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Fui Assistir Meu Amigo Perder a Virgindade em Público

Lembra do Clayton Pettet? O garoto que, seis meses atrás, disse que ia perder a virgindade em público pela arte? Fomos uns dos poucos convidados à ver a performance e contamos tudo o que rolou.

Lembra do Clayton Pettet? O garoto que, seis meses atrás, disse que ia perder a virgindade em público em nome da arte? Depois que conversei com ele no final do ano passado, as notícias de sua performance ao vivo foram recebidas com um misto de admiração, nojo e confusão. Essa confusão se tornou mais acentuada quando ele revelou que seu parceiro também seria um cara, porque sexo hétero em público é uma coisa, já sexo gay no mesmo cenário é algo completamente diferente.

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Como se não fosse suficiente ter a ideia de perder a virgindade publicamente em nome da arte, o Clayton também brigou com uma pessoa que disse que sua ideia era plágio de uma conversa que eles tiveram quatro anos atrás (algo que o Clayton nega). Ele também ficou sob ataque do Movimento de Gays e Lésbicas Cristãos, com seu porta-voz dizendo a pior coisa que qualquer artista pode ouvir de uma organização crente: “Não entendo como [perder a virgindade em público] pode ser arte”.

Mas toda essa publicidade valeu a pena, porque a virgindade do Clayton provou ser uma das virgindades mais em demanda da história. Ele teve que vasculhar as cerca de 10 mil inscrições para peneirar 150 pessoas que ele queria que assistissem ao evento.

(Foto por Dan Wilkinson.)

As “pessoas certas” iam de estudantes padrão do St. Martins, de túnica preta e cabelo verde, a críticos de arte de meia-idade e gente que — de maneira chocante — parecia não dar a mínima para arte ou o conceito de Clayton, e que só queria ver bundas e pintos. Uma pessoa que trabalhava num documentário sobre o evento passava pelas fileiras perguntando as mesmas coisas que todo mundo já tinha se perguntado: “Isso é mesmo arte?” e “'Arte' é só um monte de gente fazendo fila na esperança de ver sexo anal?”.

Por fim, conseguimos entrar no local do evento e tivemos que entregar nossos celulares e qualquer outro aparelho de gravação. Os seguranças pareciam perplexos: “Acho um pouco estranho, mas arte é arte no final das contas”, um deles disse. Acabamos numa grande sala, com um bar no canto e cadeiras dispostas em frente a uma tela mostrando um vídeo em loop de bananas num cesto. Logo, o vídeo mudou para o Clayton, que observava uma montanha de bananas se formando ao redor dele. “O que será que as bananas significam?”, pensei alto. “São pênis, óbvio!”, respondeu alguém atrás de mim. Muito obrigado.

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De repente, o Clayton apareceu só de cueca e ladeado por duas pessoas sem camisa e com lenços cobrindo as cabeças — o que, em geral, é um sinal de que a arte vai começar. Os ajudantes seguravam cartazes em que se lia “VIRGEM ANAL” e “SHOW DE SEXO ANAL VIRGEM AO VIVO” e Clayton tinha vários sinais tribais desenhados no corpo. Ele ficou de joelhos e esfregou um líquido vermelho no corpo. Depois, outra pessoa chegou e começou a cortar o cabelo dele.

O público estava totalmente atento — principalmente porque todo mundo estava sem celular, mas também, porque o que estava acontecendo em nossa frente parecia uma pessoa no meio de um ataque de ansiedade (mais tarde, ele me explicou como esse processo representava ser purificado e a fetichização do jovem virgem). Depois do corte de cabelo, um dos mascarados foi escolhendo 20 membros aleatórios do público de cada vez e os colocou lado a lado, até que todos fossem separados em grupos. O que se seguiu foi uma longa espera, na qual um dos críticos de arte de meia-idade me disse: “Não entendi o significado disso ainda, mas quero pelo menos dar uma chance ao garoto”.

Não demorou muito para percebermos que toda essa espera e antecipação provavelmente tinha algo a ver com a espera e antecipação que experimentamos antes de perder nossa virgindade. Um mecanismo inteligente, porém, foi aí que o público entendeu que, muito provavelmente, não veria nenhum sexo com penetração. Ninguém pareceu muito chateado, mas também, esse seria um motivo meio escroto para dar um barraco.

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Seguindo nossos guias escada abaixo, fomos levados a uma sala coberta de pichações. Tudo que Clayton pichou nas paredes deveria representar as várias percepções do público sobre o show, então, havia coisas como “#tendênciavirgem” e “jovem, idiota e cheio de porra”. Todas as 20 pessoas ficaram paradas ali, se sentindo meio desorientadas, o que acho que era o objetivo.

Clayton em sua caixa de pintos-bananas.

Um por um, fomos levados para uma grande caixa rosa. Fiquei de joelhos e entrei no buraco do coelho, para encontrar Clayton, de cueca, cercado por bananas. “Você vai tirar minha virgindade oral”, ele disse, com um olhar maníaco de quem não dorme há várias noites. “Coloque a banana em minha boca oito vezes.”

Eu queria fazer uma piada ou sorrir pra ele — qualquer coisa que escondesse minha falta de jeito diante da esquisitice de ter um cara, que eu conheço faz tempo, pedindo para meter na boca dele com uma fruta. Mas fiquei paralisado por ver o quão vulnerável ele parecia, e quão focado ele estava em mim. Então obedeci, sem saber como lidar com a situação de outra maneira.

“Agora”, ele disse em seguida. Saí, sentindo que tinha feito algo errado. Eu queria ver ele perdendo a virgindade e fui eu quem acabou penetrando meu amigo. O público tinha conseguido, mais ou menos, o que queria, mas eu não me senti bem com isso.

Saí da caixa e fui confrontado com a arte física associada ao projeto, que ia de caricaturas grotescas a retratos bem legais de pessoas, muitos deles com textos satirizando a forma como vemos o virgem, assim como aquela coisa do “sexo pela fama”. Vi um cara que parecia ligeiramente deslocado entre os garotos da escola de arte. Ele se apresentou como Peter e me disse que estava “na lista de espera pelos ingressos, então, decidiu aparecer para ver o que ia acontecer”. Perguntei a ele sobre a arte, e ele disse que sentia que “as imagens são muito simples, mas acho que esse é o ponto”.

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Perguntei para uma garota o que ela achava, e ela disse que as bananas lembravam aquela coisa de “colocar camisinhas em bananas nas aulas de educação sexual. Minha mãe era quem dava essas aulas, então era muito estranho”. Perguntei quanto isso era diferente da experiência dela de perder a virgindade. “Bom, para mim o neegócio levou umas oito horas. Ele não conseguia ficar duro”, ela fez uma careta.

(Foto por Dan Wilkinson.)

Depois que todos entraram na caixa do Clayton, ele emergiu novamente para se despir cerimoniosamente, antes de sair correndo seguido pelas pessoas mascaradas. Depois, perguntei a ele sobre o que realmente foi sua performance. Ele me disse: “Você tinha que me penetrar e você sentiu a pressão de fazer isso. Foi isso que senti quando era mais jovem — a pressão e a espera envolvidos nisso”. Perguntei se ele faria sexo agora, já que já tinha feito isso mentalmente. “Não quero fazer sexo nunca — minha arte é minha sexualidade”, ele respondeu. “Isso foi o suficiente para mim pela vida inteira.”

Acho que algumas pessoas se desapontaram com a forma como a performance aconteceu, então, perguntei ao Clayton qual foi a reação das pessoas quando elas enfiavam a cabeça na caixa. “Havia prazer, ódio e, às vezes, diversão, mas, diversão do tipo: 'Há, há, olha só pra você!'. Foi algo bem sádico. Um cara segurou minha cabeça e enfiou a banana na minha garganta com muita, muita força.”

Perguntei se esse era o fim da carreira dele em arte performática e ele riu. “Quero morrer fazendo arte performática.”

@KeenDang