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Participe do levantamento global de drogas 2017

A pesquisa que está disponível em português procura entender melhor como as drogas se manifestam na nossa sociedade.

Fotos via usuários do Flickr neur0nz, Valerie Everett e Dr. Brainfish.

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE Canadá.

2016 foi um ano notável e, na mesma medida, complicado para as drogas no Canadá. O país está prestes a legalizar a cannabis para fins recreativos, mas enfrenta também uma crise de opiáceos. Como drogas recreativas estão sendo contaminadas com fentanil, muita gente que usa substância psicoativas casualmente enfrenta o que pode ser a época mais perigosa para consumir drogas. Aprender o básico sobre redução de danos é muito importante hoje, mas outra coisa que os canadenses — e muitos outros países — deveriam fazer é contribuir com a coleta de dados que pode ajudar a entender melhor como as drogas se manifestam na nossa sociedade.

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É aí que entra o Levantamento Global de Drogas, com quem a VICE Canadá faz parceria este ano. A pesquisa — que está disponível também em português — é anônima e confidencial, e é a maior sobre padrões de uso de drogas no mundo. Este ano, na sua sexta interação, a Levantamento Global de Drogas espera atingir 150 mil participantes do mundo todo. É uma pesquisa incrivelmente importante, e provavelmente vai tomar só 20 minutos do seu dia.

CLIQUE AQUI PARA FAZER O LEVANTAMENTO GLOBAL DE DROGAS EM PORTUGUÊS

A VICE falou com o fundador do levantamento, Dr. Adam Winstock, para perguntar como será a pesquisa deste ano. A entrevista foi editada para maior clareza.

VICE: Admiro muito o Levantamento Global de Drogas e respondi a pesquisa ano passado. O que mudou este ano?
Adam Winstock: A primeira coisa é o formato — é uma nova plataforma, então você pode preencher a pesquisa no smartfone ou tablet. Segundo, agora ela é dividida numa pesquisa central (que leva em média 20 minutos para a maioria das pessoas) e no final dela, você pode optar por responder tópicos mais específicos.

Quais são esses tópicos específicos?
- Sobre a reforma nas leis cercando a cannabis — perguntamos para um quarto de milhão de usuários de maconha como eles gostariam que a cannabis fosse regulamentada em seu país.

- Uso medicinal da cannabis

- Uso de vaping — não no caso da maconha, mas de outras drogas como 2-CB, metanfetamina, DMT, etc.

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- Psicodélicos

As pessoas podem escolher as seções que querem responder. Esperamos que seja mais fácil e rápido que nas pesquisas anteriores… Agora temos uma submissão contínua de dados; mesmo se a pessoa desistir da pesquisa no meio, vamos reter os dados dela.

Quantas pessoas responderam o Levantamento Global de Drogas no Canadá ano passado?
Provavelmente em torno de 1.500… Essa é uma hora muito boa para coletar essa informação como base para as reformas nas leis de cannabis, tanto medicinal como recreativa, no Canadá.

Há uma seção de opiáceos? Atualmente o Canadá está passando por uma crise de saúde pública causada por esse tipo de droga.
Nos últimos três anos fizemos uma grande seção de drogas prescritas e abuso delas, mas deixamos isso de fora este ano… Teremos dados sobre o nível de uso de opiáceos prescritos, mas não com todas as coisas que tivemos ano passado. Vamos voltar com as drogas prescritas ano que vem, mas este ano, a parte mais relevante está na seção de cannabis medicinal. Estamos perguntando qual o efeito da cannabis medicinal em outros tratamentos e medicações, como os opiáceos.

Você mencionou questões sobre o estigma do uso de drogas na pesquisa deste ano. Fale um pouco mais sobre isso.
Estamos interessados particularmente em conseguir uma base. Estamos perguntando quem sabe que você fuma: família, colegas de trabalho, amigos, etc. Você precisa esconder que fuma? O que queremos saber é se quando mudarmos as leis de drogas, isso vai reduzir o estigma ou não. Isso vai facilitar que as pessoas procurem ajuda? Não sabemos ainda, mas ter uma base sobre o assunto será muito útil para rastrear o impacto da reforma nas leis de cannabis em coisas com aumento na procura do tratamento e diminuição do estigma.

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Fale mais sobre a seção de drogas e vaping.
Conseguimos muitas respostas sobre óleo de haxixe (o BHO) antes… Este ano, queremos ir além e ouvir sobre as outras drogas que as pessoas estão usando assim. Queremos saber quanto o vaping está mudando o que as pessoas usam e como usam. Quando menciono isso, as pessoas sempre me dizem "Ah, você pode fazer vaping com outras coisas além da maconha?" e eu digo "Claro!" Então fizemos basicamente um guia do vaping, mostrando a ciência por trás disso. O que faz uma droga poder ser consumida assim? Nem todas podem.

O que vocês têm na seção de psicodélicos?
Essa seção foi feita em colaboração com pesquisadores de psicodélicos em Londres e com a MAPS. Estamos procurando três coisas aqui. Queremos saber sobre microdosagem com LSD e cogumelos: Com que frequência as pessoas usam isso? É um método eficiente? Mais importante, como você faz a microdosagem com LSD? Acho que a resposta será basicamente tentativa e erro; você consegue seu comprimido, coloca na água e torce para não tomar demais.

Usamos um bom espaço para a ayahuasca este ano. Quais são as experiências das pessoas com a ayahuasca? Em particular, onde as pessoas vão para usar a droga? Quanto pagam? Elas passam por uma triagem de problemas mentais antes de tomarem o chá? Claro, para algumas pessoas a ayahuasca é uma experiência maravilhosa que pode mudar sua vida. Também acho que a droga é uma desculpa para gente de meia idade ficar loucona… Também queremos saber como o uso de psicodélicos muda conforme as pessoas envelhecem.

A parte final é uma tentativa de chegar ao fundo do que as pessoas chamam de "bad trip". Queremos tentar entender a diferença entre uma experiência difícil e uma realmente ruim. Muita gente tem dificuldades quando usa drogas, mas para muitos isso é algo transformador, um crescimento. Queremos que as pessoas identifiquem com que frequência têm experiências difíceis com psicodélicos e como elas lidam com isso. Mais importante, o que elas chamam de "bad trip"? Espero que possamos ver que muita gente tem experiências negativas quando usam drogas, mas que no geral, isso não é o mesmo que uma bad trip. Acho que bad trips são mais raras.

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Tradução: Marina Schnoor

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