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Sexo

Uma Entrevista com a Atriz Pornô e Agora Escritora Asa Akira

O cu da Asa Akira é como aqueles brasões do Game of Thrones ou o logo da Coca-Cola: quase todo mundo reconhece. Me encontrei com ela no escritório da VICE pra conversar sobre seu processo criativo, como fazer um bom sexo anal e seus planos para o...

Fotos por Matthew Leifheit.

O cu da Asa Akira é como aqueles brasões do Game of Thrones ou o logo da Coca-Cola: quase todo mundo o reconhece. Tem gente que conseguiria apontá-lo numa fila de reconhecimento da polícia entre outras cinco atrizes pornô. Seu famoso furico a levou longe nesses últimos oito anos. Ela estrelou quase 400 filmes e já levou para casa os prêmios AVN de Melhor Artista do Ano e Melhor Cena de Sexo Anal, o que fez dela uma das mais conhecidas e respeitadas mulheres da indústria do entretenimento adulto. Ela também é incrivelmente inovadora nas redes sociais, onde juntou um grupo ainda mais fanático de fãs ao mostrar um pouco de sua vida através de uma enxurrada de fotos íntimas e postagens improvisadas. Agora, a atriz e diretora resolveu se aventurar na prosa com o livro Insatiable, lançado pela Grove Press.

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Em Insatiable, a garota de Nova York, que já trabalhou como dominatrix, stripper e prostituta intermitente, fornece aos leitores uma janela íntima para sua vida. Cada capítulo é de uma honestidade brutal e muito humor autodepreciativo. É uma obra comovente e inspiradora, que dá uma voadora nos preconceitos das pessoas sobre a vida de uma estrela do pornô. O mais legal é que o ponto alto do livro não são as cenas de dupla penetração ou masturbação – mesmo que essas partes sejam boas também – mas sua narrativa forte, que torna fácil se identificar com suas lutas e triunfos da Asa na indústria do entretenimento adulto.

Eu me encontrei com ela no escritório da VICE para conversar sobre seu processo criativo, como fazer um bom sexo anal e seus planos para o futuro. Transe a entrevista abaixo.

VICE: O que fez você querer escrever um livro?
Asa Akira: Sempre li muito. Mas a possibilidade de escrever um livro nunca me passou pela cabeça. Mas era exatamente assim que eu me sentia sobre o pornô antes de entrar para o ramo. Um dia, meu agente literário me abordou e disse: “Eu te sigo no Twitter. Acho que você poderia escrever alguma coisa. Por que você não me manda um texto?” Naquela mesma noite, escrevi o texto e acabei com o primeiro capítulo do livro.

Você tinha um diário antes de começar a escrever?
Sempre fui uma pessoa do tipo que mantém diários. Dei uma pausa quando era mais nova. Eu costumava escrever sobre todos os garotos que eu estava comendo, até que minha mãe descobriu tudo. Por um tempo, fiquei pensando: por que estou documentando essas coisas? Mas depois comecei de novo, e agora sou grata. Isso me ajudou muito a escrever o livro, porque minha memória é péssima.

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Você acha que está se expondo mais assim do que em seus filmes?
Com certeza. Nunca me senti tão vulnerável. O que é irônico, levando em consideração as coisas que tenho feito. Quer dizer, todo mundo já viu até dentro da minha bunda, mas isso é mais assustador. Mesmo quando ainda estava escrevendo o livro, eu sempre tinha que estar sozinha. Se meu marido entrava na sala, eu fechava o computador e mandava ele sair.

Numa parte do livro você conta que ficou chateada porque seu marido, Toni, estava se masturbando para outra mulher. Muita gente pode achar isso irônico.
Acho que essas pessoas esperam, porque faço pornô, que vale tudo, que estou num relacionamento completamente aberto, que sexo e sentimentos são coisas totalmente separadas para mim. Isso não é verdade. As coisas que fazemos no trabalho são OK, mas qualquer coisa fora disso eu considero traição. Se ele levasse uma garota para almoçar depois de uma cena, eu ficaria muito magoada. Eu me sinto diferente em situações assim.

Sua vida sexual com seu marido é tão selvagem quanto você descreve no livro?
A gente faz um sexo muito louco, mas não sempre. Na maioria das vezes, nossa vida sexual fica abaixo de dois minutos. Gosto de sexo rápido porque consigo gozar muito rápido. Então, quando os caras dizem que 20 minutos é o padrão, eu penso: vocês estão loucos? Vinte minutos é muito tempo para ficar transando. Não sei como é a vida sexual de uma pessoa normal, mas acho que as pessoas iam se surpreender com como a nossa é baunilha.

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Com que revelação você acha que as pessoas vão se surpreender mais no livro?
Acho que as pessoas vão se surpreender por eu ter escrito um livro no geral. A coisa é que, no pornô, qualquer coisa que você fizer vai impressionar as pessoas. Só pelo fato de eu ser uma pessoa normal elas já acham que sou um gênio. Então, acho que as pessoas vão se surpreender em ver que tenho esses sentimentos e pensamentos. Uma coisa clássica que você ouve no pornô é que nós nos fechamos quando fazemos uma cena. No livro, tento mostrar que não faço isso e que estou sempre muito presente.

Para quem você escreveu esse livro?
Quero que todo mundo leia o livro, claro, mas queria que as mulheres curtissem. Acho que os caras que gostam de pornô nunca mais vão se masturbar me vendo, ou vão se masturbar para sempre, depois de ler o livro. Acho que mais a primeira opção, mas tudo bem.

Quando começou no pornô, você não fazia sexo anal. Agora, você é a Rainha do Anal. O que aconteceu?
Tenho muita vergonha quando vejo os vídeos nos quais digo que estou guardando o sexo anal para o casamento. Naquela época, eu realmente não estava fazendo na vida pessoal. Aí namorei um cara da indústria e começamos a fazer muito sexo anal. Eu estava filmando uma cena de ménage agendada apenas como vaginal, mas eu estava curtindo tanto isso que acabou sendo uma dupla penetração. Não tinha nada a ver com ser mais lucrativo. Eu poderia ter vendido meu primeiro anal por muito mais dinheiro, mas fico feliz que a coisa tenha acontecido assim.

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E quais são seus segredos para um sexo anal incrível?
Para mim, a parte mais importante é não fazer bagunça. É daí que vem a ansiedade. Algumas garotas não comem nada por 24 horas antes de uma cena de anal; algumas garotas fazem lavagem. Eu começo a me limpar 24 horas antes, o que significa fazer enemas durante o dia. Há certas comidas que você deve evitar a todo custo, como beterraba e milho. Descobri que as posições mais fáceis para começar são cowgirl reverso ou cowgirl. Algumas garotas preferem conchinha, mas eu gosto de ficar por cima. Você também tem que empurrar enquanto o pênis está entrando.

As pessoas não fazem muito sexo anal porque é desconfortável. Você acha que elas devem continuar tentando?
Com certeza. É excruciante nas primeiras 20 vezes. Mas prometo que depois melhora.

Você menciona no livro que está mudando do gonzo para o pornô longa-metragem. Como está sendo essa transição?
As pessoas não costumavam me colocar atuando porque eu era a garota do anal. Eu não sou, naturalmente, a melhor atriz, então tem sido um processo de aprendizado. É gratificante ver o resultado final quando você se esforça tanto para fazer algo. O mais difícil para mim é continuar no personagem durante o sexo. Meu procedimento natural é ser mais submissa, mas às vezes esse não é o meu papel.

O que acontece quando você diz alguma coisa fora do personagem?
Eles editam o som dessa parte ou colocam uma tomada da penetração. O diretor costuma me dizer na hora as coisas que ele quer que eu diga durante o sexo. Isso é sempre estranho porque me sinto uma fraude. Eu nunca diria essas coisas na vida real. Outro dia, fiz uma cena para um filme que ainda não saiu, Caught. Interpreto uma espiã, e o cara que estou tentando pegar tem um fetiche por palhaços. Então, nós nos vestimos de palhaço e transamos. Durante a cena, o diretor ficava dizendo “Mencione o pinto de palhaço dele”. Eu tive que dizer coisas como “Você adora essa boceta de palhaça”.

Qual você considera sua maior realização até agora?
Escrever o livro, principalmente aos olhos da minha mãe. Foi a coisa mais legítima que já fiz. Também ganhei o prêmio de Melhor Cena de Dupla Penetração três anos seguidos. Acho que minha mãe não curtiu tanto isso. Também recebi o Artista do Ano, e isso foi bem legal. É meio idiota ganhar prêmios por sexo ou boquete, mas esse é o meu trabalho e eu fui considerada a melhor daquele ano.

Você vai deixar seus pais lerem o livro?
Não. Já falei para eles que não os quero lendo o livro, e eles também não estão nem um pouco interessados. Não somos uma família que fala sobre sexo. Prefiro que minha mãe me veja ser gangbangueada. No gangbang, ela pode justificar isso para si mesma dizendo que eu não estou realmente gostando. Se ela ler meu livro, ela vai saber que eu gosto sim.

Leia um trecho exclusivo de Insatiable de Asa Akira na VICE.com em 21 de abril, ou compre o livro aqui.

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