O Montanha quer derrubar todo mundo – inclusive ele mesmo

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O Montanha quer derrubar todo mundo – inclusive ele mesmo

Mais destacado brasileiro do lançamento de martelo, atleta pernambucano superou o preconceito, as tiradas de sarro e um câncer para chegar até aqui. Agora falta vencer a batalha contra o espelho.

Não é difícil identificar Wagner Domingos, o Montanha, no meio da multidão. Com 1,87m e 118 quilos, ele honra cada letra de seu apelido. O grandão do atletismo é o mais destacado brasileiro no lançamento de martelo – que não é um martelo mesmo, e sim uma bola de ferro com um fio de metal. Hoje no 13º lugar do ranking mundial, o lançador está diariamente lutando com a pressão do índice olímpico que ainda não chegou. Para tal feito, ele precisa alcançar a distância de 77 metros. "Pra fazer esse resultado tenho que bater o recorde brasileiro e o sul-americano de 76,43m", comenta. A outra opção é estar entre os 32 melhores do mundo e ser convidado, mas ele não está satisfeito com essa possibilidade. "Não quero ser convidado, eu quero fazer o índice." Atualmente Montanha se divide numa rota improvável: parte do período de treinamentos é em São Caetano do Sul e a outra numa cidadezinha da Eslovênia chamada Brezice sob o comando do esloveno Vadimir Kevo, campeão olímpico e mundial e um dos maiores nomes da modalidade. "O recorde de frio que peguei lá foi -18ºC, mas normalmente eu pego -5, -7", comenta o atleta que está acostumado com os 35ºC de sua Recife natal. "No começo foi muito difícil por causa do frio, mas hoje em dia é bom. Eu gosto do frio." Praticamente garantido nas Olimpíadas, Montanha afirma que seu maior rival não é ninguém maior que ele – imagina só… – ou de outras terras frias e distantes. Seu grande inimigo, diz, é ele mesmo. "Olho no espelho, pro Montanha que está do outro lado, e falo: 'você é meu maior adversário'", conta. Mas a verdade é que, para chegar nesse estágio de luta íntima, Montanha teve que derrotar uma série de outros fantasmas. O primeiro foi o preconceito por ser nordestino. "Dentro do esporte as pessoas não acreditavam no resultado que eu fazia lá no Recife", diz. "Falavam que o martelo era mais leve, que não tinha condições de um nordestino, pernambucano, fazer um resultado desse."

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Depois de superar essa barreira, enfrentou, em 2011, o seu maior drama, desses de inspirar roteiro de cinema — olha a bola quicando: um câncer na bexiga detectado dois meses antes do Pan-Americano em Guadalajara, no México. Wagner operou, se recuperou e disputou os jogos com um honroso quarto lugar. "Pra mim aquela colocação era uma medalha de ouro naquele momento."

Agora, mais forte do que nunca, sem olhar para os lados, Montanha espera derrotar os seus limites. Aproveitamos sua breve passagem pelo Brasil para sacar melhor como está sua preparação para as Olimpíadas de 2016. Saca só:

Gigante do lançamento de martelo. Foto: Hudson Rodrigues

VICE SPORTS: Você é do Recife, né? Em que bairro você morava lá?
Wagner Domingos: Morei no Zumbi, mas é conhecido como Cordeiro. Meus pais ainda moram lá. Quando volto pra Recife de férias sempre vou pra lá, vejo os amigos, a família. No Nordeste a gente é muito apegado a família. Quando vou pra lá vem toda a família me ver, a gente se reúne, é muito bacana. Sinto muita saudade dessa reunião de família. Como você fica sem a família aqui em São Paulo?
Isso foi uma dificuldade no começo. Aqui as pessoas te conhecem, gostam de você, mas é diferente o modo de tratar. Lá o pessoal acolhe melhor. Eles te levam pra casa, fazem festa. Aqui o cotidiano é muito corrido e muita coisa passa despercebida. Mas aqui encontrei muita gente que me acolheu. Já sofreu com essa frieza paulistana?
Ah, tem pessoas que vêem que você é do Nordeste e bota uma parede no meio. No começo sofri preconceito sim. Comecei a vir pra São Paulo em 2003 e isso era muito visível. Dentro do esporte as pessoas não acreditavam no resultado que eu fazia lá no Recife. Falavam que o martelo era mais leve, que não tinha condições de um nordestino, pernambucano, fazer um resultado desse. Desde o começo da minha carreira até agora venho provando para as pessoas que trabalhando tudo é possível. Você pode ser do Recife, do Acre, de Manaus, de qualquer lugar: se trabalhar, tiver foco e esperança, tudo é possível. Nunca pensei em ser o melhor, mas sempre busquei ser melhor do que fui ontem. Isso vem me ajudando bastante. Como foi sua infância? Já lançava coisas pelos ares?
O bairro onde eu morava tem uma praça chamada Praça do Zumbi. Minha infância foi ali. Até hoje se você voltar lá e perguntar quem é o Montanha, o Wagner, o Waguinho, todo mundo vai saber e falar: 'Os pais dele moram ali'. É muito gratificante você chegar onde morou, onde seus pais ainda moram, e todo mundo te conhecer. E quais eram suas brincadeiras prediletas?
Não sei se aqui tem o mesmo nome, mas a gente brincava de chuta lata, pique-esconde, polícia e ladrão. Tô te perguntando isso pra tentar entender como você descobriu o talento para o martelo.
Isso aí é totalmente a parte da minha infância, da minha vida. Teve uma época da minha adolescência, com 13 pra 14 anos, que eu tava pesando em torno de 130 quilos. Eu tinha 1,84m já, um porte bom, mas tava com muita dificuldade pra caminhar. Um amigo meu sempre me chamava. 'Vamo lá, vamo pro atletismo, tu é grande, pode fazer o arremesso de peso'. E, como todo criança brasileira, eu queria jogar futebol. Um dia, de tanto ele ficar me chamando todo dia, todo dia, eu topei ir. 'Só pra tu parar de me encher o saco e ver que eu não sirvo pra isso'. O nome dele é Edson Salustiano, ele fazia 110 metros com barreira.

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Montanha e o inseparável martelo. Foto: Hudson Rodrigues

E como foi esse primeiro treino?
No primeiro dia fiz 10 metros com o peso de cinco. A professora ficou muito impressionada e todo mundo insistiu pra eu voltar. Era um ambiente muito legal. O atletismo sempre é misturado menino e menina, tudo junto. Era um lugar divertido. Aí comecei a treinar mesmo. Em seis meses perdi 30 quilos, fiquei com 100. Aí comecei a me sentir melhor, a fazer as coisas melhor, todo mundo reparava como eu tinha emagrecido. Comecei a praticar, praticar, comecei a viajar. Gostei do que tava fazendo. Em 1998 fiz o meu primeiro Norte-Nordeste, fiz minha primeira viagem de avião. E pra onde foi?
São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Eu tinha 15 anos. Depois disso aí eu comecei a me dedicar mais, a vir nas competições. Já era o lançamento de martelo?
Não, na época eu treinava mais o peso e o disco. Eu não sabia lançar, mas via os garotos lançando com quatro giros, aquele negócio me interessou. E a primeira vez que lançou o martelo, como foi?
Foi nessa competição de São Leopoldo. Me colocaram na prova porque não tinha ninguém. Falaram: 'Vai lá, faz lá. Vai que tu consegue pegar uma final''. Entrei na prova e fui tentar fazer com um giro, terminei caindo no setor, foi mó vergonha, alguns riram. Aí cheguei pro meu treinador e falei: 'Abraão, a partir de hoje eu vou treinar essa prova e vou ganhar de todos que riram de mim hoje'. Comecei a treinar, treinar, treinar. Comecei a pegar fita VHS –naquela época não tinha essa facilidade de YouTube, internet. Ficava assistindo e fui melhorando. No ano seguinte já fui melhor. Comecei a me destacar. Em 2000 bati o primeiro recorde brasileiro, em 2003 eu tinha ganho de todos os que ganharam e riram de mim em 1998 quando eu caí. Mas você não queria parar por aí, né?
Pois é, na época o Abraão veio falar comigo sobre isso. Ele perguntou: 'E agora, tu ganhou de todos e não tem mais objetivo'. Aí eu disse: 'É, mas agora eu tenho um objetivo maior que é ser o melhor do Brasil e depois o melhor da América do Sul'. Treinei, treinei. Em 2004 comecei a me destacar, bati o recorde brasileiro Sub 23, bati o recorde adulto em 2004, 2005, 2006, 2007, 2008. E até hoje, graças a Deus, tô conseguindo melhorar minha marca. Saí do recorde brasileiro, que era 65, 55m, no mesmo dia bateu eu e o Marcos dos Santos. Bati primeiro e depois ele me superou com 66. Melhorei em 10 metros a prova do lançamento do martelo. Meu sonho é ter três ou quatro brasileiros acima de 70 metros. Você acha isso possível?
Acho que daqui alguns anos sim.

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Qual é o maior desafio do lançamento de martelo hoje?
O maior desafio é ter harmonia com o martelo, ter uma técnica boa. A prova do lançamento do martelo e a do salto com vara são as provas, vamos dizer, mais difíceis do atletismo. Se você erra um pouco aqui, já foi o lançamento, já foi o salto. Você precisa estar muito focado no que vai fazer.

Criador, criatura e vice-versa. Foto: Hudson Rodrigues

Um cara pra ser bom nesse esporte precisa trer quais características? É força?
Prmeiro ele tem que ter o feeling. Tem que ter um biotipo bom, de 1,80m pra 1,90. Hoje a média dos lançadores é de 1,85m. Você tem quanto de altura?
Tenho 1,87m. O que mais precisa?
Não pode ser muito pesado, tem que ter de 105 a 115 quilos na média. Alguns fogem dessa regra, mas são muito forte e muito velozes. Um lançador tem que ter este biotipo. Sei que parece estúpida essa pergunta, mas você pode lançar parado?
Você pode fazer parado, mas não vai longe. Você pode dar de três a quatro giros, a maioria dos atletas está fazendo quatro giros, porque você tem tempo de pegar velocidade. Com três você tem que começar muito rápido e terminar muito rápido. Se não fosse o atletismo o que você estaria fazendo hoje?
Talvez eu estivesse morto. Sei que é uma palavra muito dura, mas é a realidade. Em 2011 eu tive a vida salva por eu treinar no BM&F Bovespa. Como eu sempre faço exames de rotina, detectei um câncer. Como foi essa notícia?
Quando fiz os exames deu um pólipo muito pequeno na minha bexiga. Ele podia ou não ser câncer, mas aí você já pensa no pior. Fui pra casa no automático, cheguei em casa, falei pra minha esposa. Ela se assustou. Até nessa parte Deus foi perfeito porque, se eu fizesse o exame no começo do ano, como estava planejado, ele não ia identificar o câncer, e se eu fizesse no ano seguinte talvez fosse tarde demais. Esse câncer desenvolve muito rápido. Ele pode ficar ali, mas pode crescer muito em um ou dois meses. Quando foi isso?
Em junho de 2011, dois meses antes do Pan-Americano de Guadalajara. Fiz a cirurgia, retiraram e foi comprovado que era um câncer maligno mesmo. Mas como estava muito pequeno, e retiraram até mais do que necessitava, a chance de voltar é muito pequena. Eu não precisei fazer quimio, nada. O tratamento foi a retirada. Você teve alguma sintoma depois disso?
Não. Eu faço exames de rotina de seis em seis meses e depois das Olimpíadas farei de novo. Até hoje não voltou e espero que nunca mais volte. Mudou alguma coisa na sua rotina?
Não, tá tudo normal. O que te ajudou na sua recuperação?
Quando eu soube que tinha câncer, como qualquer pessoa que sabe que tem essa doença, fiquei muito abalado, mas comecei a lutar. Esse foi o meu pensamento. Eu sempre batalhei pra ter êxito nas competições, peguei esse pensamento pra batalha da vida. Eu decidi batalhar até o fim e fazer o que fosse preciso. Graças a Deus deu certo. E você disputou o Pan-Americano pouco tempo depois, né?
Disputei e fiquei em quarto lugar. Fiquei feliz por estar lá e pela situação. Pra mim aquela colocação era uma medalha de ouro naquele momento.

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Rodando o martelo no ginásio fechado. Foto: Hudson Rodrigues

Você é 11 vezes campeão brasileiro, é isso?
Isso, contando o juvenil chega a 15.

Ainda tem Ibero-Americano, Sul-Americano, recorde brasileiro, é o primeiro brasileiro a ir para o Mundial. Como você chegou a tantos pódios em tão pouco tempo?
Eu tenho isso em mente: meu maior adversário sou eu mesmo. Quando me vejo no espelho, olho aquela imagem e falo. 'Você é meu maior adversário'. Quando comecei a treinar nunca quis ganhar de A,B ou C, sempre quis mostrar pra mim mesmo que eu podia estar melhorando meus resultados. Até hoje venho com esse pensamento, tanto como atleta quanto como pessoa. Você tem que ser uma pessoa boa pra atrair coisas boas. Isso tudo influencia. O que você poderia fazer para melhorar a situação do atletismo no Brasil?
Eu queria ter mais poder, mais resultados, pra melhorar a nossa situação. Sonho em ser campeão olímpico para poder dizer que o atletismo tem condições. Todos os treinadores que vêm de outros países pra cá falam do nosso potencial. Eles comentam: 'Vocês são potência, só falta descobrirem isso'. A gente tem muito atleta bom. Acho que daqui alguns anos muita coisa vai mudar. Pretendo trabalhar com atletismo no futuro e colocar tudo o que aprendi nesses anos todos. Vou fazer quase 20 anos de atletismo. O que pode acontecer daqui alguns anos no atletismo?
Acho que o Brasil vai ter muita gente em finais e medalhando em Olimpíadas. Isso é um sonho. Fico muito feliz quando a Fabiana [Murer, do salto com vara] ou o Duda [Mauro Vinícius da Silva, do salto em distância] ganham uma medalha de ouro e você vê que as pessoas lá fora valorizam o atletismo brasileiro, não valorizam só os dois. Quando você chega em outros países, as pessoas respeitam. Como tá o processo pro índice olímpico?
Tô trabalhando muito forte. No Ibero-Americano eu tava desejando resultado melhor, mas infelizmente não deu. Eu tô a 1,40m do índice. É uma marca muito forte. Se você pegar da última Olimpíada, o terceiro lugar fez 78m, a marca está 77m. Pra fazer esse resultado eu tenho que bater o recorde brasileiro e o Sul-Americano que é de 76,43m. Tem outra opção, que é estar entre os 32 melhores do mundo e ser convidado pela organização. Mas eu tava falando com o meu treinador daqui, o Pedro Rivail Attilio, e o da Eslovênia, o Vladimir Kevo, que eu não quero ser convidado, quero fazer o índice. Sempre existem as más línguas. Quando fui convidado para o Mundial falaram que eu só ia porque estava sendo convidado. Ninguém vê o tanto que você batalhou, o quanto você sofreu pra fazer aquele resultado e ser convidado. E qual a sua posição nesse ranking mundial?
Hoje eu tô em 13º. Mas e esse índice tão alto?
Pois é, até os melhores do mundo reclamaram. Mas estamos focados e batalhando, espero que na minha volta para a Eslovênia eu consiga fazer esse índice. Tô me sentindo bem e tô preparado pra isso.

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Treino no BM&F Bovespa, em São Caetano do Sul. Foto: Hudson Rodrigues

É a primeira, e muito provavelmente a última, chance de você disputar uma Olimpíada no seu país. Você fica ansioso com isso?
Ansioso a gente sempre fica. Olimpíada é um evento diferenciado. Não é um evento qualquer que você tem com intervalo de um ou dois anos. Se você perde essa oportunidade é só daqui a quatro anos. Ainda mais com a oportunidade de estar no Brasil. Acredito que todos os atletas brasileiros estão muito ansiosos, mas a gente tem que usar essa ansiedade pro lado bom, não deixar atrapalhar. Temos que usar isso pra chegar bem lá. E a estrutura, o que você achou?
Eu achei tudo muito bom, só fiquei me perguntando onde vai ser o aquecimento das provas de lançamento. Lá no Engenhão não vi condições de fazer o aquecimento na pista de fora. Em todas as Olimpíadas eles fazem o estádio, uma pista de aquecimento para os atletas que correm e uma parte pra você aquecer os lançamentos. Você aquece lançando antes de lançar oficialmente?
Sim. Você aquece lançando fora e até você entrar tem esse tempo de aquecimento para estar preprado. Lá você só tem dois lançamentos para aquecer e já começar a prova. Isso é uma curiosidade que eu tive e que pode ser um problema. Dentro da pista tá tudo perfeito, só tem esse problema. Você tá numa passagem muito breve pelo Brasil. O que você tanto faz na Eslovênia?
Lá eu consigo ficar mais focado. Fico numa cidade de 5 mil habitantes. A gente foca melhor, tem mais competições de alto nível e treino com um dos melhores do mundo, que é o Vladimir Kevo. Ele foi campeão olímpico, foi campeão do mundo. O trabalho que a gente faz lá é muito específico. Já viajei pra muitos lugares no mundo e nunca vi um trabalho como o dele. Acredito muito em tudo o que ele faz e no que ele fala. E você passa quanto tempo por ano lá?
Bastante tempo. Esse ano eu fui no final de janeiro, voltei agora em maio para o Brasil e logo mais estou embarcando pra ficar mais 40 dias lá. E como é sua rotina lá?
Eu sempre vou em janeiro ou fevereiro. Está no inverno, mas já vai melhorando. Quantos graus mais ou menos?
O recorde que eu peguei lá foi -18ºC, mas normalmente eu pego -5, -7. Como foi se adaptar a essa temperatura?
No começo foi muito difícil por causa do frio, mas hoje em dia é bom. Eu gosto do frio. E o rango lá?
A comida não é muito diferente. Eles têm as comidas específicas deles, mas eu tenho um nutricionista da equipe aqui e um lá. É um investimento, né?
Sim, estou investindo tudo o que eu tenho que investir. Tenho 33 anos e quero ir até Tóquio em 2020. Eu sei que consigo, estarei no ápice do lançamento. Por incrível que pareça, eu me sinto melhor a cada ano que passa, tanto fisicamente quanto mentalmente. Estou tendo mais maturidade e experiência. O Kevo acha que eu consigo chegar muito bem em Tóquio. Leia também: ⅓ máquina, ⅓ homem, ⅓ peixe: a jornada de Thiago Pereira em busca do ouro olímpico na natação

A bolinha aí pesa 7,260Kg. Foto: Hudson Rodrigues

É incomum em outras modalidades o atleta chegar ao auge com 37 anos, né?
O recorde mundial foi batido com 35 anos com o Yuriy Sedykh. E até quando você acha que consegue competir em alto nível?
Aí só o corpo vai falar. A mente tá preparada para ir até 2020, mas o corpo não sei. Quando eu perceber que não estou rendendo mais e que estou me lesionando muito, vai ser a hora de parar. E o que você pretende fazer depois que parar?
Pretendo continuar no esporte. Se eu não conseguir permanecer no atletismo só a vida vai dizer. Falta um ano para eu terminar a faculdade de Educação Física e gosto muito dessa área de alto rendimento. Você ver a vida de uma criança ou de um adolescente muda, ele mudar. Isso é uma motivação. Cada um tem seu foco, mas eu não me vejo numa empresa em que eu não consiga evoluir. Eu, Wagner Domingos Montanha, vivo de desafios. Pretendo continuar no atletismo como treinador, mas é aquilo. Às vezes a vida leva nossos planos para outro lado, então temos que estar abertos a tudo. E o que falta pro lançamento de martelo ser mais popular no Brasil?
Eu acho que falta só tempo. Aos poucos você tem uma evolução.