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Tecnologia

Quer Fazer Pornô Gay em Casa? Pergunte-me Como

Colei semialcoolizada em um workshop de pornô gay e consegui sacar o verdadeiro espírito DIY da fodelância gay amadora. Sim, a matéria é infinitamente NSFW.

Acima: dois caras trepando. Obrigada, J.J. Rodrigues, por liberar os stills para a matéria. 

Depois de servir como cobaia no workshop de shibari para o editor do Noisey, aterrissei novamente no prédio da Trackers para o segundo round do Pop Porn 2014 para fazer um workshop de fisting feminino. Já estava mentalmente preparada (bêbada) e fisicamente pronta (passei a tarde toda imaginando que ia parir um filho), mas minha xoxota recebeu a feliz notícia que as atividades foram canceladas. Porém, uma segunda opção me foi oferecida: participar do workshop “Pornô Gay: Faça Você Mesmo”. Fiquei tão feliz com meu dia de princesa, que quase acreditei que o Netinho sairia de uma das salinhas da Trackers falando que eu estava no Domingo Legal.

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O problema é que a oficina começou um pouco mais cedo do que o workshop, então entrei de bicona na sala que J.J. Rodrigues já tinha dividido em dois grupos para elaborar um pequeno roteiro. Lembro que cheguei a conversar com ele na oficina de shibari sobre pornografia e perguntei se ele filmava, dirigia ou produzia, e ele me respondeu “Eu faço tudo”. J.J. Rodrigues é uma das almas DIY da putaria.

A sala estava quente pra caralho por causa das luzes do set e eu suava pinga por todos os meus poros. Estava me sentindo meio deslocada, mas estava estranhamente mais confortável do que se fosse uma oficina de pornô hétero. Entrei no primeiro grupo que vi e logo fiquei feliz de descobrir estar com os caras “estranhos” da sala e não com os hipsters de cabelo descolorido que travaram uma conversa séria entre eles sobre em que ângulo a câmera deveria apontar. Achei que foi uma ótima decisão, diga-se de passagem.

A foto está uma bosta porque foi tirada do meu celular, mas dá pra sacar a vibe, né? 

Os atores estavam sentados casualmente no meio dos dois grupos e não demorou para que rolasse uma apresentação: Jonathan, um garoto que ostentava o vigor dos seus 20 e poucos anos e com um sorrisinho sacana pra cacete, e Bebê, cujo tamanho fazia jus ao nome artístico, estava sentado no colo de Jonathan com uma cara meio entediada. Provavelmente, não era só eu que estava tendo um longo domingo de labuta.

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J.J. Rodrigues circulava entre os grupos falando algumas picardias sobre como fazer um filme pornô. Falou sobre a importância dos atores se curtirem, de ficarem se pegando forte em vez de só ficar no bate estaca parecendo um coelhinho da Duracell. Ele também fez questão de destacar que os dois garotos eram performers, não garotos de programa. Segundo ele, para o homem médio isso pode parecer irrelevante, mas se você quer que um garoto de programa trepe e ainda consiga improvisar uma historinha, não vai rolar. Justo.

Feitas algumas considerações, meu grupo começou a elaborar o roteiro. Não aguentei (todo mundo parecia meio travado) e dei um dos meus fetiches favoritos do pornô gay: um cara induzindo outro – supostamente hétero – a trepar. O grupo curtiu e acabou saindo uma cena em uma república de faculdade, onde o veterano tirava onda com o calouro. Foi dada à função de veterano para Bebê e calouro heterossexual para Jonathan. Fera.

O grupo dos hipsters estava muito animado e terminou antes que a gente. Com isso, os atores se levantaram e foram até a cama improvisada com uma manta negra de veludo. Os dois passavam a mão no pau por cima da cueca e, por algum motivo, achei isso mais sexual do que a trepação em si.

J.J. Rodrigues pediu silêncio no set e, nessa hora, percebi que todo mundo suava pra caralho como eu. Suspeito que nem era pelas luzes fortes que faziam meus olhos doerem, era mais pela tensão de ver dois caras trepando casualmente em função de um script que nós mesmos elaboramos. Se eu pudesse dirigir um filme pornô, certamente usaria uma metalinguagem desse tipo no roteiro.

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Como não sei se a galera que participou do workshop queria ser fotografada, coloquei Britneys para vocês. De nada. 

Quando a trepação do primeiro grupo começou, ouvi um barulho no lado de fora e dei uma espiada pela janela. Tinha um pessoal servindo de plateia na varanda de uns apartamentos. Eles davam tchauzinho pra gente e o Jonathan (que estava ganhando um boquete de Bebê) acenava alegremente para eles, sem ao menos se deixar abalar com os terceiros assistindo à sua performance. Bebê não acenou, mas também não se mostrou abalado com a inesperada plateia. Invejei infinitamente o exibicionismo deles.

Quase esqueci de dar créditos para o mestre do Photoshop e do Tumblr, Eduardo Pininga

O que era mais bacana de participar do workshop (além de poder ver dois caras se comendo) era que o J.J. dava, esporadicamente, uns pitacos nos atores quando sentia que a coisa estava travada. “Agarra ele Bebê, você está trepando com ele! Isso, abraça”, ou “Mais emoção, Jonathan, você está trepando em uma academia”. Foi assim que vi como é importante existir alguém que faça pornografia por paixão: é o J.J. que injeta imaginação da cabeça dos performers para que eles possam fazer uma cena digna de uma bela bronha para os espectadores.

Ao terminar a cena do primeiro grupo (não rolou cumshot), meu grupo de posicionou para começar a cena da república. O enredo foi falado meio por cima (“os meninos conseguem improvisar a partir daí”, segundo J.J.) e logo começou o segundo round de sexo gay, e eu lembrei porque curto tanto pornô gay.

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Bebê teve uma participação maior no nosso roteiro e achei que ele mandou bem como dominador. Na real, minha vontade era de levantar da minha cadeira e começar a dirigir os moleques e dar uns pitacos de atuação (quando mais eu teria essa oportunidade?), mas eu me contive quando percebi que todos que chegaram antes de mim estavam com câmeras muito melhores do que meu celular tosco. Ninguém quer ser a empata foda do rolê, né? O que consegui foi dar umas dicas para Jonathan de como ele pode parecer um heterossexual enrustido. Isso foi foda.

A trepada ficaria só no bate estaca, mas J.J. sempre conseguia fazer a parada ficar mais interessante quando dava umas broncas nos meninos. “Sem fazer piada, isso é filme de putaria, não de comédia.” “Não adianta mais falar que é HT, Jonathan, você já está curtindo muito chupar o pau do Bebê.” J.J. andava em volta da cama e nos mostrava também qual é o melhor jeito de filmar uma cena fazendo um frango assado. “O segredo é deixar uma perna levantada e uma perna dobrada,” disse ele. Ninguém entendeu e J.J. nem hesitou em deitar na cama e mostrar ele mesmo (de roupa) como é a posição. Como vocês já conseguiram sacar, curti muito esse cara.

Infelizmente, ninguém gozou, mas todo mundo parecia bem satisfeito com o workshop. Nesse ponto, todos os participantes já pareciam mais confortáveis entre si e já estava rolando até um bate-papo. Eu me despedi de J.J. e aproveitei para dar uma cantadinha no Jonathan mandando um “Parabéns, viu? Você é muito bonito”. Jonathan me lançou um olhar que quase dizia “vai sonhando, sua racha”.

De qualquer forma, voltei pra casa fedendo a pinga e com o celular cheio de pornografia gay. Esse dia foi foda.

Siga a Marie Declercq no Twitter: @marieisbored