​Nudez e Música é a combinação de ouro da Alle Manzano

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Sexo

​Nudez e Música é a combinação de ouro da Alle Manzano

A exposição do projeto “Toque-Me”, unindo os dois temas, inaugura hoje (18) no Teatro da Garagem

Todas as fotos são cortesia da fotógrafa.

Nudez. É gostoso demais falar sobre esse tema. E é uma felicidade enorme constatar que, cada vez mais acessível, essa temática é abordada por diferentes pessoas, dentro de seus específicos desmembramentos artísticos e profissionais (valeu, internet). Mas, apesar de ser um assunto discutido e relativizado com certa intensidade nos dias de hoje, o que se percebe é que existe um certo padrão imagético atual na hora de registrar o nu feminino, especialmente por fotógrafos emergentes e amadores, quando falamos sobre fotografia no Brasil. Gente muito foda, como o Haruo Kaneko, flertam com essa tendência.

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Claro que há casos que rompem essa regra, mas esse movimento estilístico tem demonstrado muita força. Garotas bonitas, magras, que estão experimentando como modelo, saindo de suas conchas de timidez; iluminadas por uma luz natural suave ou talvez um flash localizado, com tons fortes de contraste e sombra. E pouca pós produção.

Esse padrão, essa forma de contar essa linda e despida história, tem seus expoentes. E uma dessas grandes influências é a Alle Manzano. Com oito aninhos de profissão, a fotógrafa soma projetos envolvendo o nu feminino. E hoje (18) comemora a inauguração de uma nova exposição, do projeto "Toque-me", onde apresenta 16 mulheres com 16 instrumentos musicais - entre elas, Vivi Seixas, filha do Raul Seixas. A ideia era mesclar a noção do toque feminino com o toque instrumental, mas vou deixar ela explicar o conceito por trás do projeto, com suas palavras, esta (linda) entrevista que concebemos:

VICE: Há oito anos, como começou seu contato com a fotografia?
Alle Manzano: Na verdade nunca pensei em me formar em outra profissão. Nunca senti tesão em nada além da fotografia, tanto é que só fiz faculdade quando realmente podia bancar meus equipamentos. Meu olhar é fotográfico e tudo que vejo vira fotografia, num cotidiano comum eu congelo cada passagem em movimento perante meus olhos. Assim comecei a fazer o que sempre amei.

Quais são suas referências e principais influências?
Sou fanática pelos trabalhos dos fotógrafos Irving Penn, Helmut Newton,Terry Richardson, Diane Arbus e Francesca Woodman.

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E quando você começou a experimentar com a nudez?
Comecei minha carreira fotografando DJs e na pista das casas noturnas tinha curiosidade em saber como seriam as casas deles fora das pick-ups. Nesses ensaios sempre tem DJs lindas e eu sentia o desejo de ousar, fazer algo mais sensual, mas não fazia sentido utilizar o nude num ensaio de DJs. Então comecei buscar mulheres que tinham essa vontade de posar e foi rolando. Amo o nu, amo a força que ele tem quando observado.

Onde você encontra essas mulheres para fotografar?
A grande maioria das mulheres por indicação e por Facebook.

Por que essa relação com os instrumentos musicais no projeto "Toque-me"?Qual a relação com o toque feminino?
Sou apaixonada por música e, como sempre, penso nos meus projetos na madrugada tomando bons drinks, rs. Numa determinada madruga ouvindo um som que amo, pensei na sensação que a música me trazia naquele momento e refleti. O toque da humanidade deveria ser assim, esse arrepio e essa dimensão que a música te proporciona quando escutamos um bom som. Aí veio a ideia de ser "Toque-me" o nome da exposição, "me toque como um músico toca um instrumento", com sinceridade, serenidade e prazer absoluto. A música tem um poder enorme de te tranquilizar, de te deixar em êxtase e até mesmo de te ajudar a se enfurecer se já esta nervoso. É possível entrar na vibe dos mais variados sons.

A partir da concepção da ideia do projeto, como você desenvolveu as fotos? Qual foi o critério na escolha das meninas e dos instrumentos?
Não existe um critério a risca para selecionar as meninas. Geralmente lota o meu perfil do face, então as mulheres que não consigo fotografar num determinado projeto, acabam ficando para uma próxima exposição mas sempre faço questão que todas q se candidataram consigam participar. Em relação aos instrumentos busquei os toques mais variados para casar com a proposta da expo. Foi a parte mais difícil pois são 16 instrumentos, então precisei entrar em contato com músicos para fazer esses empréstimos.

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Como você descreve esteticamente o seu trabalho? Existe um certo padrão nas suas fotos, uma linguagem comum que caracteriza suas fotos. Como você desenvolveu esse formato? Digo, em termos de luz, contraste, enquadramento?
Meu trabalho é feito na luz natural, na luz do dia, no sol da tarde, com mulheres comuns que se entregam a cada projeto. O nu é uma libertação, então tento passar da forma mais tranquila possível tanto para a mulher que posa quanto para o publico que vê. Não utilizo nenhum tipo de iluminação, tochas, softbox, sombrinha, refletor, as vezes uso rebatedor e tento deixar a pele da modelo mais limpa possível para não fazer muita edição. Quando saio para fotografar levo apenas a minha câmera, nada mais! É possível realizar um lindo trabalho com uma luz natural. Sendo assim a edição é minima e sem Photoshop.

Bom, a exposição está pra acontecer e o ano vai virar em alguns dias. Você já tem planos pra 2016?
A minha próxima exposição será com nu de casais. O nome será AMEM (SI) porque acredito que ainda falta quem se entrega para um parceiro de verdade, ainda falta o amor próprio e quero reverenciar as mulheres mais uma vez. Quero deixar claro nesse próximo projeto que ser mulher é ser única mesmo sendo a dona de casa, a obesa, a evangélica, a tatuada, a descolada, a tímida, todas as mulheres são capazes de se amar muito mais a si mesmas do que o parceiro. Ame-se e depois entregue-se.

Valeu pelo papo, Alle!

E pra você não perder a festa de inauguração da exposição de jeito nenhum, que contará com intervenções dos escritores Fábio Chap e Zack Magiezi, se liga nas informações:

Teatro da Garagem
Rua Silveira Rodrigues, 330a
das 19h às 23h

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