Um olhar português sobre a tomada de posse de Trump

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Um olhar português sobre a tomada de posse de Trump

A estudar nos Estados Unidos, João Delgado não quis perder a oportunidade de viver de perto um dia histórico. Isto foi o que viu e sentiu.

Tudo começou por volta das seis da manhã do dia 20 de Janeiro, quando milhares de pessoas começaram a encher as ruas de Washington DC. Uns, com o objetivo de apoiar "o seu novo Presidente", outros, para protestarem contra o que consideram ser "o maior erro da História".

Nas ruas de DC viu-se de tudo um pouco. Desde pessoas com mapas na mão que assinalavam o trajecto de alguns protestos organizados, a gente que pedia justificações sobre o que verdadeiramente aconteceu no dia 11 de Setembro, a discussões no meio da multidão, animais - mais propriamente lamas - integrados em marchas pela defesa dos direitos dos animais e que, tal como muitos indivíduos, não sabiam bem o que estavam ali a fazer, ou mesmo quem não tivesse qualquer problema em contornar as regras e passar à frente das filas, afirmando: "Quero ir ver o meu Presidente, não tenho tempo para ficar à espera". Muitas culturas diferentes, juntas no mesmo local, com um objectivo em comum: protestarem e lutarem pelos seus direitos.

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Desde muito cedo apercebi-me do quanto o país se encontra dividido e da tremenda falta de equilíbrio existente. Bastou-me olhar para a organização da segurança em Pennsylvania Avenue. De um lado, protestos, num ambiente de revolta, com muitas pessoas a erguerem cartazes com mensagens críticas endereçadas ao novo Presidente e com acusações sobre as suas afirmações racistas e xenófobas, sobre a sua relação com Vladimir Putin, sobre os problemas que Trump desvaloriza no que diz respeito às mudanças climáticas e sobre a sua actividade nas redes sociais, que envergonha alguns americanos.

Do lado oposto, no jardim entre o Washington Monument e o United States Capitol, onde decorreu a cerimónia, vivia-se um clima mais festivo e "pacífico", não estivessem os apoiantes do Presidente republicano em maioria. Estes clamavam pelo "seu salvador", que, acreditam, tornará de novo a América a maior potência mundial e, em lágrimas, ouviam o seu discurso patriótico, em que a única menção ao resto do Mundo foi a erradicação do Estado islâmico. Um discurso poderoso, bem estudado e dirigido a um público-alvo bem definido. Ou seja, aqueles que o querem ouvir e seguir-lhe os passos.

Foi um dia de mudança aquele que se viveu em Washington DC, não só para os Estados Unidos mas para todo o Planeta. Foi o dia em que se assistiu à tomada de posse de um Presidente que, definitivamente, não é de todos e que não se sabe se será para todos. Foi o dia em que se esqueceu o resto do Mundo e se afirmou "América Primeiro ". Foi o dia em que se "esqueceu" o "Yes, we can!" e se passou a acreditar no, "Yes, we will…". Foi neste mesmo dia que se presenciou um dos momentos de maior divisão e controvérsia nos Estados Unidos da era moderna.

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Veremos também, no futuro, se foi neste dia que a América se ergueu de novo ou se, como muitos asseguram, foi o maior erro da História do país. Veremos!

João Francisco Delgado tem 22 anos, é natural de Riachos, Torres Novas e está a estudar comunicação no Bluefield College, Virginia, Estados Unidos da América. Podes acompanhar o seu trabalho aqui e aqui. Abaixo podes ver mais fotos do dia da tomada de posse de Donald Trump.