Os Gaviões da Fiel protestaram por uma 'CPI da Merenda' em frente à Assembleia Legislativa

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Os Gaviões da Fiel protestaram por uma 'CPI da Merenda' em frente à Assembleia Legislativa

Convocado na encolha, o ato pacífico reuniu cem pessoas para reivindicar investigações sobre os escândalos das merendas na rede pública estadual.

Os pratos brancos com macarrão, molho de tomate e arroz começam a se multiplicar. O relógio marca meio-dia quando uma, duas, cinco mesas são preenchidas por torcedores na quadra dos Gaviões da Fiel, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. A refeição é rápida. Quinze minutos depois, a organizada está preparada para mais um protesto nas ruas, dessa vez em frente à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

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Foto: Rodrigo Zaim/ R.U.A Foto Coletivo

Desde o começo do ano, a torcida tem feito manifestações fora dos estádios e levado faixas nas arquibancadas contra a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Federação Paulista de Futebol (FPF), Rede Globo e o deputado estadual Fernando Capez (PSDB), um dos principais opositores das organizadas e o presidente da Assembleia Legislativa do estado. O protesto foi chamado na encolha pela diretoria da torcida na quarta-feira (30) depois da partida contra a Ponte Preta. O plano era ir de ônibus fretado, mas uma lei municipal molhou as intenções dos torcedores: é proibido transitar sem autorização pela Zona de Máxima Restrição de Fretamento, que inclui a Avenida 23 de Maio e Avenida Brigadeiro Luís Antônio. O jeito foi lotar busão de linha mesmo.

Foto: Rodrigo Zaim/ R.U.A Foto Coletivo

Uma centena de torcedores embicou na Rua Sérgio Tomás por volta de 12h15 e seguiu a pé até a Avenida Rudge. Lá, se enlataram no ônibus de número 1500 com sentido à Praça do Correio. Dentro do coletivo, sob o olhar intrigado dos passageiros habituais, cantavam os hinos de protesto já comuns dentro e fora de campo. A torcida desembarcou no ponto final e seguiu por alguns metros até a Avenida Tiradentes para o segundo ônibus, o Metrô Jabaquara 175T.

Foto: Rodrigo Zaim/ R.U.A Foto Coletivo

Antes da manifestação, os torcedores se reuniram e a diretoria fez uma breve preleção. "Não é pra xingar ninguém individual, vai passar um assessor, um vereador. Não queremos treta, viemos aqui pra falar de Capez, CPI e merenda. São só essas ideias." Às 13h05 os Gaviões se aglomeraram em frente à porta principal da Assembleia Legislativa e começaram a cantar para uma plateia formada por meia dúzia de policiais militares e alguns funcionários da instituição. Parte dos trabalhadores apoiava o ato — um deles incitava os torcedores a entrarem na Casa. "Uni, duni, tê. Criança na escola não tem o que comer. Alô, alô Capez pode pagar pra ver. Os Gaviões chegou pra derrubar você", entoaram, antes de emendar o já clássico "Eu não roubo merenda, eu não sou deputado. Trabalho todo dia, não roubo meu Estado". Os cantos duraram meia hora.

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Foto: Rodrigo Zaim/ R.U.A Foto Coletivo

"A gente veio aqui hoje pelo que não vem sendo noticiado. Essa é uma pauta triste que não se fala. Está faltando merenda nas escolas", explica o diretor da agremiação Fabricio Pouseu. "Viemos pra cobrar a CPI da merenda e cobrar que os responsáveis sejam punidos e julgados."

Só para ficar claro: há uma investigação policial rolando neste caso do escândalo das merendas, inclusive nesta terça-feira (29) seis acusados foram presos, entre eles Leonel Julio, ex-presidente da Assembleia Legislativa. O que a torcida pede é uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), ou seja, uma investigação comandada pelo Poder Legislativo.

Com os punhos cerrados apontados para o céu, a torcida cantou o hino nacional e depois repetiu a dose de costas para a Assembleia Legislativa segurando uma faixa preta com os dizeres: "CPI da merenda já".

Foto: Rodrigo Zaim/ R.U.A Foto Coletivo

Fabricio faz questão de frisar a pacificidade do ato. "É bom lembrar que foi mais um protesto pacífico. Assim serão os nossos próximos protestos também. A nossa intenção é fazer o bem", falou.

Nas últimas partidas do Corinthians, porém, a paz não tem reinado. Os torcedores, não só os organizados, têm denunciado agressões policiais dentro e fora do estádio.

Foto: Rodrigo Zaim/ R.U.A Foto Coletivo

O bonde ocupou por pouco tempo uma das faixas da Avenida Pedro Álvares Cabral e deu a volta na Assembleia Legislativa. Um silêncio pairou quando os cem torcedores passaram pelas barracas dos intervencionistas, ali há mais de um mês. A tensão demorou longos segundos, mas logo se dissipou no ar.

Do mesmo jeito que apareceu, do nada, os Gaviões voltaram. Eles deixaram a faixa "CPI da merenda já" repousada num viaduto próximo ao parque do Ibirapuera, pegaram o busão na Avenida 23 de Maio até o Largo da Santa Cecília e andaram mais de três quilômetros até a sede. Os protestos, segundo prometem, não param por aqui.

Foto: Rodrigo Zaim/ R.U.A Foto Coletivo

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