Esta matéria foi originalmente publicada na VICE UK.Muito tempo atrás (em 2011), numa galáxia muito, muito distante (Inglaterra e País de Gales), 176 mil pessoas declararam sua religião como Jedi no censo nacional. É fácil ver isso como uma simples piada nerd nacional, tipo a história do Boaty McBoatface, mas olhando com mais atenção você descobre que nem todo mundo estava só brincando.A Igreja do Jediísmo, fundada por Daniel Jones em 2008, tem mais de 200 mil membros registrados e uma comunidade digital bastante ativa. Mais impressionante ainda, a igreja tem mais seguidores no Reino Unido que o rastafarianismo, o paganismo, humanismo e a cientologia juntos. E em 2017, a Watkins Media vai publicar um livro com as escrituras oficiais de Jones.Mas o que exatamente é a Igreja do Jediísmo? Um experimento questionando todo o conceito de religião ou um sistema válido de crenças? Liguei para o Cavaleiro fundador da organização para descobrir.VICE: Fale um pouco sobre o livro.
Daniel Jones: Vai ser parecido com um livro de escrituras, mas também é autobiográfico em parte. Nele eu discuto as bases de como cheguei à conclusão de escrever esses ensinamentos. Grande parte dele é sobre entender a espiritualidade do mundo moderno — uma religião para millennials.O que George Lucas e a Disney acham do livro?
A Disney é muito estranha — eles meio que disseram: "Você pode escrever o livro que quiser, é só não infringir o copyright". Então temos uma margem legal, mas eles não estão preocupados, a não ser que o livro venda 100 milhões de cópias, eles não vão se incomodar.Você pode explicar alguns dos princípios da Igreja do Jediísmo?
A ideia do livro é mostrar às pessoas que estamos vivendo numa bolha e que devemos nos livrar das normas sociais em que fomos obrigados a nos encaixar. É escapar dessa ideologia estranha de que as coisas são como são por um motivo. É acordar as massas para entender seu verdadeiro potencial.Em que outras religiões vocês se inspiraram?
Somos muito influenciados pelo budismo e teorias da nova era. Todas as religiões começam com uma semente, como uma entidade ou um poder maior. O Jediísmo foca em experimentar a vida em todo seu potencial em vez de esperar morrer, como as outras religiões dizem.
Apesar de o pastafarianismo ser uma boa piada e protestar contra as religiões do mundo moderno, não somos como eles. Não somos uma religião de protesto e levamos nossos ensinamentos a sério. Um jeito de explicar a relação é que você tem esse ensinamento se desenvolvendo que provavelmente já estavam aqui, mas que ninguém tinha pensado ainda. O livro quer mostrar o que é isso e como colocar em prática. Você pode ver isso como os Jedis do universo de Star Wars. O pastafarianismo queria irritar algumas pessoas, mas esse não é nosso objetivo. Queremos nos afastar de pessoas dizendo que o Jediísmo é faz de conta e usar o filme, que desenha um paralelo entre as duas coisas, para conectar pessoas através de algo que elas já conhecem.Muito do hype da mídia é tipo "tem um cara que acha que pode voar!", e isso é nonsense. A mídia pode dizer qualquer coisa — no final das contas isso nos ajuda a ganhar atenção do público e ajudar as pessoas a saberem mais sobre nós. Assim que as pessoas lerem o livro elas irão entender. O livro é muito acessível. Atualmente faço faculdade de Ciência e Química e estou escrevendo minha dissertação — e eu poderia ter escrito o livro de maneira mais complexa. Mas fizemos de um jeito que pessoas de qualquer origem podem ler o livro e entender. Queremos ser acessíveis para todo mundo, não só para algumas pessoas.Em termos de acessibilidade, obviamente você quer que o maior número possível de pessoas se definam como Jedis, mas muita gente deve ter respondido isso no censo como piada. Vocês encorajam as pessoas a escrever Jedi no formulário do censo? Ou isso prejudica os ensinamentos reais que vocês querem passar?
Não desencorajo; acho que é legal fazer isso se você acredita. Quer dizer, escrever "Jedi" [no censo] porque tem muito tabu cercando as religiões. As pessoas fazem isso porque estão perdidas e precisam de uma direção. Não acho que há algo de errado nisso. Na verdade, enviei e-mails para ajudar que isso acontecesse. Mas como você disse, só porque a pessoa colocou "Jedi" no censo não quer dizer que ela é realmente membro da igreja. Temos uma base de dados no nosso site agora, mas você pode simplesmente comprar o livro e praticar a religião em casa.O que você achou do Star Wars novo?
Amei. Achei perfeito, apesar de não ter gostado que o Han Solo morreu — mas o filme precisa ser épico e ter coisas incríveis acontecendo. Muita gente não gostou, mas achei muito bom, um verdadeiro filme Star Wars.O Jediísmo foca muito em otimismo. Por que devemos ser otimistas?
Você precisa ser otimista com tudo. O otimismo é muito importante porque criamos o universo que nos cerca. Se você sai por aí puto com tudo, você vai criar um mundo negativo. Se você está sempre com um sorriso no rosto e diz para as pessoas que as ama, isso vai beneficiar todo mundo de várias maneiras. O Jediísmo visa fazer com que as pessoas queiram dar seu melhor com uma atitude positiva; tudo acontece por um motivo, mas vamos aproveitar o hoje. Como Vivian Greene disse: "A vida é uma questão de aprender a dançar na chuva".Obrigado, Daniel.@kylemmusicTradução: Marina SchnoorSiga a VICE Brasil no Facebook, Twitter e Instagram.
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Daniel Jones: Vai ser parecido com um livro de escrituras, mas também é autobiográfico em parte. Nele eu discuto as bases de como cheguei à conclusão de escrever esses ensinamentos. Grande parte dele é sobre entender a espiritualidade do mundo moderno — uma religião para millennials.O que George Lucas e a Disney acham do livro?
A Disney é muito estranha — eles meio que disseram: "Você pode escrever o livro que quiser, é só não infringir o copyright". Então temos uma margem legal, mas eles não estão preocupados, a não ser que o livro venda 100 milhões de cópias, eles não vão se incomodar.Você pode explicar alguns dos princípios da Igreja do Jediísmo?
A ideia do livro é mostrar às pessoas que estamos vivendo numa bolha e que devemos nos livrar das normas sociais em que fomos obrigados a nos encaixar. É escapar dessa ideologia estranha de que as coisas são como são por um motivo. É acordar as massas para entender seu verdadeiro potencial.Em que outras religiões vocês se inspiraram?
Somos muito influenciados pelo budismo e teorias da nova era. Todas as religiões começam com uma semente, como uma entidade ou um poder maior. O Jediísmo foca em experimentar a vida em todo seu potencial em vez de esperar morrer, como as outras religiões dizem.
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Muitos críticos argumentam que o Jediísmo é um experimento ideológico, como o pastafarianismo, para ver até onde a tolerância pode chegar.Estamos vivendo numa bolha e que devemos nos livrar das normas sociais em que fomos obrigados a nos encaixar.
Apesar de o pastafarianismo ser uma boa piada e protestar contra as religiões do mundo moderno, não somos como eles. Não somos uma religião de protesto e levamos nossos ensinamentos a sério. Um jeito de explicar a relação é que você tem esse ensinamento se desenvolvendo que provavelmente já estavam aqui, mas que ninguém tinha pensado ainda. O livro quer mostrar o que é isso e como colocar em prática. Você pode ver isso como os Jedis do universo de Star Wars. O pastafarianismo queria irritar algumas pessoas, mas esse não é nosso objetivo. Queremos nos afastar de pessoas dizendo que o Jediísmo é faz de conta e usar o filme, que desenha um paralelo entre as duas coisas, para conectar pessoas através de algo que elas já conhecem.Muito do hype da mídia é tipo "tem um cara que acha que pode voar!", e isso é nonsense. A mídia pode dizer qualquer coisa — no final das contas isso nos ajuda a ganhar atenção do público e ajudar as pessoas a saberem mais sobre nós. Assim que as pessoas lerem o livro elas irão entender. O livro é muito acessível. Atualmente faço faculdade de Ciência e Química e estou escrevendo minha dissertação — e eu poderia ter escrito o livro de maneira mais complexa. Mas fizemos de um jeito que pessoas de qualquer origem podem ler o livro e entender. Queremos ser acessíveis para todo mundo, não só para algumas pessoas.
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Não desencorajo; acho que é legal fazer isso se você acredita. Quer dizer, escrever "Jedi" [no censo] porque tem muito tabu cercando as religiões. As pessoas fazem isso porque estão perdidas e precisam de uma direção. Não acho que há algo de errado nisso. Na verdade, enviei e-mails para ajudar que isso acontecesse. Mas como você disse, só porque a pessoa colocou "Jedi" no censo não quer dizer que ela é realmente membro da igreja. Temos uma base de dados no nosso site agora, mas você pode simplesmente comprar o livro e praticar a religião em casa.
Leia também: "Por que nerds são tão sexistas?"
Amei. Achei perfeito, apesar de não ter gostado que o Han Solo morreu — mas o filme precisa ser épico e ter coisas incríveis acontecendo. Muita gente não gostou, mas achei muito bom, um verdadeiro filme Star Wars.O Jediísmo foca muito em otimismo. Por que devemos ser otimistas?
Você precisa ser otimista com tudo. O otimismo é muito importante porque criamos o universo que nos cerca. Se você sai por aí puto com tudo, você vai criar um mundo negativo. Se você está sempre com um sorriso no rosto e diz para as pessoas que as ama, isso vai beneficiar todo mundo de várias maneiras. O Jediísmo visa fazer com que as pessoas queiram dar seu melhor com uma atitude positiva; tudo acontece por um motivo, mas vamos aproveitar o hoje. Como Vivian Greene disse: "A vida é uma questão de aprender a dançar na chuva".Obrigado, Daniel.@kylemmusicTradução: Marina SchnoorSiga a VICE Brasil no Facebook, Twitter e Instagram.