O Triunfo da Vontade: Ser Nazista no Lugar Errado

Até no canto mais esquecido da Terra é possível encontrar algum maluco pregando as ideias de Adolf, ajustadas sem muita complexidade para se adaptar mais ou menos a seus concidadãos e a seus interesses próprios. Olhe só os cinco partidos nazistas mais...

Por Juanjo Villalba

10.4.13

Sempre quis fazer um desses testes de DNA que supostamente dizem de onde vêm seus ancestrais. Confesso que adoraria ter raízes exóticas — quanto mais rebuscadas e variadas, melhor. E a verdade é que eu ficaria bem puto se me dissessem que minhas origens genéticas chegam até o ano 20.000 a.C. na mesma terra onde nasci — acharia um puta saco o rolê dos meus antepassados.

Na Espanha isso seria bastante complicado, já que ao longo da história passaram por aqui povos das mais variadas cores de pele. Qualquer um tem sangue celta, ibérico, grego, romano, árabe e germânico. Por isso, falar de uma raça espanhola pura é tão absurdo, assim como fundar um partido para defender tal pureza é algo tão sensato quanto ficar chorando porque você gosta muito de gatinhos.

Mas os nazistas espanhóis não estão sozinhos em sua ingenuidade e absurdo. Até no canto mais esquecido da Terra é possível encontrar algum maluco pregando as ideias de Adolf, ajustadas sem muita complexidade para se adaptar mais ou menos a seus concidadãos e a seus interesses próprios. Olhe só os cinco partidos nazistas mais inesperados que encontramos por aí.

Partido Nazista Mongol

Neste caso, a palavra "mongol" faz referência àqueles originários da Mongólia, não me levem a mal. A verdade é que não se pode dizer que haja um "partido nazista" na Mongólia, mas há não muitos anos existem vários grupos neonazistas muito ativos por lá, como o Tsagaan Khass ou o White Swastika, que defendem a pureza de sua raça principalmente diante da quantidade crescente de homens de nacionalidade chinesa que viajam para fazer negócios e viver no país. A maior preocupação desses moleques é a possibilidade das mulheres de seu país se relacionarem com homens estrangeiros, sobretudo chineses. Por isso, eles realizam batidas frequentes em hotéis e prostíbulos de Ulan Bator, a capital do país, raspando a cabeça de prostitutas que transam com chineses. Eles também já atacaram pessoas da comunidade gay.

É claro que eles negam qualquer relação com os nazistas, apesar de andarem coalhados de suásticas, que alegam ser um antigo símbolo oriental. Nada mencionam sobre as águias, cruzes de ferro ou a saudação com o braço levantado.

Partido Social-Nacionalista Sírio

O objetivo desse partido é o estabelecimento de um grande estado sírio formado pela área que hoje compreende Síria, Líbano, Iraque, Jordânia, Israel, Palestina, Chipre, Kuwait, a Península do Sinai, o sudeste da Turquia e o sudoeste do Irã.

Ele foi fundado em 1932 em resposta ao colonialismo francês, em pleno auge do fascismo na Europa, e seus ideais foram muito influenciados pelas ideias de Hitler e Mussolini. Apesar de ter sido proibido e muito perseguido no passado, o partido está presente atualmente em vários países da região da Síria, Líbano, Jordânia e Palestina.

Os porta-vozes do partido sempre negaram suas influências fascistas, declarando que não são nacional-socialistas, e sim social-nacionalistas (nada a ver); que as semelhanças de sua bandeira e de seus símbolos com os dos nazistas não existem; e que os jovens partidários que se reúnem em grandes concentrações e recebem formação paramilitar, não passam de escoteiros mirins.

Patrol 36: Nazistas de Israel

Sempre achei que, quando um partido nazista fosse fundado em Israel, as normas da lógica explodiriam e algo grande aconteceria, tipo a volta dos que já foram ou a transformação da Coca em Pepsi. Nada disso. No ano de 2007, foi detido um grupo de pessoas que se dedicavam a destroçar sinagogas, pintar suásticas e espancar judeus ortodoxos, homossexuais, trabalhadores estrangeiros, viciados e vagabundos nos arredores da estação central de Tel Aviv — atividades que eles, para facilitar o trabalho da polícia, registraram em vídeo.

Era um grupo de jovens de 18 a 21 anos, todos de origem russa, que viviam em Israel graças à Lei de Retorno, uma legislação que permite que judeus ou seus descendentes até a terceira geração migrem para Israel e obtenham a nacionalidade de lá. Um deles é descendente de sobreviventes do Holocausto.

Social Nacionalismo do Peru Andino

O figura no centro da foto é Martin Quispe, pequeno empresário de Lima, fundador e dirigente desse movimento obcecado com a ideia de que a culpa por tudo é dos judeus, apesar de apenas 0,01% da população do país se definir assim.

Quispe é o oitavo filho de uma família muito humilde, que não teve oportunidade de estudar. Mesmo assim, quando menino, caíram em suas mãos vários livros que o levaram a fundar esse partido dez anos atrás. Seus primeiros seguidores foram bêbados, viciados e vagabundos que ele recolhia das ruas para oferecer comida e abrigo em troca de deixarem-se convencer por suas ideias antissemitas.

Apesar de ser contra o judaísmo, Quispe diz que não é racista e que Hitler também não o era. Ele nega o Holocausto e diz que tudo isso foi uma invenção dos meios de comunicação, que são controlados por judeus.

Contrariamente ao que ocorre a muitos grupos nazistas, que tentam passar despercebidos, os seguidores de Quispe saem todos os dias às ruas vestidos com seus uniformes para vender livros, camisetas e DVDs do movimento.

Partido Nacional Bolchevique

Muito embora um dos maiores orgulhos da União Soviética tenha sido a derrota do nazismo, os caras do Partido Nacional Bolchevique ou Nazbol traem esse marco sem a menor cerimônia. Seu ideário é uma mistura de ultranacionalismo radical com um ódio obstinado pelo capitalismo. Eles defendem a criação de uma Grande Rússia, formada basicamente por todos os países da Europa e alguns da Ásia, para fazer frente ao capitalismo.

Devido a seus atos de vandalismo e principalmente depois do assalto que realizaram ao Ministério de Finanças em Moscou, o partido tornou-se ilegal. Nada que tenha impedido seus líderes de formar um novo partido chamado "A Outra Rússia" e de conseguir se apresentar nas últimas eleições. Um de seus líderes é o enxadrista Gary Kasparov.