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Como o Dr. Bumbum foi de celebridade no Instagram a foragido da polícia

Médico fugiu após complicações numa aplicação de silicone nos glúteos que levou à morte a bancária Lilian Calixto, no Rio de Janeiro. Ele já respondia a outros dez casos de naturezas diversas na justiça.
Imagem via Facebook

O quadro de situações ilícitas em que se encontra o famoso nas redes Dr. Bumbum não é pouca coisa. A mais grave delas envolve a morte da bancária Lilian Calixto, paciente que morreu após passar por um procedimento estético realizado por ele na cobertura de um apartamento na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Denis César Barros Furtado, de 45 anos, realmente tem registro ativo, mas apenas nos conselhos regionais de Goiás e Distrito Federal. Foragido, Denis acumula outros dez processos anteriores na justiça: homicídio (1997), porte de arma (2003), crime contra a ordem pública (2003), resistência a prisão (2006 e 2007), exercício arbitrário da própria razão (2007) — quando a pessoa excede no direito de reagir em legítima defesa, e violação de domicílio (2007).

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Relatos colhidos pela polícia informam que Lilian saiu de Cuiabá, no Mato Grosso, para fazer o procedimento nos glúteos. Foi socorrida horas depois, após complicações, no Hospital Barra D’Or em estado grave, e morreu na madrugada deste domingo (15). Segundo consta nos registros do 16º DP da cidade, um taxista informou onde estavam Denis e a namorada, Renata Fernandes Cirne, de 24 anos, sua secretária. Renata teve prisão temporária decretada por 30 dias. Denis fugiu de carro, abandonando o veículo num ponto da região.

A mãe dele, Maria de Fátima Barros, de 66 anos, é outra que participou do atendimento e se encontra foragida. Assim como o filho, ela é médica, mas teve o registro cassado em 2015 pelo Conselho Regional de Medicina. Até a empregada da família, Rosilane Pereira da Silva, está envolvida no caso, pois atuava como auxiliar do médico, junto de sua namorada e a mãe, e emprestava o nome para a clínica, estabelecimento que na verdade é um salão de beleza. Todos são indiciados por homicídio qualificado e associação criminosa.

Denis chegou a levar Lilian para o hospital, mas deixou o local assim que soube que a paciente havia ido a óbito, comunicou a instituição. Tudo isso se dá num momento em que o médico gozava de estrelato nas redes sociais, com 665 mil seguidores no Instagram e 1,5 mil inscritos no YouTube. Do ocorrido para cá, ele já perdeu dez mil seguidores no Insta. O apelido de “Dr. Bumbum” veio das próprias pacientes. Denis conseguiu fama entretendo o público com suas dicas de saúde e imagens do antes e depois dos procedimentos. Oferecia toda gama de procedimentos, sendo, de acordo com os textos informativos da hashtag #DrBumbum Ensina, especializado em bioplastia e aplicação de polimetilmetacrilato, material injetado nos glúteos de Lilian. A respeito, afirma num dos posts:

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"#DrBumbum ensina: Esclarecendo dúvidas! Sendo o médico o único profissional habilitado e autorizado a trabalhar e adquirir PMMA, com o hidrogel fora do Brasil desde 2014, apenas os PMMA das marcas #biossimetric #metadern e #linneasafe são autorizados pela Anvisa e Ministério da Saúde, não existem mais outras marcas disponíveis no Brasil".

O médico publicou nas redes que já fez mais de cinco mil procedimentos estéticos e pratica a bioplastia — plástica sem cortes — há mais de 15 anos. Segundo ele, o método é “um procedimento minimamente invasivo, de resultados imediatos e definitivos, como toda bioplastia médica deve ser, além de não necessitar de repouso pós-procedimento. Utiliza anestesia local e não oferece o menor risco de complicações, quando realizada por médico capacitado, produtos médicos específicos e técnica correta.”

Apesar de todo o marketing pessoal, a diretoria do hospital informou que Lilian deu entrada na emergência apresentando taquicardia, dispneia, cianose, sudorese intensa e hipotensão. A hipótese inicial é que ela tenha sofrido uma embolia pulmonar por conta da aplicação de 300ml de silicone nos glúteos.

Informações anônimas sobre o paradeiro de Denis e da mãe podem ser transmitidas via WhatsApp ou Telegram para os números (21) 98849-6099, (21) 2253-1177; por meio do Facebook; e pelo aplicativo Disque Denúncia RJ.

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