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Vão Fazer a Continuação de Shaq Fu e Querem Sua Grana

O que houve de errado no mundo para que o programador e game designer francês Paul Cuisset fizesse um dos jogos mais odiados da era 16 bits?

O que houve de errado no mundo para que o programador e game designer francês Paul Cuisset fizesse um dos jogos mais odiados da era 16 bits? Responsável pelo jogo francês mais vendido da história, Flashback, assim como outros jogos relativamente bem-sucedidos como Fade to Black, Time Commando (na verdade, esse jogo é meio lixo, mas eu gostava dele até meu irmão destruir meu CD) e a série Moto Racer. Aparentemente, ele tinha tudo para prosperar, e talvez nunca saibamos o que houve, mas o fato é que Shaq Fu, estrelando Shaquille O'Neal, um dos jogadores de basquete mais queridos da história, apesar de alguns reviews insanos que davam ao jogo uma nota alta (jabá, talvez?), é um dos mais execrados da história dos videogames.

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Observando em seu contexto adequado, o jogo tinha tudo para fazer sucesso: um personagem principal que fazia extremo sucesso no ano de 1994, uma história ridícula, porém, verossímil, dentro da cosmologia dos jogos 16 bits, gráfico interessante e animações fluidas, nada mais esperado do criador de Flashback. O grande problema do jogo é que a jogabilidade é um lixo horroroso e se você tentar jogar como um jogo de luta normal, com estratégia, e tentando dar golpes especiais bem calculados, você vai se dar muito mal, mas se você ficar repetindo o mesmo golpe o jogo inteiro, é bem possível que chegue ao final.

Comercial de televisão do Shaq Fu original. Não entendi nada, o que significa que faz tanto sentido quanto a história do jogo.

Em uma maravilhosa entrevista para a Rolling Stone, Shaquille O'Neal fala sobre o jogo antigo com a propriedade de quem parece ser incapaz de entender o que deu errado em sua primeira incursão no mundo dos videojogos. Ele inclusive afirma ter uma centena de cartuchos do jogo em sua casa, mas, por algum motivo, não consegue encontrar um videogame que rode ele. Curiosamente, Shaquille diz que o problema do primeiro jogo são os gráficos datados e, em momento algum, cita a jogabilidade horrorosa do jogo, se ele apenas conseguisse comprar um Mega Drive para jogar o jogo… mas parece que é quase impossível achar um no mercado. Maldição.

Se você era uma estrela da NBA nos anos 1990, você estava o mais próximo possível do topo do mundo do que um reles mortal jamais poderia chegar (a não ser que, além de um basqueteiro da NBA você também fosse um illuminati, mas isso é outra conversa), todos os seus delírios de grandeza e sonhos, por mais absurdos que fossem, estavam ao alcance de suas imensas mãos de basqueteiro. Você quer fazer um disco de Rap? Tranquilo. Você quer ser a estrela de um filme? Ok. Você quer fazer um jogo de videogame de beat em up em que você mata os monstrinhos jogando bolas de basquete neles? Podemos fazer. O que nos leva a um ponto interessante.

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O Michael Jordan matando zumbis jogando bolas de basquete de gelo e fogo neles? Nada de errado por aqui.

Michael Jordan: Chaos in The Windy City é um jogo bem parecido com Shaq Fu em alguns aspectos. Ele também foi lançado em 1994 para as plataformas 16 bits, protagoniza um jogador de basquete da NBA, mas não é um jogo de basquete, tem um merchandising sem vergonha alguma de mostrar grandes marcas que davam grana pros basqueteiros na época, mas as diferenças param por aí. Shaq Fu conseguiu deixar sua marca indelével na historia dos videojogos justamente por ser um jogo HORROROSO de luta e o Michael Jordan: Chaos in The Windy City, justamente por ser um jogo mediano de plataforma, conseguiu à época ser um jogo relativamente bem-sucedido e desaparecer por completo da memória dos gamers por pairar no mar da mediocridade, como outros milhares de jogos de plataforma sem oferecer nada de muito especial nem de muito ruim. O que prova, mais uma vez, que são os grandes que são lembrados, mesmo sendo grandes por causa de seus fracassos. Shaq Fu teve um papel importante para estabelecer o que são jogos odiados e nem a figura carismática de Shaquille O'Neal conseguiu salvar a franquia da maledicência. Até onde sei, é o único jogo que tem um site dedicado a procurar e obter o maior número possível de cópias do jogo e destruí-las e, ao mesmo tempo, um site que faz absolutamente o contrário. O jogo do Michael Jordan não teve o poder de incendiar a paixão dos gamers dessa forma justamente por conseguir atingir o potencial ideal de um jogo baseado em uma estrela da NBA, um sucesso mediano que não ofendeu muito e encheu um pouco mais a carteira do fera.

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Como não amar esse bebezão? Pelo menos, parece que eles estão se divertindo.

Qual é a relevância disso tudo? Shaquille O'Neal, 20 anos depois do primeiro jogo, está envolvido em uma sequencia do jogo, que apesar do nome e do personagem principal, não tem nada a ver com o jogo original. Um grupo de desenvolvedores que já trabalhou em franquias como HALO, Street Fighter, Final Fantasy, Max Payne, entre outros jogos de sucesso, está fazendo a continuação desse jogo tão odiado. O pessoal da Big Deez, nome da empresa que vai fazer o jogo, descartou a ideia de fazer um jogo de luta um contra um ao estilo Street Fighter, como era o primeiro, e decidiu pegar a lenda do basquete e fazer um Beat 'em Up que, segundo eles, será um cruzamento entre Streets of Rage, Street Fighter e Devil May Cry. Que esses caras são capazes de fazer um jogo decente é indiscutível, mas também, a galera da Delphine parece ser o pessoal certo para fazer o primeiro Shaq Fu, só o tempo irá dizer se isso vai dar certo. Se você se interessar em dar dinheiro para essa empresa e ajudar no desenvolvimento do jogo tem a página do crowdfunding deles lá no Indie GoGo, onde você consegue, por uma bela grana, coisas como bolas de basquete autografadas pelo Shaq além de bater uma bolinha com a fera em sua casa ou um jantar com a lenda viva, respectivamente, a US$ 475, US$ 15.000 e US$ 25.000, você pode também simplesmente comprar uma cópia do jogo a US$ 15, o que me parece bem mais razoável. De qualquer forma, parece que o jogo vai sair, mas se você quiser pode ajudar o pessoal da Big Deez e o Shaq a fazer o jogo, já que ele vai ficar mais um mês e tanto no Indie GoGo tentando alcançar a carteira do maior número possível de fãs.

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BÔNUS: Nos últimos anos, a brincadeira de adquirir e destruir cópias do Shaq Fu original virou uma espécie de hobby entre os nerds americanos, o que, a princípio, parece divertido, mas se você for ver os vídeos no You Tube, você fica com um pouco de vergonha dos meninos. Fiz uma pequena seleção para você sacar do que estou falando.

É possível ver que esse cara nunca usou uma serra de arco na vida, o braço da punheta dele deve ter ficado doendo por dois dias.

Achei esse moleque com camiseta do lanterna verde UM POUCO narcisista com suas armas de fogo.

Esse cara, certamente, está usando o tipo errado de lixa.

Siga o Pedro Moreira no Twitter: @pedrograca