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Os Perrengues e as Cagadas de um Rally Mongol

O lema oficial do Rally Mongol é “dirigindo estupidamente em escala global”.

Viajar é legal pra cacete. Viajar com os amigos, melhor ainda. Viajar de graça então, nem se fala. E se for conhecendo lugares exóticos e com um monte de gente bêbada e figura junto, aí é o paraíso na Terra. Com isso em mente, os amigos Daniel “Tumati”, Raphael “Kinda”, Pedro “Pezinho” e Celina “Celinda” convenceram o canal Multishow a bancar uma folia chamada Rally Mongol (se você quiser saber a história e entender o funcionamento do lance, clique aqui). Na real nem foi bem assim, porque eles são suficientemente lesados pra apresentarem um orçamento porco e tiveram que tirar uns escorpiões do bolso, mas tá valendo. O primeiro programa já foi ao ar e o lema oficial do Rally Mongol é “dirigindo estupidamente em escala global”.

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A viagem teve curtição esquisita e perrengue. Curtição esquisita: “O povo do Cazaquistão é muito maluco, bebem muito, inclusive quando estão dirigindo, e adoram umas putas. Dá pra ver que rola uma cultura de putas por lá — principalmente porque a gente frequentava basicamente postos de gasolina”, explica Kinda. Perrengue, também segundo o Kinda: “Nosso carro morreu no meio do nada na Mongólia, a quatro horas da cidade mais próxima. Tivemos que nos separar e cada um viveu seus perrengues individualmente. O Mata, um mongol ex-presidiário gangsta rap, era a nossa única esperança. Em alguns momentos achei que ele ia me matar e me desovar no meio do deserto…”

Vi quatro episódios do programa e pedi pra Celina dar algumas dicas femininas e pro Daniel “Tumati”, um gordinho gente fina — e provavelmente o “astro” do reality show —, listar o pior perrengue dessa turma que ficou oito dias sem banho, e também as cagalhadas marcantes da viagem. Afinal, gordinho que se preza, encara dar aquela evacuada em lugares onde nenhum homem jamais esteve…

O pior perrengue:

Tumati: O resgate foi tenso. Nosso carro quebrou total no interior da Mongólia, por sorte estávamos em comboio com mais dois carros. Um desses carros conseguiu rebocar nosso carro na cordinha até o vilarejo mais próximo que era um lugar que não tava em nenhum mapa, onde não pegava GPS nem sinal de celular. Enfim, passamos umas 20 horas interagindo com a rapeize local e encarando várias comidas locais feitas com leite de iaque (um boi típico da Mongólia), que tem um aroma de vômito e mofo. Detalhe, na Mongólia você TEM que provar a comida que eles te oferecem nem que seja pra provar. Às cinco e meia da manhã chega o nosso resgate, três locais totalmente alcoolizados num caminhão pequeno com uma caçamba menor que o nosso carro, uma câmera minha que tinha deixado com o Kinda, usando os casacos dele e gritando "Mongol Rally, Mongol Rally!!" e "Rescue, Rescue" sem a presença do nosso amigo. Finalmente tinha chegado o pessoal do resgate, mas todo mundo breaco. Nisso um dos caras vem falar com a gente em mongol na janela do carro. Ele vem, dá uma olhada, damos um pouco de água pra ele, o cara vê o meu canivete e começa a ficar maluco. Fica pedindo pra eu dar de presente pra ele, fala que gostou muito e eu começo a mandar que era presente do meu pai, herança de família — era tudo mentira, mas foda-se, não queria dar o canivete. Nessa hora, o cara começa a apontar pra montanha e pro meu canivete, e começa a fazer sinal de cortar a garganta, falando que ia ficar com o canivete. Ele ganhou, lógico. Beleza, eles explicaram que tínhamos que fazer 100 quilômetros pra chegar na cidade em que a Celina e o Kinda estavam esperando a gente. Achamos que ia demorar algumas horas, umas três ou quatro, já que na Mongólia não tem estrada e era só pedra, deserto e uns rios. Demorou mais de 10 horas. Como a caçamba era menor que nosso carro, a gente tinha que tirar todas as rodas do carro e colocar embaixo pra servir de calço pro nosso automóvel detonado. Depois a gente perguntou aonde iríamos, já que era um caminhão pequeno. Acabou que fomos dentro do nosso carro, em cima da caçamba. Como medida de "segurança", o motorista passou uma corda no carro, deu um nó e pronto.

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As três piores cagalhadas da viagem.

Mermão, sabe aquele banheiro do filme "Quem Quer Ser Um Milionário?", que o muleque cai na jacuzzi de merda? A gente enfrentou vários desses. Vou listar os piores:

1. Acampamento em um parque do Cazaquistão. Com certeza foi o cheiro de morte mais sinistro que já senti. Era um expressionismo abstrato de merda, mas calafrio intestinal deixa qualquer um mais corajoso. Prende a respiração e vai!

2. Banheiro na Mongólia com duas tábuas no chão que balançavam quando você entrava e o poço de lama fecal ficava uns dois metros abaixo. Estilo [game do Atari] Pitfall, nível dez de periculosidade. Esse não teve jeito, era porta fechada e mandar do lado de fora do banheiro.

3. Posto de gasolina na Mongólia (ou era Rússia, não sei). Lembrei da tática das minhas amigas ao usar o toalete feminino em botecos: posição aranha! Esse não tinha nem tábua, era um buraco no chão que, se desse mole, você podia tropeçar dentro do banheiro, então era melhor se apoiar nas paredes laterais que ainda não estavam cagadas.

A melhor cagalhada

O melhor lugar pra ficar na concentração solitária foi numa montanha na Mongólia. Era um vale gigante de montanhas com o topo cheio de neve no pôr-do-sol e passando umas águias, muita poesia. Lembrei de você, Arthur.

Conselhos pra quem quiser fazer a mesma viagem (Especial pra Meninas)

Celina: Esquece o seu cabelo! Levei uma chapinha portátil, cremes pra pentear e não usei nada! É melhor levar um bom elástico pra prender o cabelo sem quebrar ele.

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Emende a pílula. Ficar oito dias sem tomar banho e ainda estar menstruada foi um inferno!! Tive que trocar O.B. no meio da estrada só com Baby Wipes durante uma viagem de van russa de manivela que durou 42 horas seguidas.

Leve antiácidos. Você não tem noção da quantidade de porcaria que você vai comer! Entre miojo com condimentos que podem matar baratas, amendoim e batatas industrializadas, o seu estômago vai pro espaço!  E ninguém quer ficar passando mal e soltando gases na frente dos outros, né?!

Adoramos roupas, e em grande quantidade e variação! Mas leve pouca roupa! Uns vestidinhos soltinhos e duas boas calças jeans. Por mais sujas que estejam, elas seguram a onda na sujeira. Não esquece que tem horas, principalmente na Mongólia, que faz muito frio, então leve umas meias grossas e um sapato mais quentinho, chapéu e um cachecol pesado. As calcinhas é sempre bom lavar quando tiver num hotel pra não ter que repetir (eca)!

Depilação é complicado! Mas quando você passa muito tempo na Mongólia sem tomar banho, já é frio, então rola de cobrir. Mas em caso de emergência, use aqueles lenços umedecidos com hidratante, primeiro eles e depois a gilete! Não vai machucar tanto a pele.

Esquece isso de passar muito creme, porque ou você vai ficar toda melada nos lugares que fazem calor, ou muito nojenta por falta de banho nos que fazem frio.

E só digo mais uma coisa pras meninas encalhadas em busca do príncipe aventureiro encantado: são oito homens pra cada mulher!

Aproveitem!

Toda sexta-feira, 22 horas, você pode acompanhar o medo e o delírio desse rally no Multishow. Horários alternativos e outras informações no site do programa Rally Mongol.