As universidades brasileiras mudaram nos últimos dez anos. Ou melhor: os estudantes dessas universidades mudaram. Desde 2005, com a criação do ProUni (Programa Universidade Para Todos), desenhado pelo governo federal para democratizar o acesso ao ensino superior, até o segundo semestre de 2017, mais de 3,2 milhões de bolsas integrais e parciais foram oferecidas para uma camada da população que até então não tinha condições de pagar mensalidades de instituições privadas.
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Isso sem contar que o novo formato do Enem passou a ser usado como o vestibular de universidades federais, o que se tornou mais uma possibilidade para o pessoal da quebrada ter mais chances de entrar em instituições públicas. Tudo lindo, mas sempre fica uma pergunta no ar: é correto dizer que o Enem facilitou o acesso de fatias mais pobres da sociedade ao ensino superior? A resposta, apesar de alguns poréns, é sim.“O governo federal assumiu a necessidade de ampliar o acesso ao ensino superior. Três movimentos feitos, que se combinam de alguma maneira. A ampliação de vagas diretas nas universidades federais, o Fies (Programa de Financiamento Estudantil) e o ProUni, que é um mecanismo de compensação no qual universidades privadas oferecem vagas com bolsas parciais ou integrais. Esse quadro configurou a expansão do acesso à educação superior”, explica Ocimar Alavarse, professor da Faculdade de Educação da USP.O que não significa que essas iniciativas estejam livres de críticas. Para Erlando da Silva Rêses, professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), ainda falta mais diversidade entre os estudantes de instituições públicas, por exemplo.“As instituições públicas de ensino superior são ainda elitistas, machistas e por aí vai. Enquanto isso, outros grupos étnico-raciais, como negros e indígenas, entre outros, têm sido os maiores beneficiados da parceria ligada ao setor privado. A democratização foi dessa forma e, apesar de as cotas terem deixado a universidade pública mais ‘colorida’ graças à presença de outros grupos étnicos, isso não representa significativamente muita coisa”, avalia.
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