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Os Metalúrgicos do ABC Continuam Putaraços e Cruzaram os Braços Contra 500 Demissões na Mercedes-Benz

A empresa afirmou que as demissões são inalteráveis.

Crédito: Adonis Guerra/SMABC.

Na fria e chuvosa manhã desta quarta-feira (22), foi aprovada a greve por tempo indeterminado dos funcionários da fábrica da Mercedes-Benz do Brasil, em São Bernardo do Campo. Junto ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, os funcionários protestam pelas 500 demissões anunciadas pela empresa, através da imprensa, para 4 de maio. Eles já estavam mordidos com as possíveis mudanças nas leis trabalhistas.

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Durante a assembleia, Moisés Selerges, diretor executivo do sindicato, foi enérgico e mostrou descontentamento com a decisão da empresa: "É a primeira vez que eu vejo a Mercedes anunciar na imprensa que ia demitir 500 trabalhadores. Fica difícil negociar quando vemos que a intenção de negociação da empresa só passa por um fator, que é a demissão de alguém".

Moisés Selerges. Crédito: Adonis Guerra/SMABC.

O comunicado sobre as demissões foi dado na última sexta-feira (17), no Jornal Nacional. Uma reportagem alertava para a queda nas vendas de veículos no último trimestre. Em seu discurso, Rafael Marques, presidente do sindicato, afirmou estar surpreso com o direcionamento da matéria: "Na entrevista, demos ênfase no Sistema de Proteção ao Emprego, que é a principal reivindicação do sindicato junto ao governo. Infelizmente, no mesmo dia, o William Bonner abriu a notícia anunciando 500 demissões".

Em nota, a Mercedes admitiu ter sofrido com a queda de 40% nas vendas de caminhões, o que deixou mais 1.900 funcionários excedentes, ficando aproximadamente 750 em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) há mais de um ano. Os 500 funcionários demitidos já faziam parte desse montante. A empresa ainda afirmou que isso é inalterável.

Segundo Moisés, "o lay-off é um mecanismo de preservação de empregos", mas não é o único: "Também sugerimos a renovação das frotas e estamos discutindo há dois anos o Sistema de Proteção ao Emprego, como na Alemanha". Diferentemente do regime de lay-off, em que o funcionário tem suas contribuições previdenciárias suspensas junto com seu contrato de trabalho, o Sistema de Proteção ao Emprego se baseia no sistema alemão kurzarbeit, que visa a diminuir, proporcionalmente, salários e horas trabalhadas sem perder a contribuição social.

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Rafael Marques. Crédito: Adonis Guerra/SMABC.

Para Rafael Marques, esse sistema é a solução mais eficaz contra demissões, mas, para se tornar viável, essa greve tem de ser forte o suficiente para atingir o Governo Federal. "O [Sistema de] Proteção ao Emprego tem ministros que o apoiam, e, portanto, temos de fazer a proposta chegar à Dilma e ela assinar e passar para o congresso." Moisés reforça: "Temos de protestar em Brasília, se for o caso. Não podemos aceitar uma multinacional desse tamanho anunciar 500 demissões."

A empresa ainda oferece um Plano de Demissão Voluntária (PDV) no qual o trabalhador recebe uma quantia em dinheiro "equivalente a uma média de nove salários, assegurando a renda do funcionário até o início de 2016", segundo nota. Para os líderes sindicais, isso não é suficiente, já que o PDV da Mercedes é o menor da categoria: "O pacote da Ford é 0,8 salário por ano trabalhado mais uma série de vantagens. O pacote da Volkswagen é de 0,5 salário por ano. Já o da Mercedes é de 0,4 salário por ano e tem teto. Desse jeito, fica difícil".

O descontentamento dos metalúrgicos segue sem perspectiva de final. Rafael Marques implica: "Demitindo dessa maneira, quem garante que não vão outros 800, outros 600? Não podemos deixar de reagir à altura". Moisés Selerges argumenta: "Em vez de abrir um PDV bom e esperar, não, ela abre o PDV e, quem não pegar, vai embora. Que negociação é essa?".