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PM que falou mal da polícia no Facebook é punido com prisão de 15 dias

Detido no Rio Grande do Norte por supostamente “desrespeitar a corporação”, João Maria Figueiredo da Silva se diz perseguido por defender direitos humanos.

Comentário feito pelo soldado da Polícia Militar em um post sobre a criação de ouvidorias externas na PM para controle e garantia de direitos dos policiais. Imagem: Facebook/Reprodução.

Enquanto a polícia fecha o cerco para quem pensa que tá tudo bem em propagar o nazismo nas redes sociais, ela também fica bem atenta quando está sendo citada pelos seus. No caso, a Polícia Militar do Rio Grande do Norte decretou a prisão de um soldado por entender que ele cometeu uma transgressão disciplinar ao comentar uma postagem no Facebook criticando o atual modelo da corporação. Segundo a Polícia, os argumentos de João Maria Figueiredo da Silva […] "desrespeitam e ofendem a instituição e seus integrantes, além de promover o descrédito do bom andamento do serviço ostensivo da Polícia Militar".

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Figueiredo que comentou um post da página Mudamos, do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, discutia a criação de ouvidorias externas na PM para controle e garantia de direitos dos policiais. O comentário dizia: "Esse estado policialesco não serve nem ao povo e muito menos aos policiais que também compõe uma parcela significativa de vítimas do atual contrato social brasileiro. Temos uma polícia que se assemelha a jagunços, reflexo de uma sociedade hipócrita, imbecil e desonesta."

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Assessor de comunicação da PM, o tenente-coronel Arthur Emílio Monteiro de Araújo, declarou que a punição atende o regulamento: "Ele foi punido de acordo com as normas. Quando ingressou na Polícia Militar, ele sabia quais eram as regras. As redes sociais facilitam a comunicação, mas as pessoas esquecem dos cuidados. Essa é uma orientação que nós damos: tenham cuidado com o que é postado, porque o que é dito pode ser usado contra a própria pessoa. Muitas vezes, os policiais se expõem e acabam também expondo seus familiares sem necessidade alguma".

O soldado Figueiredo, que também é estudante de direito, alega ser vítima de perseguição política dentro da corporação, por ser um "defensor dos direitos humanos e lutar pelos direitos básicos dos policiais e seus familiares". Em nota, A Polícia Militar do Rio Grande do Norte sugere que: "como o policial militar alega 'perseguição política' para a decisão sobre a sanção disciplinar sofrida, e sempre buscando a lisura e imparcialidade da Polícia Militar, esperamos que o mesmo busque os meios legais para a modificação da aplicação da punição administrativa sofrida."

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