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Sexo

O filho de um ex-deputado fez um pornô gay caseiro se passando por ministro do governo Temer

A história nasceu durante a troca de governo e, admite o diretor, "talvez seja uma maneira de mostrar revolta e minha contrariedade com a política, psicologicamente falando".

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O presidente interino Michel Temer abraça o senador Aécio Neves na cerimônia de seu empossamento. Corta. A câmera mostra a fachada de granito vermelho do Ministério da Fazenda. Corta. Um ministro recém-alçado ao poder devassa a internet atrás de um garoto de programa que lhe apeteça. Corta. O homem que comanda a economia do país passa 20 minutos comandando o membro e os recôncavos de outro homem. Final feliz, para ambos os envolvidos.

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Este é o roteiro de Lucas e o Ministro, média-metragem pornô feito por um casal de uma zona rural na cercania de Brasília que espera ganhar dinheiro com uma fantasia sexual baseada no novo governo.

O ministro cênico atende pelo nome de Carlos Neher e conversou com a VICE sobre sua obra. O gaúcho, que completa 50 anos em setembro próximo, também roteirizou e dirigiu a peça, concebida, ele defende, em nome do amor.

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É que seu namorado e co-protagonista, Lucas Tom Ford, 25, decidiu recentemente vender seu corpo, empurrado pela pindaíba que assolava o casal. "Como eu não queria que ele se prostituísse, comecei a bolar vídeos eróticos, em que a gente faz amor, para ganhar dinheiro", conta Neher. Na ficção, Lucas interpreta um garoto de programa que cai nas graças do mandatário.

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As demais cenas que os dois tinham gravado juntos até então não envolviam política — nem roteiro tinham. A história nasceu durante a troca de governo e, admite o diretor, "talvez seja uma maneira de mostrar revolta e minha contrariedade com a política, psicologicamente falando".

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O filme foi gravado no último dia de maio. Foram várias horas de tentativas até se chegar à versão caseira (e sacana) de House of Cards. Isso porque houve cuidado nas atuações: a dupla seguiu o método criado pelo dramaturgo Bertolt Brecht. "Ele dizia: 'Tu sobe no palco e representa como quiser'. A gente fez assim, cada pedacinho de cena de 20 segundos. Daí parava e pensava em como fazer a próxima cena. Bem complexo", explica Carlos.

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Nasceram dessa espontaneidade as frases, como "Isso, goza no meu peitinho", que o ministro profere no quarto de um fictício hotel brasiliense — na verdade uma sala azulejada de um bordel de Luziânia, a cerca de 60 km da capital federal.

A reação da cidade planejada ainda não chegou ao ouvido dos protagonistas. A única repercussão, por ora, foi no WhatsApp de Lucas. "Ele não sai do telefone, recebeu centenas de mensagens, mas mais por causa de outro vídeo nosso, que está com 200 mil vizualizações", diz Neher.

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MAIS REAL (COM LOCAL) QUE A FICÇÃO

Os cineastas se consideram protegidos de processos por terem usado imagens dos homens mais poderosos do país numa obra pornográfica. Além de o filme começar com um letreiro que adverte "Um curta-metragem de ficção e sensualidade", há indicações de que a produção é mambembe. O laptop em que o ministro vê caras de cueca está com uma tecla faltando. As imagens têm um corte vertical, típico de câmeras de telefone, e há mais pixels do que pele à mostra.

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"Não tenho medo de processo", diz Lucas Tom Ford, "afinal, não tenho nada a perder". Além disso, ele acredita que um eventual imbróglio judicial "só ia gerar mais visualização".

Até porque sacanagem abunda na política real. Dois ministros do presidente interino já caíram em seu primeiro mês de mando (Romero Jucá e Fabiano Silveira foram afastados do Planejamento e da Transparência, respectivamente, por serem acusados de atos corruptos em delações premiadas da operação Lava Jato). Mas o titular fictício da pasta da Fazenda só faz subir.

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Até a manhã da quinta, 9, cerca de 7.000 brasileiros tinham visto a ficção erótico-política no site XVideos. As imagens ainda estão no blog de Lucas e foram postas no YouTube, mesmo com o risco de serem retiradas assim que o site ver a sacanagem que segue às cenas reais de discurso político.

Perguntado se de fato faria a um político o que fez com o parceiro de cena, Lucas afirmou que não conhece nenhum dos atuais ministros. "Mas, dependendo do cachê, eu ia com certeza."

Já Carlos tem mais traquejo com o mundo do poder. Seu pai é Bruno Neher, que foi deputado estadual pelo PTB na década de 1990, depois de ter alcançado a fama regional como cantor, com o sucesso "Vaquinha Preta" (cujo refrão: "Nós temos lá em casa uma vaquinha preta. Fora de série, tem cinco tetas" foi gravado até pelo Gaúcho da Fronteira). Antes de se dedicar ao pornô tinha feito vídeos educativos e é autor de livros como Socorro, Meu Deus! O Pesadelo das Drogas, que tenta convencer jovens a ficarem longe do tóxico usando uma abordagem espírita.

O casal ainda não sabe como vai lucrar com seu novo negócio. "Talvez com anúncios no nosso blog ou vendendo os direitos autorais das imagens. Eu confesso que não sei como o vídeo vai nos ajudar a sair da crise. Mas vai."

Procurada pela VICE, a presidência interina da república não respondeu se gostaria de comentar a obra de ficção.

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