Documentando os caçadores noturnos de gafanhotos de Uganda

FYI.

This story is over 5 years old.

Fotos

Documentando os caçadores noturnos de gafanhotos de Uganda

A fotógrafa Michele Sibiloni acompanhou a rotina de homens em busca da iguaria ugandense durante a estação de chuvas no país.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição impressa de novembro da VICE US.

Sempre senti uma atração pelo que acontece depois que o sol se põe. Ou talvez, mais precisamente, eu seja viciada nisso. Desejo aventura. Passei quase dois anos em Kampala, a capital de Uganda, documentando a excêntrica vida noturna da cidade para meu livro Fuck It , depois parti para o interior do país africano, onde comecei meu projeto mynsenene (a palavra em luganda para um tipo de gafanhoto local). Fiquei fascinada com os homens que, sob a cobertura da noite, usam ilegalmente redes elétricas e luz para atrair e capturar gafanhotos.

Publicidade

Os ugandenses comem esses insetos — eles são uma iguaria — e durante a estação de chuvas, quando eles aparecem em abundância e são mais fáceis de capturar, os caçadores os vendem para os moradores locais.

No começo, queria fotografar apenas os gafanhotos — me disseram que eu poderia cruzar com grandes enxames deles —, mas depois de conhecer um pouco o lugar, e não conseguir descobrir o que eu queria, mudei o foco. O título do meu trabalho também ganhou um novo significado. Não há enxames de gafanhotos; as armadilhas muitas vezes voltam vazias. Com tempo sobrando, entrevistei os caçadores, e aprendi alguns aspectos do negócio deles, além de elementos mais místicos: o que eles acham desses gafanhotos e de onde acham que as criaturas vêm — outros planetas, do Lago Vitória, do outro lado do mar. Esse projeto é infinitamente fascinante, e não tenho intenção de parar tão cedo. Continuo a fotografar esse fenômeno, e mesmo não tendo certeza de qual será o produto final, espero conseguir apresentar esse modo de vida em seus aspectos práticos e mágicos: uma aposta arriscada para pessoas tentando ganhar dinheiro num país pobre, e um show de luzes quase extraterreno contra uma paisagem rica e variada.

Tradução: Marina Schnoor.

Siga a VICE Brasil no Facebook, Twitter e Instagram.