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Sobrevivi ao sismo do dia 13 de Fevereiro

Hoje vou poder jantar francesinha.

Esta sou eu, com um ar assustado e olhos brilhantes. Às 17h22, estava eu aqui na redacção e senti tudo a mover-se. Pensei que um gajo gordo se tinha suicidado aqui no prédio, mas afinal foi um sismo. Durante meia dúzia de segundos (ou, se calhar, nem isso), a terra tremeu. Começou progressivamente e, de repente, tinha a mesa, a janela e o chão a abanarem. Pensei que ia morrer. Pensei na minha mãe, bem longe de mim. Pensei no meu irmãozinho, que não iria ver crescer, e até no meu pai, que não iria poder conhecer velhote. Vi a vida a passar-me pelos olhos. Foi um drama. Depois, olhei pela janela. As pessoas na rua pareciam muito calmas. Decidi seguir o meu instinto e usar o meio de sabedoria mais útil de todos: o Facebook. "Foi impressão minha, ou houve um sismo no Porto?" Em escassas fracções de segundos, os meus amigos confirmaram: foi um SISMO, caramba. Já não sentia nada assim desde o 5.º ano, quando a professora de EVT me obrigou a esconder debaixo da mesa. Portanto, optei (não fossem haver réplicas) por ir para debaixo da mesa. Liguei à minha mãe para saber se estava tudo bem com ela. Os meus colegas gozaram comigo. Chateada, fui lá fora, fumei um cigarro, acalmei-me e liguei para a Protecção Civil. O senhor garantiu-me que o epicentro tinha sido a oito quilómetros oeste de Paredes, numa magnitude de 3.1 na Escala de Richter. Ninguém morreu. Não houve casas a cair. Segundo a mesma fonte, esta situação, ligada às placas tectónicas do Atlântico, não é recorrente na zona norte, sendo a "segunda vez" em dez anos que tal acontece. Para já, não se conseguem prever a existência de réplicas (e se morrermos todos? Salve-se quem puder). Vocês, malta que nos deve proteger, não servem para nada, portanto. Ufff. Afinal vou poder ver os meus pais, os meus colegas e os meus patrões amanhã. Hoje ainda janto uma francesinha para celebrar.