Todos os Tipos de Pessoas Pentelhas que Você Tem no seu Facebook

Nesta semana, uma mensagem mandada para uma jovem mãe viralizou na internet. A carta pedia que ela parasse de falar sobre a porcaria do bebê dela no Facebook. Tipo, porra, Jade, é como se você fosse a primeira mulher do mundo a ter um filho na história da HUMANIDADE. A reação foi das mais clássicas: as pessoas ficaram revoltadas com o coletivo de outras mães destilando suas fofocas irritantes e anônimas, além de mandá-las pra uma amiga, isso quando os botões de "Deixar de seguir" ou "Não quero ver isso" estão bem ali na sua frente.

Mas, na boa, lá no fundo, todo mundo está de saco cheio das mães do seu feed do Facebook. Eu, pelo menos, estou. Tem um menino de seis anos do País de Gales que conheço intimamente, mesmo sem nunca ter encontrado. Sei um monte de coisas sobre ele. Sei que ele é péssimo no caratê. Sei que a comida de que ele mais gosta é cachorro-quente, cuja salsicha fica cortada no meio para acomodar um palitinho de queijo, coberto com mais queijo, além do pepperoni em cima, e assado no forno. Eu sei que as aulas dele voltaram nesta semana. E sei que ele foi à sua primeira festa do pijama na semana passada e que eles só foram dormir depois da meia-noite.

Antigamente, um cara com tantas informações específicas sobre um moleque galês de seis anos seria preso e, provavelmente, morto na cadeia. Iam jogar água fervendo na minha cabeça, esse tipo de coisa. Mas, na nossa era moderna, e no Facebook, esse tipo de gente abunda. Caralho, eu sou babaca no Facebook e aposto que você também é. Eu fico postando links para os artigos da VICE que escrevi com legendas falsamente humildes, como: "Escrevi uma coisa". E você? Você provavelmente faz bem pior. É o seguinte: todo mundo é um lixo, sempre.

Segue uma variedade de pentelhos que são seus amigos no Facebook.

DJ MLK DOIDO * 37 CURTIDAS

DJ MLK DOIDO TOCANDO TODOS OS SUCESSO ESTA SEGUNDA NO BAR BEM DE TROUXA – O CLUBE NÚMERO UM DA CIDADE RECEBE O DJ MLK DOIDO FAZENDO A PISTA SUAR TOCANDO TODOS OS SUCESSOS – DAVID GUETTA / CALVIN HARRIS / ARMAND VAN HELDEN / DJ FRESH / ANOTHER CALVIN HARRIS ONE / TIESTO / NERO / AVICII / CALVIN HARRIS / ALICE DEEJAY – SUAS NOITES DE SEGUNDA NUNCA MAIS SERÃO AS MESMAS.

São seis carros, cara. Você leva cinco minutos pra chegar no trabalho, e a maior parte disso você gasta no Facebook, esperando para entrar numa rotatória movimentada. Você está atrás de seis carros. Eu sei disso, porque você tirou uma foto desses seis carros e postou com a hashtag "#pqp". E hashtags nem funcionam no Facebook. Sua expressão de raiva como um conceito memorável é discutível.

"Mandei ele ir na farmácia", ela escreve entre emoticons chorando de rir. "Eu disse pra ele comprar absorvente fluxo pesado, e ele trouxe fluxo leve!" Emoticon chorando de rir. Tagueia o nome do namorado. "Não acredito!" Vinte comentários entre a mina e o cara. Duas semanas depois, o Facebook anuncia que eles ficaram noivos. A história mais velha do mundo.

Amo minha linda :) – se sentindo abençoado com Lauren, a Namorada.

Sentindo sua falta esta noite :( felizmente tem jogo :) vai, time! – com Lauren, a Namorada.

Manopla de câmbio nova rs paguei 65 conto importada bem suave rs . (Foto via Jamie McCall).

Um link para uma caranga no WebMotors com 88 comentários de um cara chamado Lee. O domingo inteiro trocando os esguichos do para-brisa por esguichos cromados importados, que ele comprou pela internet e pagou 100 paus de taxa de importação. Eu sei disso, porque ele postou uma foto do recibo com a pergunta "Alguém teve de pagar isso??????? #impostos #atequando". Ele passa as noites de sexta dirigindo pela cidade, parando num posto, abrindo todas as portas e o porta-malas para tocar techno o mais alto possível. Ele chama posto de gasolina de "rodoviária de loko". Sua dieta é composta quase que exclusivamente de McDonald's, e os sacos e restos do drive-thru estão amassados num bloco quase sólido embaixo do banco do carona. Ele ainda não sabe trocar a vela de ignição. Ele quer que você entre para o "Loucos pelo Corsa" que ele modera. Você não quer. Fora, carros.

Existe uma subespécie de cara, ainda não catalogado pelos biólogos de caras, que vai te encontrar numa área de fumantes de uma balada bosta qualquer e imediatamente te adicionar como amigo no Facebook. "Qual seu nome no Facebook, cara?", ele vai dizer, apertando forçadamente a sua mão. "Joel", você responde – se for eu. "É, mas qual seu nome no Facebook?" E você vai vê-lo digitando seu nome no celular, te achando, dando um zoom na sua foto de perfil e colocando o celular na sua cara. "É você?", ele pergunta quase com ferocidade, e você diz que sim, seu besta – e aí ele te manda uma solicitação de amizade. Em seguida, ele vai ficar te encarando até você pegar seu celular do bolso e clicar no "Aceitar". "Vou te chamar para uma balada que estou fazendo na próxima terça", ele avisa. "Meu primo vai discotecar." E, assim, você se vê inexoravelmente ligado para sempre ao tipo de cara que vai sozinho pra balada, vendo seu feed constante de vídeos de futebol ("OLHA ESSE GOLAÇO!" e "OLHA QUE FRANGO KKKKK"), aguentando uma cutucada ocasional (como esse cara ainda sabe onde fica o botão de cutucar? Nem o Mark Zuckerberg sabe onde fica o botão de cutucar), para sempre com medo de voltar à cena dessa amizade criminosa, porque vai que ele cola em você de novo e te faz comprar uma cerveja pra ele. E você nunca vai se livrar dele: ele nunca vai morrer. Quando os mísseis nos atingirem e as baratas herdarem a Terra, ele vai continuar de pé naquele mesmo canto da área de fumantes, usando uma jaqueta River Island, rolando o feed do Facebook no celular, te mandando convites para eventos e rindo.

Lembra da Sara, aquela menina do primário? Bom, advinha só: ela está reformando a cozinha dela, cara, e essa é a melhor coisa que já aconteceu na vida dela. Ela acabou de instagramar umas torneiras de uma loja de material de construção. Ela quer saber se você tem experiência em instalar corrediças de gavetas. Uma atualização do Timehop mostra que faz um ano que ela arrancou a pia da parede. Alguém conhece um bom (e barato!) pedreiro que tenha experiência com granito? Ela achou um saco de dobradiças que não lembra de onde tirou; então, ela posta uma foto borrada delas com a legenda "?". Advinha só: o Marquito pediu-a em casamento; então, você vai ter de passar por toda essa merda de novo, enquanto eles planejam a porcaria do casamento.

O que você faz no resto da semana, truta? Pra onde você vai?

O Facebook transformou o planejamento de festas de um simples trabalho de administração para algo excruciante e interminável: a nota mais aguda tocada no pior violino. O que acontece quando você recebe um convite e responde "Sim" é que você é cooptado para um grande processo de RSVP – cada uma das mensagens de "Não posso neste final de semana! Vou pra praia L" e "Desculpa, não vai dar! Trancosoooo!" acendem seu celular como a árvore de Natal mais chata do mundo. E aí, quando o evento realmente acontecer, todo mundo já cancelou as notificações do grupo e esquece de comparecer. Não há schadenfreude melhor do que um "Não esqueçam que é hoje, gente!" de alguém que teve a pachorra de planejar um piquenique de aniversário com três meses de antecedência. "Estamos perto das árvores", a pessoa diz. "Assei um monte de minicupcakes! Tragam prosecco!" Sufoque na sua própria solidão, arrombado.

Se você algum dia começar um chat de grupo comigo, saiba que vou pensar seriamente em pagar alguém pra te matar.

COMO VOCÊ FICA MUDANDO DE NÚMERO? A SUA OPERADORA TE DEIXA MANTER O MESMO NÚMERO. EU TENHO O MESMO NÚMERO HÁ MAIS DE UMA DÉCADA, E EU SOU UM DOS CARAS MAIS IDIOTAS QUE CONHEÇO. COMO VOCÊ CONSEGUE FODER TANTO COM A SUA VIDA? COMO? COMO? COMO?

"Anúncio: estou saindo do Facebook hoje (20h). Esse site é um veneno, e eu francamente não dou a mínima para a vida de vocês ou quantos pontos você fizeram no Candy Crush, ou seja lá qual for o jogo da semana! Vou sair e ver o que está acontecendo LÁ FORA, respirar AR PURO e me envolver com o MUNDO REAL. Se você me conhece, então sabe como me encontrar. Família e amigos têm o meu número; pro resto do pessoal aleatório que conheci numa festas ou sei lá… TCHAU!!!!! Curtam aí seu sitezinho, mas eu já vi o outro lado" – algum babaca

"Voltei por um tempo (coisa do trabalho). Perdi alguma coisa?" – mesmo babaca, oito dias depois

É, eu sei que você tem um quarto disponível num apartamento espaçoso e arejado com acesso fácil ao transporte público (ônibus e metrô). Eu sei também que você só conta o preço por inbox. Eu sei disso, porque mandei três pessoas da última vez que você perguntou, que foi umas seis semanas atrás. O que aconteceu? Você as matou? Você tirou essas fotos da sua sala antes ou depois de limpar o sangue do carpete? Sabe como é, sua casa é um lixo e realmente não dá pra saber.

Sua vida é tão vazia que eu consigo ouvir minha própria tristeza ecoando e voltando para mim como uma bola de tênis. Por favor, tente aprender a tocar um instrumento ou alguma coisa assim. Arranje alguma coisa que faça sua vida valer a pena. Reforme sua cozinha. Qualquer coisa. Por favor. Porra.

Cê tá ligado.

Namastê, galera! :) (Foto via Tiare Scott)

Na verdade, eu meio que gosto dessa pessoa. Sim. Quando ela posta uma foto das pernas de salsicha dela com a legenda "A vista do escritório", eu penso: bom, você está entre os maiores monstros da história. Mas ninguém tem um colapso psicológico numa manhã de segunda no trabalho como a pessoa que tira seis férias por ano. E é aí que está: a não ser que ela esteja contrabandeando cocaína enfiada na bunda para a Europa a fim de sustentar seu vício em férias na praia, ela tem de trabalhar nas escassas semanas em que não está usando roupa de banho e enchendo o saco. Ela é pathos e ethos: ela é fotos nadando feliz no mar e a pessoa que fica maluca pra fazer um almoço de duas horas, porque "não consegue lidar" com o trabalho hoje. Deus não dá asa pra cobra. Ela não consegue lidar com a realidade e esfrega seu escapismo na nossa cara. Ela tem estatisticamente mais chances de acabar com um daqueles peixinhos enfiados na uretra. Se console com isso.

Há muito papinho de psicologia pop flutuando por aí de que "as pessoas só colocam a melhor representação de si mesmas online", que "invejar a vida de outras pessoas só vai te deixar mais deprimido com a sua" e "ahh, bem-vindo ao deserto do real", mas, puta merda, a quantos pubs gastronômicos pitorescos você vai por semana? E o que eu ganho com essa foto tirada com uma DSLR de um minipudim? O que eu devia fazer com isso? Você não conseguiu. Não vou te parabenizar. Isso não me deixou com fome, porque eu consigo ver a nata que se formou no topo dele enquanto você tentava arrumar as configurações da sua Nikon. Não quero comer isso. O que você quer que eu faça? Como eu me relaciono com isso? Você pagou 50 contos numa salada. Parabéns. Não sei como você consegue continuar comprando pratos de lagosta e gim-tônicas sem que um agiota venha e esmague seus joelhos, mas você consegue. Logisticamente, sua vida não faz sentido. E sabe o que dói mais: não que a sua comida é interessante, mas que suas finanças devem ser um desastre.

Esse é o cara que fez um teste de QI numa página do Geocities e ainda coloca o resultado na primeira página do currículo. Ele é o cara que acha que beber vinho tinto é interessante e que se envolver com cultura popular é kitsch. Ele é o cara que finge que não sabe o nome de ninguém do Big Brother. "BBB?", ele indaga nas festas. "Nunca ouvi falar." Mas tem um barulho que ele faz quando você menciona qualquer coisa muito popular: tchoh. Ele tem mais de um chapéu-panamá. Na foto de perfil, ele está usando um chapéu, bebendo vinho tinto e balançado o dedo. Os status dele são, tipo, "Estive pensando neste mundo e em como ele é errado…", seguido de um texto punheteiro sobre como, se todo mundo lesse um pouco mais de Anaïs Nin e passasse um dia na pele de um mendigo, talvez o mundo não fosse tão ruim. "Tsc…", ele diz, entrando no Second Life para se masturbar pela nona vez no dia com uma furry, que mora num modelo preciso de 1:1 da Ópera de Sydney. "É hoje."

Comi uma batata frita meio suspeita e agora meu estômago está revirando – se sentindo doente.

Fiquei acordada a noite inteira com #diarreia, espero que Tracey do Trabalho ou Sian do Trabalho cubram meu turno hoje – se sentindo esperançosa.

Não acredito Tracey do Trabalho é meu anjo!!! Nada de turno de 8 horas para mim; hoje, vou ficar em casa e #cagardelicadamente – se sentindo abençoada.

Abraçadinha no sofá com o Gato Que Inexplicavelmente Tem Seu Próprio Perfil no Facebook e assistindo a Grey's Anatomy. Derek Shepherd é um #gato – se sentindo abençoada.

MEU DEUS, que tédio!!! kkk alguém me salve desse inferno!!!!!!! kkk – se sentindo entediada.

MEU DEUS, Tracey do Trabalho voltou exausta de seu turno de oito horas, seu cabelo escorrido pelo seu rosto com o suor do trabalho, seus membros e seu coração mais cansados que sua alma, e ela me trouxe um chazinho pro estômago e pizza congelada. MEU ANJO!!!!! TE AMOOOOO – se sentindo abençoada, de novo.

KKK Tracey do Trabalho, estou me sentido entediada de novo KKK me leve pra jogar boliche KKK continua fazendo piada sobre jogar boliche – sentindo o peso esmagador do universo sobre meu peito.

Pediram minha identidade no mercado hoje quando fui comprar vinho KKK Tenho 34 anos, não me pedem minha identidade desde os 17. A caixa disse "Desculpe, política da loja; não vale a pena contar isso no Facebook, é só o procedimento padrão da loja" KKKKKKKK – sentindo que a angústia existencial de ser a pessoa mais inútil viva está gritando mais alto do que o normal hoje.

Tudo isso num espaço de oito horas.

Caso você não saiba o que essa pessoa que circula quatro fotos de perfil idênticas durante a semana está fazendo: ela está te dando o golpe para ganhar likes. Ela só troca a foto de perfil porque sabe que você recebe um aviso no seu feed, e ela realmente quer ter uma foto com cem likes. A garotada chama isso de "estar com sede". Essa pessoa está sedenta. Vai tomar um copo de água, fião. Porque você está sedento.

Ei, obrigado pelo vídeo de 54 minutos de um cara de túnica, sentado de pernas cruzadas num templo, dizendo "Tudo está conectado, namastê": isso realmente me fez repensar sobre a minha vida escrota. Ei, lembra aquela vez em que te empurraram para dentro do banheiro dos meninos e você começou a chorar incontrolavelmente? Eu não queria dizer, mas, naquele momento, você se desviou do caminho do Senhor para se tornar uma pessoa que curte muito incenso, que acha que tocar címbalos pequenininhos limpa a energia ruim de uma sala. Foi naquele momento. Eu vi. Você chorou tanto que a enfermeira achou que você tinha anafilaxia.

Essa é a coisa mais preguiçosa do mundo. Você vê a informação com seus olhinhos, copia e cola a URL e esmaga o enter com seus dedinhos gordos, né? "AMIGOS", você fala, sem fôlego por causa do pânico de fazer isso. "DIGITE TODOS OS AMIGOS." Aí, com um floreio, num raro momento de calma psíquica, você digita: "Vamos?". Não preciso ver a merda que você caga. Essa é a coisa mais pesada que pode ser dita sobre um ser humano, mas vou dizer isso pra essa pessoa: você não merece o Take That.

"Obrigado pelas mensagens, pessoal, mas hoje não é meu aniversário!!!!", ela frisa. "Mudei isso alguns meses atrás, porque eu não queria que as pessoas celebrassem." Mentira. "Meu aniversário REAL é mês que vem e eu adoraria que vocês viessem me encontrar no [PUB DE MERDA ONDE ELES NÃO VENDEM UMA CERVEJA DECENTE, MAS OS DRINQUES CUSTAM 18 REAIS E É LONGE PRA CARALHO]!!! Meu Deus, não acredito que isso aconteceu comigo!!!!"

Sabe aquela pessoa racista que você conhece? Aquela que está sempre compartilhando coisas racistas e fica puta com o islamismo em geral. A pessoa que só agora se interessou pelos direitos dos animais. Aquela que garante que não é racista, mas com um "mas" pendurado depois – um "mas" tão pesado que podia afundar um navio. Um "mas" tão pesado que podia derrubar a lua do céu. Não sou racista… mas – e a maré vira, os animais começam a gritar em suas jaulas, o sol é encoberto e as montanhas viram pó. "Não sou racista, mas: restaurantes coreanos. Que nojo, né?"

@joelgolby

Tradução: Marina Schnoor

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