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Um Sacerdote Indonésio Causou um Pico de Selfies ao Declarar esse Tipo de Foto um Pecado

O escritor e sacerdote islâmico Felix Siauw tuitou um manifesto de 17 pontos condenando selfies como um pecado – especialmente para mulheres. De acordo com Siauw, tirar uma foto de si mesmo é orgulho, ostentação e arrogância.

#selfie4siauw cc: @felixsiauwustad, lipstick + kutekakuhsamanihwarnanya! Gemezgak? – Ega. (@mpokgaga), 23 de janeiro de 2015. Uma #selfie4siauw.

No domingo retrasado, o escritor e sacerdote islâmico Felix Siauw tuitou um manifesto de 17 pontos condenando selfies como um pecado – especialmente para mulheres. De acordo com Siauw, tirar uma foto de si mesmo é orgulho, ostentação e arrogância. Geralmente uma declaração tão pessoal e amarga não chamaria muita atenção, mas, como Siauw é um respeitado sacerdote jovem com muitos seguidores no Twitter, seu discurso emputeceu muita gente na Indonésia, um país – onde 88% da população se declara muçulmana – obcecado por selfies.

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"[Três.] Se tiramos uma selfie, passamos por todas as fotos para escolher a melhor pose, e ficamos admirados e impressionados com nós mesmos – isso se chama ORGULHO", escreveu Siauw segundo tradução do Coconuts Jakarta , que publicou o tuíte polêmico terça-feira passada.

"[Quatro.] Se tiramos uma selfie e postamos numa rede social esperando desesperadamente por visualizações, likes, comentários ou o que for, caímos numa armadilha de OSTENTAÇÃO."

"[Cinco.] Se tiramos uma selfie e nos sentimos mais legais e melhores que os outros, caímos no pior pecado de todos: ARROGÂNCIA."

"[Nove.] Hoje em dia, muitas muçulmanas não têm vergonha de tirar selfies. São nove quadros em uma foto com expressões faciais que são… meu Deus, onde está a pureza das mulheres?"

Siauw não é o primeiro líder religioso islâmico a discorrer sobre o assunto. Estudiosos e crentes comuns têm debatido como interpretar essa tendência à luz da teologia islâmica .

Em 2013, um grande seminário indonésio postulou que todas as fotografias eram ilegais para o Islã, que geralmente se opõe ao orgulho pessoal. Mas a questão realmente pegou fogo no final de 2014, quando a Arábia Saudita aliviou a proibição de celulares nos destinos santos de Meca, o que levou a uma onda de selfies de peregrinos em frente a monumentos sagrados como a Caaba, despertando a ira de inúmeros sacerdotes que viram isso como uma perversão arrogante, turística e egoísta do que deveria ser um rito sério, contemplativo e altruísta.

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Depois de todo o burburinho, a maioria dos estudiosos islâmicos parece ter concordado com a opinião de que selfies não são um problema desde que sejam tirados com moderação, como lembrança em vez de ostentação.

"Se as fotos são apenas para lembrança pessoal… então, tudo bem", um anônimo professor saudita de lei islâmica disse à AFP durante o debate hajjselfie. "Mas se são para o propósito de se mostrar, então, elas são proibidas."

"Quando 'selfie' se torna um hábito em que a pessoa quer fazer uma selfie em qualquer lugar e a qualquer hora", afirmou o sacerdote malaio Dr. Muhammad Lukman Ibrahim ao Bernama, em 2014, "esse é um ato que não beneficia o indivíduo de maneira nenhuma; então, isso é fortemente contestado no Islã".

Siauw aparentemente acha que tirar selfies é um ato inerentemente orgulhoso, prepotente e voltado para o exterior. Ou seja, que não pode haver outra intenção ética nisso, o que o coloca num patamar mais conservador e reacionário do que o dos conservadores sacerdotes sauditas.

Em resposta aos tuítes de Siauw, os indonésios começaram uma campanha de selfies por toda a nação, inspirando pela primeira vez (provavelmente para grande desgosto do clérigo) uma onda de selfies de provocação no país. A hashtag #selfie4siauw ficou dias nos trendtopics em Jacarta . Ativistas aproveitaram para acusar Siauw de hipocrisia, alegando que o sacerdote teria julgado um concurso de selfies recentemente – o que ele nega veementemente, dizendo que estava dando uma aula sobre introspecção. O sacerdote não quis comentar mais sobre seus tuítes iniciais, nem sobre a resposta desproporcional desencadeada por eles.

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Tradução: Marina Schnoor