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Música

Lurdez da Luz Se Entrega ao Beat de Festa em Novo Disco; Ouça e Baixe um Som Exclusivo

Entre três brejas e quatro empanadas ela falou sobre o projeto, a carreira solo, o rap, sobre ser mina na cena, o Mamelo Sound System, entre várias outras paradas.

Gana Pelo Bang, o segundo disco solo da Lurdez da Luz, tá pesadíssimo. Essa é a primeira coisa que você precisa saber neste post. Entre três brejas e quatro empanadas ela falou sobre o projeto, a carreira solo, o rap, sobre ser mina na cena, o Mamelo Sound System, entre várias outras paradas.

Aos 35 anos a cantora assina a direção musical do álbum, que tem os beats de Leo Justi, Leo Grijó e Nave, e bebe profundamente no trap e na bass music. O lançamento será no dia 30 de agosto, no Sesc Belenzinho, em São Paulo.

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Então se liga que aqui é na bolinha, fio. É ping pong.

Clique aqui para baixar “Mente Ae”, de Lurdez da Luz (botão direito, salvar como)

Como foi lançar o primeiro disco solo?
Depois do primeiro disco eu fiquei só fazendo show, pensando em como isso ia ser ao vivo, fazendo umas participações e não tinha pensado como ia ser o meu segundo. Não tinha uma ideia muito clara, mesmo porque o primeiro eu já não esperava muito que eu teria tanta demanda. Eu tinha um pensamento meio undergroundzinho memo.

Esse é o seu segundo. O que mudou do primeiro pra esse?
Eu tava escutando outras coisas e querendo mudar esteticamente. E também a forma de eu me expressar na escrita. Essa parada foi rolando espontaneamente. Até eu chegar no resultado final demorou um pouco pra como essas minhas novas influências e esse novo resultado que eu tava querendo passassem pelo meu prisma e não fossem só uma apropriação leviana.

O que você queria para esse projeto?
Da parte instrumental, de produção, eu queria fazer um disco baseado em bass culture, em beatzão que é pra festa. A gente pode pensar em pista, mas pode pensar em outros tipos de festa também. Pode ser num sound system, pode ser na festa de Réveillon. Tá, misturei o beatzão com a lírica. As coisas mais poéticas e mais abstratas ficaram de fora.

As letras também deram uma diminuída, né?
Acho que não é nem só em tamanho. Ficou mais papo reto, uma coisa mais pragmática. Eu não me deixei guiar só por uma abstração, pelo meu lado mais lúdico.

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E o que você mudou de 2010 pra cá?
Acho que eu fique um pouco mais prática. Artisticamente eu tinha uma parada de me refugiar. Aquilo era como a minha casinha na árvore. E agora já não é mais. Eu vou pra guerra, pro enfrentamento. Eu sinto mais isso. Eu era mais menina, agora tô mais mulher.

É foda viver de música?
É uma coisa louca, porque você pega e investe um valor que seria da entrada da sua casa num disco que você não tem a menor ideia se vai virar. Ao mesmo tempo te sustenta depois por mais alguns anos.

Você é uma das MCs que mais transitam por outros ritmos. Como rola isso? Você gravou com o Garotas Suecas, Kiko Dinucci. Tem a música com o 3 Na Massa. Como rolou isso?
Garotas Suecas eu nunca tinha ouvido, aí a [tecladista] Irina me mandou a música e eu falei: “nossa, que música bonita, mano”. Uma base linda, os dois cantando juntos. Isso me inspira sem dúvida nenhuma. A parceria com o Kiko foi muito legal também em “Ziriguidum” e numa parceria dele com o Eduardo Brechó, “Sambaúba” eu acho bem louco. Essas paradas com o Aláfia também foram bem legais, porque foi um lance mais de compositora. E o 3 Na Massa foi a primeira coisa que eu fiz para começar a saber que caminho eu ia trilhar de som. Foi muito legal.

No palco você tem um lance bem magnético e sexy. Como faz para isso ser natural?
A coisa mais importante é estar ali. E até essa parada de figurino. Todo mundo prefere que você seja gata, que você esteja bonita. Tem que ser uma coisa que as mulheres queiram usar e que os homens achem “como ela é gostosa”. Mas aí tem alguma outra coisa que me faz pensar no que expressar além disso. Não basta estar gata.

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Você é bem respeitada no rap. Como é ser mulher nessa parada?
Não existe aquela coisa simbiótica de tanta interação, mas acho que existe muito respeito de ambas as partes. Como são menos mulheres você tem a vantagem de ter sempre essa cota a ser preenchida nos eventos. E tem a questão de quem faz legal acaba se destacando mais, porque tem muito menino rimando muito bem a cada esquina e que foda-se, não vai viver disso. Mas existe uma outra parada que é aquele sexismo de como as coisas se dão. Acho que existe um julgamento muito mais pesado.

Com a sua carreira solo você se sentiu mais exposta do que quando subia no palco com o Mamelo?
Muito menos protegida. Aí você aprende que não é só música, é muito mais. Eu não entendia isso. Com o Mamelo eu não fazia nada, só tinha que tá no palco pra cantar, sei lá, me vestir, me arrumar, postar uma coisinha. Era uma coisa muito sossegada.

Qual a importância do Mamelo para a sua formação?
A formação. Eu mudei muito com a parada de ouvir som por você mesmo, romper limites de preconceito, de bom gosto ou mal gosto. É querer fazer um disco mais cru, com uns timbres mais bagaceiras e não conseguir. Aí quando você vai ver tem 80 canais mesmo sendo beat e voz. É tudo culpa do Mamelo.

E você já ouviu alguma bosta em show?
O máximo que eu já ouvi é esse negócio de gostosa no meio do show. Nada demais. Só que eu sei que existe muito mais dificuldade em lidar com isso pros caras do que se eu fosse uma menina mais maninho ali. Quando você não quer ser a melhor amiga de todos os caras é que a coisa começa a complicar.

E entre a galera que produz, qual a dificuldade?
Os caras não levam tão a sério nunca como levam os trabalhos deles ou como o trabalho de homem mesmo. Eles sabem que é foda, eles gostam, eles precisam, eles se alimentam, mas eles não cumprem prazo, têm medo, aí não querem se associar. É muito complicado.

Mas tem alguns caras que já romperam essa barreira, como por exemplo os caras que trampam com vocês, né?
Sim, as coisas realmente tão mudando. Eu vou tocar em lugares que só tem mais moleque de bombeta mesmo, novo. Eles vão cumprimentar depois. Moleque com camiseta do Facção Central pedindo para tirar foto e isso aí é muito louco.

Baixe o Gana Pelo Bang aqui.