Raoni Maddalena Fotografou a Chernobyl da Floresta Amazônica Equatoriana

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Raoni Maddalena Fotografou a Chernobyl da Floresta Amazônica Equatoriana

A série fotográfica Tóxico documenta os impactos ambientais da região de Lago Agrio, devastada pela exploração desenfreada de petróleo desde os anos 1960.

A região de Lago Agrio, situada no nordeste do Equador, poderia ser considerada uma das riquezas naturais do país graças à sua densa floresta amazônica e seu rico ecossistema. Poderia até os anos 1960 quando a área foi dominada pela Texaco para explorar e extrair as somas indecentes de petróleo descoberto na floresta. Desde então, Lago Agrio soma estragos ambientais quase irreparáveis graças aos 18 bilhões de material tóxico despejado pela companhia, sem contar com os casos de câncer, abortos espontâneos, animais com câncer e a quase extinção de diversas tribos que lá viviam antes da exploração petroleira.

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Assim o Lago Agrio recebeu o triste apelido de " a Chernobyl da Floresta Amazônica".

Neste cenário devastado pela extração do ouro negro, o fotógrafo brasileiro Raoni Maddalena passou alguns períodos documentando todo o estrago ambiental na área e também uma parte da luta dos habitantes da região que brigam nos tribunais desde 1993 por uma reparação da Chevron (que herdou o processo da Texaco em 2001). O tour pela região rendeu uma reportagem em 2013 para a VICE Brasil .

"Em 2009 fui para o Equador para cobrir as eleições constitucionais (…) posteriormente foi a eleição do segundo mandato do presidente Rafael Correa. Lá, eu e mais um parceiro meu ficamos sabendo dessa região, por isso fomos para lá", explica Raoni. As visitas se transformaram num projeto fotográfico chamado Tóxico exibido a partir de hoje (19) na galeria Kunsthalle em São Paulo até o dia 21 de março.

Em 2011, os moradores da região (que situada na província de Sucumbíos) finalmente conquistaram uma vitória na corte equatoriana, condenando a Chevron de pagar US$ 8 bilhões de indenização, valor considerado uma das maiores somas já adquiridas em um processo ambiental. Porém, a empresa recorreu alegando que não possui ativos no Equador (e também se isentando de qualquer dando ecológico) e agora, o processo também corre no Brasil, Argentina e Canadá visando o reconhecimento da sentença.

Na época da reportagem, a região era dominada por um abandono terrível da sinstituições, Raoni no entanto, frisa que a situação está um pouco melhor desde 2012. "Atualmente a situação melhorou porque tem muito mais envolvimento de ONG's e também do próprio governo que acabou precisando se envolver mais porque a Texaco moveu uma ação colocando o Equador como um dos responsáveis pela devastação," diz.

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Embora a atualização de Raoni sobre o caso possa ser considerada uma boa notícia - especialmente por conta do reconhecimento do presidente Rafael Correa da devastação ambiental, o cenário capturado pelas lentes do fotógrafo ainda demonstram que os danos ambientais podem ser realmente irreversíveis.

"Qualquer riacho que você encontra tem petróleo no fundo, é só mexer um fundo no fundo que já sobe o líquido. Isso sem contar com os animais infectados pela poluição que são quase a única fonte de alimento dos moradores" conta Raoni. "É chocante, porém é necessário não se deixar levar por isso, pois se trata da vida das pessoas que vivem lá."

O fotógrafo liberou algumas imagens inéditas para a VICE. A série completa você pode conferir na galeria Kunsthalle em São Paulo do dia 20 de fevereiro ao dia 21 de março.

- Marie Declercq

Veja mais fotos do Raoni Maddalena aqui.