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Por que é mais difícil você perder peso do que seu namorado?

Uma pesquisa desenvolvida na Universidade de Aberdeen, na Escócia, mostrou que mulher e homem têm reações diferentes quando submetidos a remédios para emagrecer.
Phoebe Hurst
London, GB
Foto via usuário do Flickr Frédéric BISSON.

Com mais da metade da população do Reino Unido classificada como acima do peso ou obesa (e o resto provavelmente se entupindo de comida saudável por culpa), manter um peso saudável numa época regida pelo food porn é uma luta universal — e uma batalha inglória seja qual for sua nação.

Ainda assim, a figura clichê do indivíduo eternamente de dieta e preocupado com o peso é quase sempre presente no universo feminino. Várias indústrias foram erguidas com a venda de produtos de dieta cujo alvo está em mulheres, enquanto o GettyImages está cheio de fotos de minas segurando cupcakes e fazendo cara de culpadas.

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Mas a antiga metáfora da mulher lutando para perder peso, enquanto seu namorado devora alegremente uma pizza tamanho família sem ganhar uma grama, pode ir além do estereótipo cultural?

Um novo estudo da Universidade de Aberdeen afirma que os hormônios responsáveis por regular o apetite e gastar energia funcionam de maneira diferente em homens e mulheres, tornando mais difícil para elas perder peso. Usando ratos para examinar como o ganho de peso é algo diferente entre os sexos dependendo da atividade física e gasto de energia, os pesquisadores conseguiram transformar ratos machos obesos em espécimes magros e saudáveis. Essa transformação não aconteceu nas fêmeas do experimento.

De acordo com o estudo, isso poderia estar ligado aos peptídeos POMC: neurônios no cérebro responsáveis por controlar o apetite, aumentar o gasto de energia e encorajar movimento. Os pesquisadores descobriram que os camundongos fêmea tinham apenas hormônios que regulavam o apetite, tornando a perda de peso mais difícil.

A professora da Universidade de Aberdeen Lora Heisler, que comandou o estudo, disse: "O que descobrimos é que a parte do cérebro que tem uma influência significativa em como usamos as calorias que comemos é programada diferente em mulheres e homens".

Talvez por isso certos remédios para obesidade, como a Locaserina, que atua sobre químicos no cérebro responsáveis pelo apetite, têm menos impacto em mulheres.

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Trabalhando com equipes da Universidade de Cambridge e da Universidade de Michigan, os pesquisadores testaram essa teoria em ratos.

Heisler explicou o resultado da pesquisa: "Enquanto o subconjunto alvo da medicação Lorcaserina contra obesidade influencia o apetite tanto em ratos machos como em fêmeas, nos machos esse subconjunto tem o benefício adicional de também modular a atividade física e o gasto de energia. Nos ratos fêmeas, essa fonte de peptídeos POMC não modula fortemente atividade física ou gasto de energia".

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A pesquisadora acrescentou que enquanto medicamentos que visam os peptídeos POMC podem reduzir o apetite em mulheres, eles não vão "influenciar nos sinais do seu cérebro que modulam atividade física e gasto de energia".

Heisler espera que as descobertas do estudo levem a maneiras mais eficientes e específicas de tratar a obesidade, que segundo a Organização Mundial de Saúde é mesmo uma doença mais comum em mulheres do que em homens.

"Isso [a pesquisa] pode ter implicações mais amplas em medicamentos usados para combater a obesidade, que até o presente ignoram o sexo do indivíduo", reitera Heisler.

Enquanto a maior parte das taxas de obesidade são registradas entre mulheres, é preciso dizer que os dados também podem evidenciar fatores como renda dessas mulheres e o acesso a opções de alimentação saudável. A pesquisa, por sua vez, pelo menos oferece uma nova abordagem para lidar com a tal "crise de obesidade".

Tradução: Marina Schnoor

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Essa matéria foi originalmente publicada no* MUNCHIES*.