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Sexo

Tive um Escravo Sexual, e Foi Incrível

Quando passava a noite na minha casa, ele dormia no chão. Eu acordava com ele preparando meu café da manhã e estávamos separados, ele me mandava mensagens, como “Bom dia, deusa. Acordei pensando em você. Espero que você permita que eu lhe sirva hoje”.
Foto do usuário do Flickr smplstc.

Recentemente, relatei meu conto romântico com meu primeiro escravo sexual. Meus sentimentos sobre ter um parceiro submisso não estavam claros: eu não curtia o negócio de chicotear e dar palmadas, mas curtia muito ser adorada e ter alguém para lavar minha louça. Depois que eu e meu escravo sexual terminamos, eu não sabia se ser parte dessa comunidade era realmente possível, pelo menos sem ter de chamar os homens de "otários de pinto pequeno" e bater neles por não obedecer às minhas ordens. Tentei o Fetlife, mas, depois de receber muitas mensagens de cavalheiros implorando para serem penetrados com um consolo ou convites para estrear meu próprio gang bang, decidi deletar minha conta. Eu estava quase desistindo quando uma amiga sugeriu usar o OkCupid.

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Eu já tinha um perfil no OkCupid – um que não tinha me apresentado a nenhum escravo sexual. Então, criei outro usando uma foto minha sem o rosto num espelho em que alguém tinha acabado de vomitar. Escrevi explicitamente na bio que estava procurando um sub que quisesse as mesmas coisas que eu: elogiar, adorar, me dar a propriedade do seu pau e servir. Deixei claro que não estava interessada em humilhação ou violência física.

Para minha grande surpresa, meu inbox foi inundado em apenas algumas horas. Eu estava recebendo mensagens de todo tipo de cara. A maioria ignorou a maior parte do meu perfil e achou que eu estava interessada apenas em sexo. Mas algumas agulhas apareceram no meio do palheiro de tarados. Eram principalmente caras dizendo que sempre tiveram curiosidade com esse tipo de coisa, mas que nunca tinham participado de algo assim.

Continua abaixo.

Reuni uns dez números de telefone – algo que não fazia através de um site há mais de um ano. Claro, no mundo do namoro virtual, dez números não querem dizer dez encontros na vida real. Quando você troca números, alguns dias de mensagens de texto se seguem. Um plano vago de sair na próxima semana é feito, e aí a pessoa ou você dá pra trás. Tenho vergonha de admitir que já cancelei encontros no último minuto, simplesmente porque estava com preguiça de tomar banho ou muito envolvida com o Netflix (geralmente os dois).

Acabei indo a dois encontros. Um cara, Jason, me contou que tinha 11 irmãos, e eu disse que os pais dele eram idiotas. Nunca mais nos falamos. Outro cara, Zach, era até legal, mas não rolou química.

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Claro, com química ou não, eu estava bêbada o suficiente para convidá-lo a ir à minha casa, onde eu sentaria na cara dele. Sabe, só para ter alguma coisa para fazer. Mas, depois de alguns minutos, ele começou a ter um ataque de pânico. Falei para ele colocar a cabeça entre os joelhos; depois, trouxe um copo de água para o rapaz. Depois de se acalmar, ele se desculpou várias vezes e foi embora. Passei o resto da noite olhando minha vagina, imaginando que trauma do passado ela poderia ter despertado. Ficar perdido numa caverna? Nascimento? Comer um sanduíche de rosbife estragado? Depois desse incidente com o Zach, fiz a mesma coisa com meu segundo perfil no OkCupid que fizera com o primeiro: abandonei as esperanças.

Aí, quando olhei meu inbox duas semanas depois, eu tinha recebido uma mensagem do Andrew.

Andrew era um universitário que morava no norte da Califórnia, mas ele, na época do nosso caso, estava visitando sua cidade natal, Los Angeles, por algumas semanas. Ele me mandou uma longa mensagem contando que adoraria estar à minha disposição pelo tempo que estivesse na cidade. Nos encontramos naquela mesma noite.

Ele parecia com quase todo o cara que já comi: alto, magro e desengonçado. Um rapaz de cardigã. Ele me pagou um drinque, e logo de cara entramos nas especificidades. Tínhamos de estabelecer diretrizes para o que nós dois queríamos e para o que faríamos ou não. Foi a conversa mais peculiar que já tive nos primeiros dez minutos de um primeiro encontro, mas acho que isso deveria ser a regra padrão dos primeiros encontros para gente que curte essas coisas ou não. Reiterei tudo que estava no meu perfil, e ele reiterou que só ia ficar na cidade algumas semanas. Ele também acrescentou que tinha uma domme no norte que era a dona dele. Na verdade, ele tinha pedido permissão a ela para me encontrar. Ela não teria visto problema nisso, porque eu não queria machucá-lo fisicamente. Isso era "coisa deles".

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Por três semanas, o Andrew veio à minha casa quase todo dia para fazer o que eu quisesse. Ele cozinhava para mim e, depois de me servir as refeições, limpava tudo. Eu geralmente tinha uma lista de tarefas para ele, como dobrar minha roupa lavada ou buscar minhas compras no supermercado. Ele me levava aonde eu precisava ir e geralmente esperava por mim no carro até a hora de me levar para casa. Tentamos deixá-lo me dar banho nos primeiros dias (a pedido dele), mas ele não massageou meu couro cabeludo com força suficiente e usava sabonete demais. Em vez disso, eu o deixava me fazer massagem e passar hidratante no meu corpo depois do banho.

Ele geralmente pedia permissão para se masturbar depois de fazer isso. Eu dizia que sim e continuava fazendo minhas coisas, enquanto ele batia punheta na minha cama. Eu conseguia senti-lo me olhando, mas fingia não perceber. Simplesmente, continuava escovando meu cabelo ou escolhendo uma roupa para usar. Eu o excitava fazendo-o saber que eu não dava a mínima para o prazer dele. Ele pedia minha permissão para gozar; e, quando eu permitia, ele tinha de dizer "obrigado" em voz alta várias vezes até terminar. Ele tinha de ficar parado e esperar eu acabar o que estava fazendo antes de poder se limpar.

Só uma vez fizemos sexo penetrativo. Fora isso, nosso sistema envolvia eu me sentar na cara dele, enquanto ele se masturbava. Quando passava a noite na minha casa, ele dormia no chão (de novo a pedido dele). Eu dormia na minha cama e acordava com ele preparando meu café da manhã. Quando estávamos separados, ele me mandava mensagens, como "Bom dia, deusa. Acordei pensando em você. Espero que você permita que eu lhe sirva hoje" e "Com muito tesão, pensando em você. Pensando em ficar de quatro e lamber a sua bunda".

Senti um nível de conforto com o Andrew que nunca senti com ninguém antes. Nunca me senti constrangida perto dele ou com medo de dizer algo errado. Ele se devotou a mim por três semanas de um jeito que nenhum homem fez antes, e eu gostei. Se ele estava excitado em me servir, eu estava excitada em ser servida. Nada parecia forçado. Foi a primeira vez em que senti que podia ser realmente eu mesma numa parceria romântica.

No nosso primeiro encontro, Andrew perguntou por que eu era tão contra violência e humilhação. Respondi na hora que isso não parecia certo, mas que eu não sabia o porquê. Agora eu sei: não quero um homem submisso que fetichize servir uma mulher, porque sente que isso é "errado". O Andrew foi capaz de me adorar e elogiar sem precisar desse elemento, e vejo agora que o que tivemos é extremamente raro. Nossa dinâmica dom/sub se desenrolava num nível mais psicológico que físico. Não sei se posso repetir o que tive com o Andrew com outro homem, mas, agora, tenho certeza absoluta de que quero tentar.

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Tradução: Marina Schnoor