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Sem-Teto, Traumatizado e Inapto Para a Vida Civil

O fotógrafo Stuart Griffiths já vem documentando os efeitos de guerra em veteranos britânicos há alguns anos. Esse mês acontece na Inglaterra o lançamento de seu filme Isolation, um documentário que segue alguns das centenas de veteranos que voltam...

O fotógrafo Stuart Griffiths já vem documentando os efeitos de guerra em veteranos britânicos há alguns anos. Esse mês acontece na Inglaterra o lançamento de seu filme Isolation, um documentário que segue alguns das centenas de veteranos que voltam para casa traumatizados e feridos. Um quarto deles também não tem mais onde morar. Liguei para ele.

Vice: Oi Stuart, você é uma estrela de cinema agora, hein?
Stuart: É. Se você quiser, posso te dar umas dicas, tipo meus restaurantes de sushi preferidos em Beverly Hills.

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Me conte sobre seu novo projeto, Isolation.
O filme é sobre o meu trabalho fotografando veteranos. É uma combinação de tudo que fiz em torno de questões com ex-militares: falta de moradia, exclusão social, ferimentos graves. Luke Seomore e Joseph Bull me contataram há alguns anos. Eles viram algumas matérias em revistas e me procuraram. Começamos a fazer algumas gravações de áudio – acho que a ideia inicial era trabalhar em um drama baseado na vida de veteranos. Mas isso mudou porque eles queriam fazer algo com meu trabalho, o que foi ótimo.

Então isso é um projeto seu, ou uma colaboração?
Foi uma espécie de colaboração orgânica entre os diretores e eu. No passado, outras pessoas me procuraram querendo saber mais sobre meu trabalho e as pessoas que retratei, e sempre fui muito relutante em dar qualquer informação a respeito deles, porque são pessoas muito vulneráveis. Mas Luke e Joey foram as primeiras pessoas que realmente queriam meu envolvimento no projeto, não apenas usar os meus contatos. Gostei disso. Eles também quiseram usar minhas fotos, foi um grande veículo para minha fotografia.

Quer dizer que o filme é uma mistura de material novo, novas entrevistas e seu trabalho prévio – uma espécie de acompanhamento de seus projetos passados?
É. Também acho que dá a sensação de ter preservado meu trabalho. Muita gente me pergunta se esse é um projeto em andamento e gostaria de dizer: “É sim”. Mas acho que agora chegou num nível com esse filme em que é uma experiência, e tudo está junto ali, uma experiência sobre essas questões, sem ter necessariamente alguma motivação política por detrás.

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É assustador que um quarto dos que voltam do serviço militar ficam sem-teto. Por que, já que você foi um deles, você acha que isso acontece?
Essa é fácil. No exército você é treinado para não ter um lar, você vive só com uma mochila, vai de um lugar a outro. Voltar à vida civil é bem problemático, lidar com impostos, conseguir um fiador para morar em algum lugar, é muito fácil perder o pé. Mas lembre-se, não é só a falta de moradia no sentido de dormir na rua que é um problema, mas coisas como morar de favor no sofá dos outros, e por aí vai.

Esse fenômeno é particularmente britânico?
Não, os norte-americanos têm problemas similares. Queria ir até a Virgínia para investigar as notícias que li sobre uma floresta gigante para onde um monte de veteranos teve que ir para morar juntos numa espécie de acampamento. Mas ficava muito caro ir até lá. Mas sim, é a mesma coisa por lá. É muito fácil de isso acontecer. Muitos dos caras que conheço trabalham com segurança privada hoje em dia – é o único trabalho que eles são treinados para fazer. Alguns têm sorte de aprender alguma profissão nova, foi o que aconteceu comigo. Tive muita sorte de me envolver com fotografia. Fazia isso 25% do tempo.

Quantos dos personagens do filme um fã do seu trabalho reconheceria das suas fotos?
Tinha o Jamie Cooper e o Simon Brown com quem eu já tinha trabalhado antes, mas todos os caras no hostel eram novidades. Tinham uns caras lá que não faziam muita coisa e que ficaram curiosos com o que estávamos fazendo. Quando contamos eles ficaram felizes em se envolver.

A parte sobre Martin Compton em Nova York, eu meio que fiz sozinho. Levaram eles para os EUA para o Dia do Veterano. Eu tinha algumas garantias de jornais, então pude pegar o voo até lá e encontrá-lo. Era uma história pessoalmente importante para mim, um veterano britânico levado aos EUA. Quando voltei com todas as fotos, Luke e Joe perguntaram se eu tinha um ensaio fotográfico que poderiam usar no filme. Sugeri esse. Funcionou bem e também deu o ângulo da Guerra no Afeganistão. Foi ótimo ter um veículo como esse para mostrar o meu trabalho.