Kafka, Bataille, Deleuze, Coetzee, Derrida e Guimarães Rosa levaram João Castilho a repensar a divisão homem/animal. Uma onça na sala, um tatu na gaveta e teius andando pelo sofá: suas fotografias embaralham as posições e questionam onde nos localizamos enquanto homens e bichos.O ensaio Zoo foi produzido através do incentivo da Bolsa de Fotografia ZUM/IMS de 2013 e exposto no Paraty em Foco de 2014.
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Nas imagens, animal e fotógrafo ficam um de frente para o outro. “Como quem diz: e agora? Estar face a face com um bicho nos faz retornar a algo primitivo, ancestral e talvez, quem sabe, por um breve instante nos transformamos em uma onça, um tatu, um tamanduá”, explica João.
Para ele, a dificuldade maior é encontrar um animal que possa ser fotografado em segurança. "E isso independe da espécie. Houve diversos casos em que fui até o lugar onde estava o bicho, mas ele não quis de forma alguma colaborar. Faz parte do jogo. Só posso respeitar a vontade dele e voltar pra casa. Foi um trabalho feito lentamente, aos poucos, com muitos fracassos”, relata.
Todas as imagens foram feitas nas terras do fotógrafo, Minas Gerais. E os animais vieram de criadouros - depois de uma minuciosa pesquisa e um baita trabalho de produção. Algumas foram rápidas, outras tomaram mais tempo e, em algumas, os bichos simplesmente não colaboraram.
“Por mais que esses animais tenham algum contato com humanos, eles não vivem dentro de casas. Se esse deslocamento muda completamente o eixo do nosso instinto, isso vale também para o animal e o comportamento de ambos, homem e animal. Nessa situação, é imprevisível.”
"Ratamahatta" do Sepultura, "Slow Animals" do Strokes ou o "Império da Lei" do Caetano Veloso são sugestões do próprio João Castilho para acompanhar as fotos.Veja mais fotos do João Castilho nosite dele.
