O Vibrador Através das Eras

Ilustração por Penelope Gazin. 

Contrariando todas as expectativas, São Francisco não tinha um museu devotado aos vibradores antigos até 2012. Essa omissão absurda foi consertada por Carol Queen, sexóloga residente da cadeia de sex shops Good Vibrations e autora de artigos acadêmicos tanto sobre sexualidade como sobre erotismo. O lugar leva o nome da cadeia de sex shops. Ela também é a estrela de Bend over Boyfriend, uma série de vídeos instrucionais sobre “pegging”, a elaborada arte da mulher atrelar um pênis falso sobre o púbis e meter esse consolo no ânus de um homem disposto. Como você pode ver, a Carol não fica só de brincadeira quando o assunto é sexo: especialmente quando envolve aparatos que você enfia dentro de si mesmo ou dos outros. Então, não é surpresa que ela tenha aberto um espaço físico que celebra um dos avanços tecnológicos mais importantes do milênio passado: o vibrador.

VICE: Como você teve a ideia de abrir um museu dedicado aos vibradores?
Carol Queen: Joani Blank, a fundadora da Good Vibrations, já colecionava vibradores antigos e os deixava em exposição na loja desde o início. Isso se tornou popular e as pessoas começaram a nos dar mais vibradores, e também adquirimos alguns pelo eBay. Acabamos com tantos que decidimos devotar um espaço a eles e tornar a coisa toda oficial.

Os primeiros vibradores datam da década de 1880. Que tipo de material as pessoas enfiavam em si mesmas naquela época? Lenha?
Na verdade, naquela época os vibradores não eram para ser enfiados em nenhum lugar. Os vibradores eram feitos para o clitóris, que tem terminações nervosas especiais para sentir apenas aquela sensação. Claro, algumas mulheres certamente gostam de usá-los vaginalmente e existem pessoas de todos os gêneros que adoram a vibração anal, mas os vibradores antigos eram todos feitos para o estímulo clitoriano. Naquela época, eles achavam que a vibração podia curar praticamente tudo, e isso com certeza melhora o fluxo sanguíneo. Também havia os consolos usados para inserção. Já li descrições sobre consolos de couro, borracha e madeira que datam do século 19 e antes ainda, mas eles não eram, até onde sabemos, usados por médicos.

Espere um pouco. Desde quando os médicos usam vibradores em pacientes fora de filmes pornôs de fetiche?
No meio e final do século 19, eles eram usados por médicos para curar histeria, uma condição que respondia bem ao “paroxismo histérico de alívio” – o que chamamos hoje de orgasmo. Mesmo antes dessa época, já existiam vibradores hidráulicos e movidos a manivela. Mas na virada do século XX, com mais casas tendo acesso à eletricidade, esses aparelhos se tornaram disponíveis para as pessoas. Eles passaram a ser usados num contexto francamente sexual nos filmes pornôs dos anos 1920. Esse foi o começo do fim do uso por médicos e mesmo da própria noção de histeria, que foi retirada dos livros de medicina em 1952.

Qual é a peça mais impressionante da coleção do museu?
Meu achado mais fantástico foi um vibrador pneumático que funciona a gás comprimido. Ele precisava ser ligado a um tanque de gás do tipo usado em furadeiras pneumáticas de construção. É claro que esse aparelho não fez muito sucesso.