Matéria originalmente publicada na VICE News .Um novo e gigantesco vazamento com 13,4 milhões de documentos, apelidado de Paradise Papers, foi publicado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) expondo as atividades bancárias offshore de mais de 120 políticos do mundo todo — entre eles nomes brasileiros como o ministro da fazenda Henrique Meirelles e o acionista da Inbev João Paulo Lemann. No vazamento, estão documentos que ligam o secretário de comércio norte-americano e bilionário financistas Wilbur Ross a uma empresa de transportes que tem negócios com o genro do presidente russo Vladimir Putin.
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O vazamento é só o último a revelar o mundo sujo das contas em bancos onde empresas de fachada permitem que ricos, cleptocratas ou qualquer um com algo a esconder possa conduzir negócios em segredo em paraísos fiscais. Esse vazamento, que vem principalmente da empresa de advocacia Appleby, com base nas Bermudas, revela laços entre dezenas de membros, consultores e doadores da administração Trump. Ele também mostra ligações entre grandes investimentos no Twitter e Facebook e empresas estatais russas.Os documentos lembram muito o vazamento dos Panama Papers, ocorrido em 2016, e foram obtidos da mesma maneira: uma fonte anônima vazou os dados para o jornal alemão Suddeutsche Zeitung, que os compartilhou com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos e várias outras organizações de notícias, que publicaram seus relatórios simultaneamente na tarde de domingo.Como os "Panama Papers", os novos documentos vazados fornecem material para investigações que podem durar meses. O vazamento vem numa hora desconfortável para a administração Trump, com a equipe do consultor especial Robert Mueller preparando acusações, e Facebook e Twitter encarando dúvidas de como foram usados como ferramenta de interesses russos para influenciar a eleição norte-americana de 2016.Veja os destaques do vazamento abaixo:O secretário do comércio norte-americano Wilbur Ross, um parceiro de negócios de longa data do presidente Donald Trump, ainda tem investimentos numa firma de transportes com laços consideráveis com o genro do presidente russo Vladimir Putin e um oligarca russo sob sanções econômicas dos EUA – "amigos íntimos de Putin", nas palavras de um analista do Guardian.Ross se distanciou de muitos de seus investimentos ao entrar para a administração Trump, na qual apoia a agenda "America First" do presidente. Mas os documentos vazados revelam que Ross manteve um investimento multimilionário na Navigator Holdings, uma empresa de transportes que faz milhões de dólares por ano carregando gás para a companhia de energia russa Sibur. Os donos da Sibur incluem o genro de Putin, Kirill Shamalov, e Gennady Timchenko, um amigo próximo e parceiro de judô do presidente russo.
A LIGAÇÃO DE WILBUR ROSS COM "AMIGOS ÍNTIMOS" DE PUTIN
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As ações de Ross na Navigator foram reveladas na época de suas audiências de confirmação diante do senado norte-americano no começo do ano, mas não receberam investigação adicional. O porta-voz de Ross afirma que o acordo foi assinado em fevereiro de 2012, antes de Ross se juntar à campanha em 31 de março daquele ano. Mas um release da Comissão de Segurança e Câmbio de 2 de março diz que Ross já estava a bordo, segundo reportagem do Guardian.Antes de entrar para a administração Trump, a rede de Ross era estimada em bilhões de dólares. Sua aparição nos Paradise Papers é outro exemplo do labirinto de ferramentas financeiras que os ultrarricos usam para ter vantagem, e vão contra as promessas populistas de Trump de impedir a elite de roubar os trabalhadores norte-americanos.Ross é só um membro da órbita de Trump a ter laços financeiros revelados com aliados do Kremlin. O governo federal indiciou e prendeu o ex-presidente de campanha de Trump, Paul Manafort, semana passada, em parte por seu trabalho de lobby para o presidente ucraniano ligado a Rússia.Não há provas de que Ross está sob investigação do promotor especial Robert Mueller, mas outra ligação com a Rússia não é boa notícia para a administração Trump.Um porta-voz de Ross disse ao New York Times que o secretário de comércio "se recusa a comentar qualquer outra questão focada em navios transoceânicos, mas que apoia no geral as sanções da administração contra entidades russas e venezuelanas".
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FACEBOOK E TWITTER FORAM PARCIALMENTE FINANCIADOS POR DINHEIRO RUSSO
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