reuters na quinta-feira: "Ninguém quer ver atletas inocentes sofrendo punições como essas, mas tamanho desrespeito pelo nosso esporte e pelo conceito de fair play devem gerar uma reação que deixe claro que isto não será tolerado". "A mensagem precisa ser alta e clara – não toleraremos trapaça em nosso esporte e reagiremos de forma a proteger os direitos de atletas honestos a competirem de forma justa", pontua. Tradução: Thiago "Índio" Silva