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Notas de Um Cara na Líbia IX - Coletivas de Imprensa São Para Otários

Estava conversando com um jornalista fora de uma coletiva de imprensa quando um fotógrafo veio até nós e disse, "Deveríamos ter ficado de porre antes daquela merda". Ele confirmou minhas suspeitas de que deveríamos desencanar de eventos marcados pelo...

Estava conversando com um jornalista fora de uma coletiva de imprensa quando um fotógrafo veio até nós e disse, “Deveríamos ter ficado de porre antes daquela merda”. Ele confirmou minhas suspeitas de que deveríamos desencanar de eventos marcados pelo Conselho Revolucionário.

Um comboio de suprimentos em direção a linha de batalha passou por nós. Talvez aquilo representasse um novo tipo de comando nas batalhas, um resquício de disciplina. Apesar do transporte de suprimentos ser um bom sinal, tinha minhas dúvidas quanto a ir para o fronte. Mas outros fotógrafos com certeza se dirigirão para lá; os rebeldes vão fazer o símbolo da paz e berrar “Allah Akbar” e alguns deles vão morrer, e eventualmente alguns outros jornalistas perecerão também. O jornalista veterano decidiu-se por ir; era uma viagem longa e perigosa para apenas algumas fotos.

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Os aliados atacaram os que apoiam Gaddafi em Misrata e perto de Brega na noite passada. Alguns soldados morreram. Ainda não é certo se eram da turma do Gaddafi ou rebeldes confusos que atiraram em forças aliadas. Eu saberia se assistisse mais televisão ou fosse para uma coletiva de imprensa de vez em quando.

Nos últimos dias fiz muitas entrevistas e viajei sem rumo por grande parte de Benghazi. Boas coisas surgem quando se faz isso. Minha regra tem sido sair do hotel. Descobri que contanto que esteja fora do hotel, vou descobrir alguma coisa.

Conversei com moleques andando em quadricíclos que cobravam um dinar para andar na garupa deles pelos arredores. Eles me contaram que o grupo deles já tinha uma centena de pessoas, e que não iriam andar todos juntos novamente até que Gaddafi caia fora. “O principal é seguir em frente, fazer o que tiver que fazer”, disse Abdul Hamid, de 16 anos.

Carros passaram voando enquanto seus motoristas faziam uso de cada potência que os cavalos de seus motores proporcionavam. Isso é normal por aqui. Passamos por um moleque tacando fogo pelo spray de um laquê. Ele parecia andar sem rumo pela cidade. Passamos por um homem manco usando o que parecia ser um torniquete na sua coxa ensanguentada. Não fazia sentido. Não parecia ter nenhum acidente ou qualquer sinal de violência nas redondezas, era apenas aquele homem com uma certa agonia no rosto, mancando pela área empesteada de lixo, as garrafas e plásticos se amontoavam na grama enquanto o sol atormentavam o homem. Ele estava a caminho da estrada e de repente sumiu. Comecei a me perguntar se havia imaginado-o.

Houve outra demonstração em um ponto de comando erguido a toque de caixa em uma rampa de entrada para a rodovia. Quatro moleques com uma espingarda e uma pistola. Por que não?

FOTOS E TEXTO POR JEREMY RELPH VICE LY
TRADUÇÃO EQUIPE VICE BR