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Filhos do Dragão

Resenhas

Os melhores e os piores discos do mês pela equipe VICE.

CIDADE CEMITÉRIO

PHENOMENAL HANDCLAP BAND

Confesso que estava cheia de preguiça de escutar o disco novo da Céu. Possivelmente porque sempre acabo confundindo ela com a chata-de-galocha-cabelo-desgrenhado da Cibelle. Comparação injusta, já que a moça é belíssima e faz boas músicas.

Caravana Sereia Bloom

me faz lembrar de quando eu era jovem e sonhava em ser mulher madura que toma vinho branco na banheira à luz de velas com pétalas de rosas e muita espuma. E se aproveita do jato da hidromassagem pra tocar uma siririca malandra. A regravação de “Palhaço” do Nelson Cavaquinho é bonita, mas corta um pouco o clima. Palhaços cortam qualquer clima, convenhamos. Em todo caso, ótimo disco, ótimas siriricas.

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MARIA D. DADA

Esse disco é em grande parte um R&B espacial feito pela Syd the Kid, a DJ/engenheira de som lésbica do Odd Future, e pelo Matt Martian do Jet Age of Tomorrow. As pessoas na internet ainda estão se contorcendo por causa do Odd Future e vendo se é OK gostar deles? Que porra é essa? Como foi que um bando de blogueiros gays e feministas da 12ª onda transformaram todo mundo em neopuritanos?

NICK GAZIN

Sabe aquele cheiro de esperma onipresente em baladas gay e sex shops? Meus alto-falantes soltaram isso durante todo o tempo que ouvi esse disco, que foi uns 35 segundos.

HOT GYNO

Às vezes vejo a vocalista do Chairlift, Caroline Polachek, nas minhas noites góticas semanais e penso: “PORRA, A MINA É SOMBRIA”. Agora, quando escuto esse disco novo, que é superalegre e animado, não consigo não pensar que ele está codificado com feitiços e talvez até com aquelas mensagens subliminares de trás pra frente. Se tem uma voz satânica indecifrável nessa coisa me dizendo para ficar obcecada com isso, está funcionando.

KRISTEN K.

Acho linda a ideia de um casal fazendo música junto, transmitindo amor e tesão para suas canções, essa coisa bonita de lutar lado a lado em prol da erudição artística feita a quatro mãos. O que se espera são letras intensas, batidas românticas, melodias sensuais, vozes roucas, corpos suados. O disco novo do casal Letuce, por exemplo, se esforça bastante para atingir o nirvana do romantismo moderno indie frouxo que finge que não existe mais MPB. Em alguns momentos você até acredita que estão conseguindo despertar calor nas bacurinhas das moças, como em "Fio Solto" ou "Sempre Tive Perna".  Mas no fim das contas ele só te lembra como é frustrante transar por 50 minutos ininterruptos sem conseguir gozar no final.

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WANDA SUPLICY

THE ASTEROIDS GALAXY TOUR

Out of Frequency

BMG

Ouvir esse disco sem poder ficar olho no olho com a gostosa da Mette Lindberg é tão inútil quanto ver o Dylan tocando no Gaslight com protetores de ouvido ou transar com o sofá usando camisinha.

MAMA CAT PANTS

CRYSTAL STILTS

Radiant Door

Sacred Bones

A embalagem colorida disfarça o fato de que você está com um embrulho na mão de restos pustulentos de comida que somente um desespero bêbado poderia compeli-lo a comer. Enquanto administra a náusea para dar outra mordida, você se pergunta que diabos está rolando com o seu amigo que está otimista demais às 8 da manhã. Alguém pode fechar as cortinas de novo e avisar essa galera que amigos não deixam amigos baterem palmas?

CLEOPATRA RECORDS SAMPLER

CIDADE CEMITÉRIO

Asa Morte

RAW Records

A banda na qual o Poney, baixista e vocal do Violator, toca guitarra, é um lindo hardcore punk horrível. Fora os timbres, parece que tá todo mundo errando junto como nos anos 80. As letras xingam a capital federal dum jeito distópico, e tem um som que chama “Odeio Deus”. Além disso, é a primeira banda de hc de Brasília que é realmente foda e que não te deixa envergonhado de alguma forma. Dá pra ouvir inteirinho no bandcamp do grupo, mas não seja mofino: compre assim que puder.

MILLI DIAZ

Vou ser sincero com você. Se não fosse o cara do Buzzcocks, essa resenha provavelmente diria: “Qual é a desse desfile de abelhas, palhaço? Quarenta minutos dessa abelhagem zunida? Sai fora daqui”. Mas do jeito que está, estou pensando: “Abelha em mim, abelhudo”. Injusto? A vida também é, catarrento.

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BUZZ McCALLISTER

VOIVOD

To the Death 84

Alternative Tentacles

Você acha qe eu correria risco de vida se andasse por Montreal com um cartaz escrito “O começo do Voivod parece um Venom de merda”? No fim do dia teria mais espadas de

Live Action

cravadas em mim do que virgens no Les Tams-tams.

SPRUCE BRUC

SUNN 0 )))

Void

Southem Lord

Meu intestino de 13 anos não foi forte o suficiente para o disco quando ele saiu pela primeira vez. O

drone

barato e trabalhado provavelmente teria esmurrado minhas entranhas até o ponto da defecação. Então sou grato por ele ter sido relançado em um momento em que estou mais equipado fisicamente para sentar e ouvir quase uma hora inteira de veneração ao amplificador influenciada pelo metal sem precisar de fraldas.

WILBERT L. COOPE

Se inventassem um videogame do

Um Tira da Pesada

, a trilha sonora seria mais ou menos isso aqui. Sabe quando você não tem certeza se gosta ou não de uma coisa? Eu ia desligar o som depois dos dois primeiros minutos, mas daí vieram uns barulhinhos bons e deixei rolar. Um pouquinho depois ficou tão ruim que eu aumentei MUITO o volume – tava engraçado demais. Na hora que apareceram os saxofones eu tava tipo: “E aí, que legal que vocês colaram aqui. Tem cerveja na geladeira e a galera tá fumando um ali no quarto”.

BUZZ McCALLISTER

HAIKAISS
Couvert
Independente Geral vai ouvir falar dessa molecada suavona em breve. Nesse EP tem rap maconheiro e bebum com levadas boas e alguns momentos realmente memoráveis, como a gatuna “Camaleão” e o hino “Filosofia de Boteco”. Se você curte rap, te aconselho a ficar de olho neles. Se não curte, mas tá “superantenado com o momento”, você pode ouvir e – com sorte – até emendar um “a rua é noiz” sem soar ridículo.

AMIRI BATATA