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Free Pussy Riot!

Recentemente, a banda punk feminista russa Pussy Riot compareceu ao tribunal depois de realizar o protesto anti-Putin “Punk Prayer” na Catedral do Cristo Salvador em Moscou.

Recentemente, a banda punk feminista russa Pussy Riot compareceu ao tribunal depois de realizar o protesto "Punk Prayer” contra o Putin na Catedral do Cristo Salvador em Moscou. A igreja classificou Maria Alekhina, Nadezhda Tolokonnikova e Ekaterina Samutsevich como “pecadoras” pelo show, e elas foram presas por “vandalismo”. Se consideradas culpadas, a sentença pode chegar a sete anos de prisão, uma pena excessivamente dura considerando que nada foi quebrado na igreja e ninguém se machucou (só os sentimentos do Putin, talvez).

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Muitos manifestantes apareceram no julgamento para mostrar solidariedade, e 30 deles foram presos pela polícia russa. Esse episódio colocou os russos conservadores do lado da Igreja Ortodoxa e também demonstrou como o Estado e a igreja estão intimamente ligados na Rússia (se o fato da igreja ser imune a taxações e acusações judiciais já não fosse suficiente para indicar isso).

Fui até Notting Hill para bater um papo com os corajosos manifestantes que enfrentaram a chuva do lado de fora da embaixada russa em Londres.

Da esquerda para direita: Angela, Mineka e Jason Atomic

VICE: E aí, gente? Tudo bem com vocês hoje?
Mineka: Pessoalmente, estou aqui hoje porque estou cansada dessa merda toda que tenho ouvido sobre a Rússia ultimamente, como a legislação contra os gays. Isso é simplesmente inaceitável hoje em dia. Odeio a Rússia com paixão. Eu mesma sou de um país pós-soviético e minha bisavó foi mandada para o gulag por esses filhos da puta. Eles são meus inimigos históricos e não vou deixar eles saírem dessa facilmente.

E vocês dois? Eles também mandaram seus parentes para o gulag?
Jason: Estou aqui pra expressar minha solidariedade para com as minhas irmãs do punk rock.
Angela: Estou aqui porque sou contra a censura, especialmente ligada à religião, sexo e violência. Tem que haver liberdade de expressão.

Que mensagem de apoio vocês gostariam de mandar para as meninas do Pussy Riot?
Mineka: Não parem nunca, seja lá o que acontecer. Elas vão sair da cadeia em breve, e espero que em 2012 não saia nenhuma sentença de prisão perpétua na Rússia com relação a isso. Os garotos e garotas russos precisam sair às ruas com suas balaclavas. Não deixem esses desgraçados calarem vocês!
Angela: Não peguem leve!
Jason: O mundo está vendo e estamos do lado de vocês! Foda-se o Putin!

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Esse julgamento é o fim do Pussy Riot?
Mineka: É só o começo. Todo mundo vai ter uma balaclava no armário de agora em diante. Isso vai ser parte de uma revolução na moda, vocês vão ver o Galliano usando uma dessas nas passarelas muito em breve.
Jason: Elas são como a Hidra — você corta uma cabeça e surgem outras duas. Tudo o que precisa é uma pessoa cortando dois buracos numa touca e outra Pussy Riot nasce.

Vocês acham que as balaclavas são uma boa declaração de moda? Parece que não dá mais para usar uma dessas sem fazer algum tipo de declaração política, o que é meio que uma pena, porque quando eu era criança elas eram apenas outro aliado valioso e inócuo na batalha contra os elementos.
Mineka: Sim, acho que as balaclavas neon são um símbolo incrível, muito melhor que as máscaras do V de Vingança. Isso ficou muito batido, precisamos de um novo uniforme.

Depois de 30 minutos de conversa furiosa, que inadvertidamente atraiu olhares curiosos dos pedestres (uma boa porcentagem deles acharam que alguém estava distribuindo “Free Pussy”), um produtor chamado Mike Lerner apareceu diretamente de Moscou, onde esteve filmando o julgamento.

Como foi lá no tribunal, Mike?
Mike Lerner: Antes do julgamento, cerca de 30 manifestantes que foram até lá mostrar apoio ao Pussy Riot acabaram presos, juntamente com manifestantes cristãos que foram até lá jogar ovos no marido de uma das meninas. Eles não tiveram nem a chance de gritar ou dançar, a polícia foi pra cima deles logo de cara, foi uma coisa chocante. Eles prenderam até um cara que estava simplesmente do lado de fora do tribunal segurando um balão. Eu nunca tinha estado numa corte russa antes, mas é uma coisa brutal — eles têm uma jaula no meio da sala e as rés foram trazidas por uns oito guardas armados. Parecia que eles estava trazendo o Osama bin Laden — foi um exagero.

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Alguns dias depois disso, Mike e sua equipe filmaram um comício pró-cristão na Catedral do Cristo Salvador, onde a banda tocou seu Punk Prayer. Cerca de 10 mil pessoas compareceram para ouvir o discurso do Patriarca Kirill sobre “o ataque generalizado à igreja”.

O que o Patriarca Kirill disse no comício?
Mike: Ele não falou diretamente sobre o Pussy Riot, mas se referiu a distúrbios recentes e à mácula na igreja. Algumas pessoas trouxeram imagens avariadas de outras igrejas, como se isso tivesse alguma relação. É verdade que muitas igrejas foram vandalizadas recentemente, mas provavelmente umas 10 igrejas são vandalizadas toda semana, só que agora as pessoas estão prestando atenção. Eles querem fazer parecer que a igreja está sob um ataque mais vasto, mas não tenho muita certeza disso.

As Pussy Riot não foram formalmente acusadas nesse comparecimento recente ao tribunal. Quando elas finalmente ficarão frente a frente com um juiz?
Elas irão a julgamento em junho, então podem já ser sentenciadas ou ter que esperar mais dois meses — isso pode se arrastar por anos. A equipe jurídica delas está pessimista; o juiz disse que a banda incita o ódio à religião, e por isso elas não podem sair sob fiança. E pior, acontece que o juiz é um dos favoritos do Putin.

Mas vocês vão continuar lutando?
Claro que sim!

Para mais atualizações sobre o julgamento visite: freepussyriot.org

Anteriormente:

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