Retratos dos Fãs do Slayer em Seu Habitat Natural

FYI.

This story is over 5 years old.

Fotos

Retratos dos Fãs do Slayer em Seu Habitat Natural

Sanna Charles fotografa fãs da banda há mais de uma década e, agora, ela está compilando todo seu trabalho num livro, God Listens to Slayer.

As pessoas raramente têm só um interesse passageiro pelo Slayer. Para os fãs, a banda é melhor do que qualquer coisa que você escute – sempre foi, sempre será, porque foda-se você. Afinal de contas, música extrema cria reações extremas.

A base de fãs original continuou leal desde os anos 80: os garotos que riscavam o logo da banda na carteira da escola são, hoje, os caras gordos sem camisa que gritam "SLAAAAYER" na frente de todo show. Claro, o grupo fez um monte de novos fãs desde então graças, em parte, ao fato de que estão sempre lançando discos e fazendo turnês com a banda, que está junta há 35 anos.

Publicidade

Sanna Charles fotografa fãs do Slayer há mais de uma década: ela começou depois de um festival em 2002 e continua até hoje. Agora, ela está compilando todo seu trabalho num livro, God Listens to Slayer, que será lançado pela Ditto Press no dia 17 de abril. Então, achei que era uma boa hora de nos encontrarmos para comer uma torta e bater um papo.

VICE: Vamos começar pelo início: por que você começou a tirar fotos?
Sanna Charles: Comecei na fotografia por causa de uma banda chamada Parkinsons, uma banda punk de Londres. Fui a um show deles no Boston Arms [em Tufnell Park], e o vocalista estava rolando no chão, pelado, pirando. Tinha uma garota tirando fotos, e ela não estava pegando as melhores partes; assim, achei que eu podia fazer melhor. Comecei fotografando essa banda; depois, a Melody Maker gostou de uma das minhas fotos, e tudo veio daí.

Como você foi disso ao projeto do Slayer?
Eu trabalhava para NME, e eles me mandaram ao Download Festival em 2002 para fotografar o Slayer. O show tinha atrasado três horas, estava um calor infernal e eles estavam tocando numa tenda menor, em vez de [tocarem] no palco, ao ar livre. A tenda estava lotada, e as pessoas estavam esperando há três horas. Isso foi se acumulando, mas depois foi incrível vê-los tocar. Os outros fotógrafos saíram do mosh depois de três músicas, mas eu fiquei, porque estava pasma com o público.

A liberação de raiva e agressão dos fãs era muito livre. Todo mundo estava amontoado na tenda, como gatinhos numa pet shop tentando sair da gaiola. Depois do show, fiz uns três retratos de pessoas que estavam indo embora; [era] só uma ideia adicional, mas, quando peguei as fotos, me apaixonei por uma delas.

Publicidade

E foi aí que você decidiu seguir o Slayer pelo mundo.
Sim. Pensei comigo mesma: "Tenho um cartão de crédito, talvez eu devesse usá-lo. Será que eu devia segui-los na turnê?". Aí convenci um amigo, que tinha carro, e viajamos pelo Reino Unido juntos, ficando na casa de amigos. Aí pensamos: "Foda-se. Por que a gente não vai à Noruega e à Finlândia?" Então, fomos, e coloquei tudo no cartão de crédito. Eu não faria isso de novo, mas tem vezes na vida que você precisa aceitar esses riscos financeiros.

E foi incrível: assisti ao show deles nove vezes e conheci gente realmente engraçada no caminho. Continuei fotografando, principalmente em festivais europeus, para conseguir mais fotos de fãs. Acho que os fãs de metal do continente europeu são um pouco diferentes dos americanos e [dos fãs] de outros lugares, mas não sei exatamente o porquê.

Como eram os fãs europeus?
Bom, tinha um fã da Estônia que andava de cadeira de rodas e que tinha perdido o emprego pelo Slayer. Eles não deram folga para que ele pudesse ir ao show; então, ele mandou todo mundo se foder. Perguntei se ia ser difícil conseguir outro trabalho, e ele disse: "Sim, praticamente impossível". Mas ele estava muito feliz em ver o Slayer.

Você viu muitos rostos conhecidos em todos esses shows diferentes?
Vimos os mesmos cambistas! Vimos esse pessoal em todo o país. Vimos um desses caras na Noruega e pensamos: "Como diabos você consegue voar até a Noruega para vender ingressos?".

Publicidade

Você viu muita mudança na base de fãs desde o começo dos anos 2000?
Acho que sim. Vi uma mudança no público dos festivais de metal. Isso é mais acessível hoje. Não o Slayer em si, mas música pesada parece ter se tornado mais acessível. Acho que isso só aumentou.

Você teve oportunidade de fotografar a banda?
Não, mas eu realmente não queria. Eu não estava interessada nisso. E, no primeiro show, cruzamos com o empresário da turnê, e ele disse que, se nos visse de novo nos bastidores tirando fotos, estaríamos fora da turnê e ele tomaria nossos passes. Logo, tivemos de agir com muito cuidado.

A banda viu as fotos?
Tentamos mandar o livro para eles, mas quem sabe? Tem um extra num dos DVDs ao vivo deles do começo dos anos 2000 com os fãs, mas são só filmagens deles fazendo a única coisa que eu não queria que eles fizessem: o grito de "SLAAAAYER". Eu os queria do jeito que eles eram. Eles geralmente davam o grito, aí eu tentava conseguir uma foto mais singela depois. Eu queria capturá-los mais normais, não como moleques insanos.

Na sua opinião, o que torna os fãs do Slayer tão únicos, em vez de, digamos, fãs do Metallica?
A música é mais extrema que a do Metallica. O Slayer se agarrou a uma fórmula, e é isso que os fãs gostam. Em Helsinque, conheci o presidente do fã-clube russo do Slayer. Ele se chamava de Kerry e tinha as mesmas tatuagens que [o guitarrista do Slayer] Kerry King na cabeça. Ele foi muito legal, e o amor dele pelo Slayer é incrível. Motörhead é um bom exemplo disso também. As pessoas gostam da fórmula e do fato de que eles continuaram os mesmos. O público mais jovem curte isso também, porque nada soa como eles. Além disso, as coisas sobre as quais eles cantam não são afetadas pelos envelhecimento dos fãs e pelas mudanças no estilo de vida deles. Acho que os fãs são atemporais, porque a música é atemporal.

Publicidade

Siga o Jak no Twitter.

Encomende God Listens to Slayer no site da Ditto Press.

Tradução: Marina Schnoor

Veja mais fotos do livro abaixo: