Pornô Intergalático

Os leitores das HQs de super-heróis como X-Men, Hulk, Homem-Aranha, entre outros quadrinhos de origem norte-americana provavelmente conhecem os traços de Amilcar Pinna, publicados nos Estados Unidos e também por aqui pela Marvel e DC Comics. Mas fiquem tranquilos que não iremos falar sobre nenhum desses personagens. Recentemente o ilustrador e quadrinista caiçara de Ilha Bela tem divulgado pela internet seus projetos autorais; esses por sinal, que pouco tem a ver com o material publicado por grandes editoras: subjetivos e experimentais. Projetos como Little Rocks, Banana Frita e Zero vão de encontro com leitores e artistas que buscam por novas alternativas de produzir e consumir HQ no Brasil.

Esse mês Amilcar finalizou mais um de seus projetos, o 02+01=00, uma homenagem, como ele mesmo diz, aos artistas que o influenciam: Katsuhiro Otomo, Moebius, Milo Manara, Alphonse Mucha etc. 02+01=00 é cheio de ilustras de sexo, poucos personagens e zero texto, num cenário desconhecido pelos terráqueos. O resultado desse trabalho é seu primeiro album independente, que será lançado no dia 14 de janeiro na Quanta Academia de Artes, onde também dá aulas de quadrinhos.

Conversamos com Amilcar para saber mais sobre essa transição de gêneros em seus traços, suas influências e sobre a cena independente das HQs no Brasil.

VICE: Como quadrinista você fez, por exemplo, ilustras para a Marvel e para a DC Comics. Fale um pouco sobre seus trabalhos.
Amilcar: Vim para São Paulo em 2004 para trabalhar como desenhista. Depois de alguns trabalhos editoriais e livros, comecei a trabalhar para o mercado americano de super heróis. Desenhei X-Men, Hulk, Homem-Aranha, Viúva Negra, Super Homem, entre outros.

Já seus trabalhos autorais distorcem ou até mesmo fogem da temática dos super-heróis. Quando foi que você optou por projetos mais alternativos? Fale sobre eles.
Comecei a tocar alguns projetos autorais pela vontade de explorar mais o desenho e a narrativa dos quadrinhos, e assim colocar mais as minhas influências pessoais no trabalho. Trabalhar com maior liberdade artística não é muito comum quando se trabalha para editoras grandes. Por essa razão comecei a tocar alguns projetos como o Little Rocks, o Banana Frita e outros futuros projetos.

O que te influencia na hora de criar? Onde você costuma encontrar inspiração? Quais artistas que você tem como referência?
Costumo tirar inspiração de música, filmes, desenhos animados, alguma HQ que estou lendo, algum livro … Essas coisas.

Acredito que minha principal influência vem dos japoneses, principalmente o Katsuhiro Otomo. Akira me marcou demais. Tem muitos caras que eu curto bastante o trabalho, Taiyo Matsumoto, Moebius, Koji Morimoto, entre outros tantos.

Você está prestes a lançar seu primeiro álbum autoral, o 02+01=00. Como surgiu a ideia de fazer uma HQ de temática adulta? Conte-nos um pouco sobre o processo de criação desse álbum e seu lançamento.
Eu queria fazer uma homenagem aos artistas que me influenciam, Katsuhiro Otomo, Moebius, Milo Manara, Alphonse Mucha etc… Nunca tinha feito uma HQ com conteúdo adulto e achei que seria bacana ter esse desafio. Fazer todo o processo, roteiro, desenho e cores foi muito divertido.

O Lançamento do 02+01=00 vai rolar na Quanta Academia de Artes no dia 14 de janeiro de 2012 às 18:30.

É o seu primeiro trabalho com ilustras pornô. Como foi mergulhar na temática erótica, você teve alguma dificuldade em desenvolver as cenas e os personagens?
Sim, esse é o meu primeiro trabalho com esse tema. Foi divertido, sempre curti muito o trabalho do Manara e pensei que seria legal explorar isso no meu trabalho como um desafio mesmo. Sempre curti estudar anatomia e tentar deixar meus personagens naturais, e com esse trabalho eu tentei explorar bastante esse aspecto.

Você usou fotos, vídeos ou outras fontes como modelo pras ilustras? Se sim, quais?
Usei alguns vídeos, da internet mesmo, porntubes e afins. Pausava a cena e usava como referência.

Você acredita que hoje a procura por HQ’s autorais no Brasil está aumentando?
Eu acredito que sim, têm aumentado a quantidade de material sendo produzido aqui no Brasil. Muita coisa bacana tá sendo feita. Os brasileiros estão representando bem! Tem muita gente boa fazendo HQ autoral. Para citar alguns dos que eu curto e adimiro tem os gêmeos Gabriel Bá e Fabio Moon, Rafael Grampá, Rafael Coutinho, Rafael Albuquerque, Mateus Santolouco, Edu Medeiros, Roger Cruz, Greg Tocchini, entre outros tantos. A galera tá mandando bem mesmo!