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Treta Romani

A tensão racial entre as etnias Búlgara e Romani se intensificou e culminou em protestos anticiganos, com milhares saindo às ruas.

O dia seguinte à morte de Angel Petrov em Katunitsa. Manifestantes anti-Romani em frente ao Parlamento, em Sofia, tremulam a bandeira nacional na cara da tropa de choque. Foto: Cortesia de BTA.

No dia 23 de setembro, Angel Petrov foi intencionalmente atropelado por um micro-ônibus cheio de Romani (ciganos) quando passeava com seu cachorro na vila de Katunitsa, na Bulgária. Depois de seu assassinato, que depois foi ligado a ordens do notório chefão Romani do crime, Kiril Rashkov, a tensão racial entre as etnias Búlgara e Romani se intensificou e culminou em protestos anticiganos, com milhares de pessoas no país todo saindo às ruas e gritando coisas como “Ciganos vão virar sabão, turcos sob a faca!”.

Antes do assassinato, Rashkov e seus netos teriam feito ameaças de morte à família da vítima devido a uma rixa de sangue não resolvida. Logo após essas notícias se espalharem, uma multidão local, formada principalmente por hooligans de Plovdiv, a segunda maior cidade de Bulgária, invadiram três das cinco casas de propriedade de Rashkov e as incendiaram com coquetéis Molotov.

Enquanto a maioria dos manifestantes tentava se distanciar dos extremistas de direita, os nacionalistas entenderam que era o momento certo para difundir o medo. A polícia conseguiu prevenir uma escalada maior da violência, mas alguns incidentes isolados continuaram, como o espancamento de uma prostituta Romani grávida por uma gangue de skinheads, revoltas nas ruas de Varna e lojas vandalizadas em Plovdiv. Em Sofia, os manifestantes atiraram pedras na polícia. No caos que se seguiu, um manifestante foi hospitalizado depois de uma pedrada na cabeça e mais de 200 pessoas foram presas. No dia seguinte, vigilantes e a polícia divulgaram as contas do Facebook dos organizadores dos protestos e páginas como “Acabe Com O Terror Cigano! Ajude Os Búlgaros em Katunitsa!” foram tiradas do ar. A página mais popular tinha cerca de 70 mil seguidores -- mas menos de 5 mil manifestantes saíram às ruas.

O sentimento anti-Romani flagrante dos protestos dissuadiu a maioria das pessoas sensatas e a popularidade das marchas caiu drasticamente em outubro. Rashkov e dois de seus netos foram presos sob acusações de coerção (ou seja, ameaças de morte), sonegação de impostos e posse de identidades falsificadas. Atualmente, acredita-se que seu clã esteja planejando escapar para o país vizinho, a Sérvia.