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As Trabalhadoras do Sexo de Ibiza Formaram o Primeiro Sindicato de Prostituição da Espanha

A Cooperativa de Serviços Sexuais da Espanha (Cooperativa Sealeer) permite que os membros consigam permissões de trabalho, paguem impostos, recolham benefícios de saúde, pensão e consigam seus primeiros cartões de crédito.

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A primeira cooperativa espanhola de trabalhadoras do sexo foi formada recentemente em Ibiza, a ilha/balada da Espanha. O primeiro sindicato de prostitutas do país, a Cooperativa de Serviços Sexuais da Espanha (Cooperativa Sealeer) permite que os membros consigam permissões de trabalho, paguem impostos, recolham benefícios de saúde, pensão e consigam seus primeiros cartões de crédito. A estimativa é de que existam três mil prostitutas na ilha, sendo 11 membros da Sealeer, e mais 40 trabalhadoras inscritas — todas mulheres.

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A presidente do coletivo, María José López Armesto, uma dona de casa de 42 anos que atua como porta-voz das trabalhadoras do sexo da ilha, disse a AFP que as mulheres são pioneiras. “Somos a primeira cooperativa da Espanha que pode dar cobertura legal às garotas”, disse ela.

A administração da ilha ainda precisa aprovar o sindicato, mas Jaime Roig, advogado consultor do coletivo Sealeer, diz que isso é só uma questão de tempo. “No meu entendimento, isso não deveria ser um problema e a administração devia admitir de uma vez por todas a realidade da profissão mais antiga do mundo”, ele disse.

Armesto, a presidente da Cooperativa de Serviços Sexuais da Espanha. Imagem via.

Em razão de uma brecha na lei, María disse que, nos dias atuais, as mulheres trabalham como massagistas, segundo o jornal espanhol Nou Diari. A cooperativa ajuda mulheres que tomaram calote dos clientes e também aquelas que sofreram abuso físico. Recentemente, a cooperativa ganhou o apoio do ministro das finanças da ilha, Álex Minchiotti. No entanto, o site conservador católico Hazteoir.rg é contra o sindicato, porque, segundo o presidente Ignacio Arsuaga Rato, as mulheres “não têm uma verdadeira liberdade de escolha”.

Um lugar cheio de turistas bêbados vomitando nas ruas, Ibiza é mais conhecida como a Ilha do Trance. Um point frequentado pelos DJs Richie Hawtin e Pete Tong, e celebridades como Kylie, Noel Gallagher e P. Diddy.

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A prostituição na Espanha é uma zona cinza, que não é legal nem ilegal, e o país já foi apelidado de “o bordel da Europa”. O último relatório, divulgado em 2007, estima que 500 mil mulheres se prostituem na Espanha, enquanto 1,5 milhões de homens pagam por sexo no país por dia. O faturamento chega a US$54 bilhões, representando mais do que o orçamento voltado para a educação espanhola.

Prostitutas holandesas formaram o primeiro sindicato do tipo no mundo e, um ano depois, outro sindicato foi formado em Gênova. A prostituição é legalizada em oito países europeus, incluindo Grécia, Turquia, Letônia e Alemanha.

“A prostituição na Espanha não é ilegal”, disse um representante do Colectivo Hetaira de Madri, que vem defendendo os direitos das prostitutas desde 1995. “Ninguém é processado por ser trabalhador sexual. Bordéis são legalizados, mas funcionam disfarçados de hotéis, onde as prostitutas 'alugam' quartos como particulares. Na verdade, isso quer dizer que elas estão trabalhando sem direitos legais. Se o trabalho sexual fosse reconhecido realmente como um trabalho, as prostitutas pagariam impostos e teriam benefícios sociais, como em qualquer outro emprego. Essa nova situação permite que elas controlem suas condições de trabalho. Na Espanha, isso tem sido considerado uma vitória para as trabalhadoras do sexo.”

Além disso, Luca Stevenson, coordenador do Comitê Internacional dos Direitos dos Trabalhadores do Sexo na Europa, disse que a grande necessidade agora é o respeito. “Organizando a si mesmas, as trabalhadoras do sexo mostram que sabem o que é preciso para melhorar suas vidas e condições de trabalho”, disse Luca. “Não precisamos de leis ruins, criminalização ou outros projetos de resgate: queremos direitos e respeito.”

A Nadja está no Twitter: @nadjasayej