Música

10 Coisas que Babacas Falam para as DJs Mulheres

Lembra daquela babaquice toda do “Nina Kraviz na banheira“?

No ano passado, o The Huffington Post destacou fatos bem desanimadores sobre a situação das mulheres na música: Segundo a matéria, apenas dez por cento dos artistas que se apresentaram no ano passado em festivais de música pelo mundo eram mulheres, e mulheres compõem 9,3% dos artistas que assinaram com gravadoras. Para melhor ilustrar essa situação terrível, o selo Spinnin’ Records publicou em seu Twitter uma foto de um CD-J semelhante a uma boca de fogão, junto com uma nota irritante: “Obrigada @PioneerDJ por finalmente desenvolver um CD-J apropriado para a mulher.” Classudo.

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Sendo uma jornalista de música, tenho andando muito, por quase sete anos, em uma cena composta quase completamente por DJs homens. Entre inúmeras entrevistas feitas pelo telefone com macacos velhos como Mala e figurões novos como Jacques Greene para o The Pittsburgh City Paper, acesso às festas alternativas semanais da cidade, camarins e after parties adquiridas graças às coberturas de shows para o Resident Advisor e festivais como o Detroit’s Movement, adquiri uma certa compreensão no familiar debate sobre o velho “sexismo na cultura do DJ”.  Eu rodei algumas vezes pela minha pequena e adorável cidade, incluindo a festa semanal de drum ‘n bass movida por testosterona, a FUZZ, então quando eu digo que ouvi algumas coisas, eu também quero dizer que passei por alguma delas em primeira mão.

Antes que eu comece a listar as coisas mais odiosas que caras falaram para mim e para outras DJs, deixe-me antes esclarecer que nem todos os caras da música eletrônica são escrotos – alguns são apenas sem noção. Então, a melhor forma que eu aprendi para lidar com a misoginia é dar risada e partir para a próxima. O que não quer dizer que você também não precisa ter uma resposta esperta no seu arsenal. Aqui estão, dez das piores coisas que os babacas falam para as DJs.

1.”Vou agendar você. As pessoas amam DJs garotas!”
Às vezes você irá encontrar promoters masculinos que realmente não se importam com o seu som, ou mesmo com a sua aparência. Eles te consideram como uma commodity rara—e você pode até mesmo lucrar com a ignorância deles. É melhor que você mande muito bem, no entanto, senão você continuará sendo chamada pra tocar só por causa dos seus peitos

2. “Seu namorado que te deu essas faixas?”
Selecionar músicas é a parte principal do trabalho. E quando uma dama mergulha nas profundezas da música techno onde o Bleaching Agent e o Drumcell apodrecem, algum nerd deve estar manipulando o setlist dela. Pelo menos de acordo com os imbecis.

3.”Se você mostrar mais pele, tenho certeza que o pessoal vai adorar você.”
Esse item é nojento por razões óbvias. Mas também é engraçado, porque grande parte das cabines de DJs te enfiam onde ninguém consegue realmente ver o que você está (ou não) vestindo. Claro, te mostro meus antebraços sensuais se você apenas calar a boca e dançar.

4. “Você não acha que é um pouco estranho tocar a música do DJ Slugo “Pussy Licking” quando, bem, você tem uma xoxota?”
Bem,não, que tipo de mulher não apoiaria uma lambeção de pepeca?

5. “Você está no meu Top 3 de DJs femininas.”
Legal, você tem uma lista separada para a gente no iTunes?

6. “Se você me deixar ir embora um pouco mais cedo, te deixo um pouco do meu pó.”
Sim, existem alguns cocainômanos por aí que fariam qualquer coisa pra dar um tiro de graça. Mas nenhuma mulher que se dá o devido valor deixaria as pickups por causa de drogas.

7. “Set legal. Quer ir pro meu hotel?”
É o maior mindfuck de todos os tempos quando um cara vê que você       terminou seu set… e ainda acha que você é uma maria-pickup.

8. “Vem cá, deixa eu te mostrar como programa o mixer.”
Cuidados ridículos, especialmente quando foi você quem foi chamada para tocar.

9. “Você tocou um monte de ghetto house que tinha a palavra “bitch” em tudo quanto era lugar mas eu não posso chamar uma mulher de puta?”
Eu posso não ser uma estudiosa feminista, mas sei que o emprego apropriado de uma palavra depende exclusivamente do seu contexto. Posso rebolar meu bumbum para letras não-cavalheiras –não porque gosto delas, mas porque não estou assumindo-as – e isso não significa que preciso aceitar isso vindo de você.

10. “Estou organizando uma “Noite das Mulheres”. Quer tocar?”
Quando você está começando,  pode até superar isso como sendo uma oportunidade de ganhar uma grana. Mas se você está tocando por mais de, tipo, um ano, escute meu conselho e apenas dispense. É o insulto de todos os insultos.

Kate Magoc é uma escritora de Pittsburgh que curte mandar um papo retíssimo – @K8Magic