Vale a pena “ter A Porta aberta” em Leiria
Festival A Porta. Foto por Ricardo Graça

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Cultură

Vale a pena “ter A Porta aberta” em Leiria

O Festival A Porta regressa para a terceira edição. Este ano, com mais um dia. De hoje, 30 de Maio, a 4 de Junho, a cidade leiriense recebe um evento verdadeiramente multidisciplinar.

Este artigo foi originalmente publicado no JORNAL DE LEIRIA e a sua partilha resulta de uma parceria com a VICE Portugal.

"Todos os cidadãos têm a chave para abrir a porta". Uma porta que "é para todos". A Portapaletes está já construída junto ao edifício Paço, no centro de Leiria, pronta para receber seis dias dedicados "à arte, à cultura, ao entretenimento, ao lazer, ao comércio e à gastronomia". São 878 paletes, três mil 350 parafusos e aproximadamente 21 mil quilos – a porta gigante foi criada em parceria com a Sistema4, que celebra 25 anos.

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"É o símbolo de uma Leiria de portas abertas", afirma Gui Garrido, um dos responsáveis pela organização do festival A Porta, que começa hoje, terça-feira, 30 de Maio, e decorre até 4 de Junho, domingo. Nesta terceira edição, uma das novidades é o concerto de Sean Riley & The Slowriders no espaço exterior da Villa Portela.

"Havia vontade de fazer algo diferente. De abrir as portas para uma casa, um jardim que vai ser a casa da cultura da cidade de Leiria", salienta Gui Garrido. "A Villa Portela é uma casa de sonho, o castelo fantasia com que toda a gente sonhou, e muito poucas pessoas entraram dentro daquele jardim".

Sean Riley & The Slowriders. Foto por Ricardo Graça.

A este desejo juntou-se o de levar à cidade do Lis "uma banda mítica a nível nacional, que tem também uma forte ligação a Leiria": alguns membros da banda são da região. Os Sean Riley & The Slowriders comemoram este ano 10 anos de carreira e apresentam, neste concerto, o mais recente álbum, um homónimo editado em 2016. Além deste, são 23 os concertos que fazem parte d'A Porta: Them Flying Monkey, Stone Dead e The Twist Connection, são apenas algumas das bandas que se vão poder ouvir.

Quatro destes 23 concertos estão inseridos nos jantares temáticos que decorrem nos dois primeiros dias do Festival, esclarece o responsável. No dia 30 decorrem um jantar cubano e um francês e na quarta-feira, dia 31, um jantar grego e um maltês, todos já esgotados.

Mas nem só de concertos se faz A Porta. No dia 3 de Junho, sábado, as actividades centram-se na Rua Direita: workshops, performances, exposições de artes visuais e feiras. O Atlas Hostel, o Centro Cívico, a Chapelaria Liz e o Espaço Eça são apenas alguns dos espaços que abrem as suas portas neste dia. Este ano, a Casa Plástica recebe cerca de 30 artistas e estará aberta até dia 10 de Junho, sábado, das 1500 às 20h00. "Não fazia sentido o gasto de energia e a generosidade dos artistas para a exposição só estar aberta seis horas", refere Gui Garrido. O sexto e último dia do festival A Porta decorre no Parque do Avião e será "um domingo em família, em comunhão com o Rio Lis", diz o responsável.

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A Porta, que teve a primeira edição em 2014, é um festival "multidisciplinar". Pretende-se que seja um evento cada vez mais "social", explica Gui Garrido. "Queremos abrandar um pouco o mundo e que as pessoas não se esqueçam de potenciar actividades culturais e sociais a pessoas que têm menos acesso a elas". Será dinamizada uma caminhada e corrida acessível a pessoas com mobilidade reduzida, promovida pelo NEL – Núcleo de Espeleologia de Leiria. "Há uma grande vontade de mostrar o papel transformador que achamos que a cultura e a arte podem ter na vida das pessoas. Quer a nível da educação, sensibilização social, laços afectivos entre pessoas, cidades, artistas, associações, comerciantes e ruas".

Gui Garrido realça ainda que há uma tentativa em "repensar" o que é feito com estes espaços e mostrar a "potência" deles. Muitas das lojas vazias da rua Direita, "uma das artérias principais do comércio de Leiria", que estavam ao abandono na primeira edição, estão agora ocupadas. "Ficamos muito contentes porque muitas das lojas que temos vindo a ocupar foram transformadas e ganharam vida".

Abaixo ficam alguns destaques da programação.

1 de Junho - Vila Portella

O Festival A Porta leva a um dos espaços mais emblemáticos da cidade "uma banda mítica a nível nacional, que também tem uma forte ligação a Leiria" - alguns dos seus membros são da cidade - , cerca de um ano depois do lançamento do álbum, Sean Riley & The Slowriders. Farewell, Moving On, Only Time Will Tell e It's Been A Long Night são os quatro discos que antecedem este homónimo de originais de Sean Riley & The Slowriders, grupo que completa este ano 10 anos de carreira. O concerto é às 21h30 e é apresentado em parceria com a Fade In - Associação de Acção Cultural.

2 e 3 de Junho - Jardim Luís de Camões

Na sexta-feira, 2, o Jardim Luís de Camões vai ser palco para três bandas: Them Flying Monkey, Stone Dead e Ouzo Bazooka, concertos que têm início pelas 22h30. Os Them Flying Monkey levam a Leiria a inspiração "nos ambientes etéreos" da floresta de Sintra "e no odor azul da maresia permanentemente sentida" na sala de ensaios. Depois, actua a banda de Alcobaça Stone Dead, pelas 23h30. Os Ouzo Bazooka encerram a noite, com actuação prevista para a meia noite e meia. Uma banda com "influências exóticas do Médio Oriente, com hard rock clássico, arte psicadélica, garage rock e surf". No sábado, dia 3, a partir das 22h30, actuam naquele jardim The Twist Connection, Galgo e The Poppers.

The Stone Dead. Foto por Ricardo Graça

4 de Junho - Parque do Avião

"Um domingo em família, em comunhão com o Rio Lis", com actividades para todas as idades. "Passear de caiaque e navegar com paddle, dar música aos bebés, abrir portas encantadas, incentivar ao movimento ou, simplesmente, procrastinar ao sol, seduzir com um quick flip, fazer um delicioso piquenique, ouvir música", são algumas das sugestões para o sexto e último dia d'A Porta.

O Parque do Avião recebe dois concertos: pelas 16h15 actuam os 2 por 3 e às 17h00 é a vez dos Jerónimo!. O NEL – Núcleo de Espeleologia de Leiria dinamiza, às 16h00, uma caminhada e corrida acessível a pessoas com mobilidade reduzida. Pelas 17h30 horas haverá uma Cãominhada, promovida pela Associação Desprotegidos. Neste dia decorrem ainda duas feiras: a Feira Bandida para promover produtos, associações, artistas, entre outros, e a Feira de Editores Independentes, que fomenta o contacto "com as novas publicações de editoras portuguesas independentes, assim como publicações de autor".

Ana Camponês é jornalista do JORNAL DE LEIRIA.