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O que aprendemos com o segundo debate pela prefeitura do Rio

Pedro Paulo é massacrado, Bolsonarinho faz apologia à Cristolândia e saneamento, saúde, educação e segurança parecem ser o centro dos problemas cariocas.

Imagem: Reprodução/Youtube.

Se debate político fosse decidido no tapa, Pedro Paulo (PMDB), candidato à prefeito do Rio de Janeiro, teria que sair de ambulância ao final do debate realizado na sexta-feira (9) pela Rede TV. Até quando as perguntas eram feitas entre outros candidatos, quem tomava porrada era Paulo, candidato apoiado pelo atual prefeito da cidade, Eduardo Paes (PMDB) – se valesse uma regra de nocaute, ele teria que ser tirado do embate lá pelo quarto round.

A situação estava interessante já no primeiro bloco, quando Marcello Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL), os dois primeiros colocados nas pesquisas de opinião, ao invés de se enfrentarem, se juntaram para bater em Paulo, que é acusado por Freixo de plagiar um documento encomendado pela prefeitura para criar seu plano de governo para o município. Em outro momento, Alessandro Molon (Rede), falou que Pedro Paulo moraria em um "outro planeta" e que não enxergava os problemas da cidade, e Freixo deu uma indireta sobre violência doméstica para atingir Paulo, acusado de agredir sua ex-mulher em 2009.

É interessante apontar que o debate carioca trata de uma miríade muito maior de problemas municipais do que a sua contraparte paulistana, onde por vezes a redução de velocidade nas marginais e vias expressas parece ser a única treta do cotidiano dos paulistanos. Segurança pública, saneamento, saúde e educação foram alguns dos temas mais levantados durante o debate carioca. Mas a quantidade de candidatos fez muitas das propostas parecerem repetidas – às vezes é difícil discernir o que foi proposto por Carlos Osório (PSDB) do que foi dito pelo meritocrático Índio da Costa (PSD). Quem se destacou nisso foi Jandira Feghalli (PCdoB), inimiga do governo Temer e do impeachment de Dilma Rousseff, que novamente passou mais tempo falando sobre as questões da política nacional do que efetivamente oferecendo propostas para o município – é quase como se utilizasse o debate como palanque para atuar como deputada federal e não como candidata a prefeita.

Diferentemente do debate realizado pela Rede Bandeirantes, na Rede TV não houveram muitas surpresas, o tempo das respostas foi rigorosamente cronometrado e a plateia se manifestou pouquíssimas vezes. Flavio Bolsonaro (PSC), em seu primeiro debate completo – ele havia quase desmaiado no anterior – deu azar nos sorteios e falou quase sempre ao fim, parecendo apagado. Ao perguntar a Freixo sobre o apoio do candidato do PSOL à legalização das drogas, fez uma piadinha sobre "bolsa larica" e apologia à "Cristolândia" (é sério), programa da Igreja Batista na Cracolândia carioca – Freixo aproveitou para estapear a ironia com a qual Bolsonaro fez a sua pergunta e explicou que o Rio de Janeiro é um município apenas, e não 160. Talvez pelo resultado, talvez pelas colocações infantilizadas, o trecho do embate, obviamente, viralizou.