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Por 59 votos a 21, relatório do impeachment é aprovado no Senado

Sessão no Senado na madrugada desta quarta determinou que a presidente vai ao julgamento final. Dilma perdeu votos e tem poucas chances de escapar.
Crédito das imagens: Agência Brasil.

Apesar de a sessão ter sido prevista para varar a madrugada, a decisão de levar a presidente afastada Dilma Rousseff ao julgamento final do impeachment a partir da aprovação do relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) acabou relativamente cedo, nas primeiras horas desta quarta-feira (10).

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski acompanhou a votação do relatório no Senado Federal. Foto: Agência Brasil.

Foram 59 votos a favor e 21 contra, sem nenhuma abstenção — Renan Calheiros [PMDB-AL], presidente do Senado, alegou que não vai votar em nenhuma fase do processo. A votação diminui as chances de Dilma ser absolvida – no dia 12 de maio, quando o Senado votou a admissibilidade do início do processo, o placar foi de 55 votos a favor, 22 contra e duas ausências. Para Dilma ser considerada culpada no final do processo, que pode se encerrar no fim de agosto, são necessários 54 votos, cinco a menos dos que foram conquistados por Temer nesta votação.

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O relatório de mais de 400 páginas, aprovado anteriormente na comissão do impeachment do Senado por 15 votos a 4, recomenda o impeachment da presidente por crimes de responsabilidade, dentro dos mesmos termos da denúncia inicial de Janaína Paschoal e Miguel Reale Jr.

A sessão foi marcada pelo mesmo cabo de guerra que marcou todo o processo no Senado até então, com os senadores que apoiam Dilma tentando adiar ao máximo a votação e, consequentemente, o julgamento final da presidente. Inúmeros senadores se abstiveram de discursar durante a sessão, para acelerar o processo, enquanto aliados de Dilma, como Vanessa Graziotin (PCdoB-AM), tentaram adiar o fim da sessão para um novo horário da quarta-feira.

O interino Michel Temer e sua equipe têm pressa, por acreditar que o fim do epíteto "em exercício" poderia dar alguma legitimidade ao seu governo, enquanto o PT e aliados tentam conseguir "virar" votos no Senado para garantir a volta de Dilma. Além disso, há certo medo da figura de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que se sentiria "preterido" caso fosse cassado antes de Dilma – o que pode ocorrer na próxima semana. Interlocutores do ex-presidente da Câmara dizem que ele pode sair delatando geral se acabar se sentindo "desrespeitado".

Mas a estratégia da volta da presidente afastada esbarra não só na "teimosia" dos votos cada vez menos indecisos, mas também nas cabeçadas trocadas entre os mais diversos atores da sua defesa. Uma das condições oferecidas por Dilma para voltar ao Planalto seria convocar um plebiscito popular perguntado à população se desejaria novas eleições – proposta que parece ter forte apelo entre os brasileiros, se as pesquisas não mentirem. Porém, o próprio PT acabou rejeitando oficialmente a tese (concordando, insuspeitamente, com o ministro do STF Gilmar Mendes), e Dilma acabou encampando a ideia sozinha, com forte apoio do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que citou o tema durante seu discurso no Senado nesta terça (9).

O advogado José Eduardo Cardozo apresentado a defesa a favor de Dilma Roussef. Foto: Agência Brasil.

Durante o processo do relatório, a defesa de Dilma, comandada por José Eduardo Cardozo, ex-advogado geral da União, tentou fiar-se nos mais diversos argumentos na tentativa de inocentar a presidente, da renúncia à presidência da Câmara por Eduardo Cunha ao parecer do Ministério Público do Distrito Federal afirmando que o atraso no repasse de verbas do Plano Safra não poderia ser considerada uma operação de crédito, e que portanto não há crime.

Obviamente o impeachment não é um julgamento criminal, mas um julgamento político, e o apeamento massivo do PMDB do governo Dilma, junto com praticamente todo o "Centrão", foi decisivo para o resultado atual, que deve se repetir no final do julgamento, previsto, até o momento, para o dia 29 de agosto. Siga a VICE Brasil no_ Facebook, Twitter e _Instagram.