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cenas

Existem vibradores em forma de cupcake

E sim, são depressivos.

Logo agora que pensavas que a estupidez do Twitter já não te podia afectar. Logo agora que pensavas que tinhas sobrevivido à era do “Keep Calm”, algo muito pior aconteceu. Um pervertido qualquer inventou um vibrador em formato de cupcake. A sério, daqueles cor-de-rosa e com a cereja em cima, naturalmente. A editora de uma revista feminina, que acabou por receber como brinde um desses vibradores, disse-me que estava prestes a deitar para o lixo a oferta quando se apercebeu de que se tratava de um brinquedo erótico. “Tens de apertar a cereja para ligar o aparelho e a velocidade máxima é alarmante”, confidenciou-me. Imagina comprares isto numa loja. Imagina a coragem que é necessária para te olhares ao espelho e dizer (dez vezes seguidas) sem chorar o seguinte: “Sou uma pessoa que se diverte com um bolinho hipster na vagina." Em 2010, cheguei a escrever numa coluna do Independent que a moda dos cupcakes era a gota de água. Começaríamos nos mini queques cor-de-rosa e terminaríamos na vaginoplastia. Pessoal, a profecia cumpriu-se: os cupcakes entraram na vagina. Nos últimos anos, o Twitter regressou ao mundo cultural com bastante ruído: meio menina rural, meio dona de casa norte-americana dos anos 50, daquelas que prepara bolos e tal. A Nigella transformou-se numa fada do lar quando a Zara começou a vender vestidos florais. O striptease, por seu lado, foi-se adaptando ao burlesco. A grande diferença é esta: as strippers precisam mesmo de dinheiro. O mercado da fofura está a estoirar, saturado que está com as luvas de cozinha da dona-de-casa-perfeita e com os casacos vintage que nos transformam numa viúva de guerra. Daquelas capazes de preparar um guisado para oito pessoas apesar de ter perdido o marido e os dois filhos mais velhos. Por exemplo, os homens de bigodes hipster têm o jornal para ler e ficam acordados, com os seus pijamas ao xadrez, para ver se têm sorte e conseguem uma noite inteira de sexo. O que até pode ser bom, o problema é que a libertação sexual dos anos 60 e 70 desapareceu e foi substituída por bolinhos inocentes cor-de-rosa. Num destes dias fui a um bar que oferecia uma menu especial para a noite das mulheres —– coquetéis com sabor a cupcakes. Este será o ponto de saturação do mercado, pensei. De certeza que os queques não ultrapassarão a barreira das bebidas alcoólicas, pensei. Mas depois reparei que há cupcakes que custam mais de 100 euros e que entram dentro de ti. Se a tua vagina tiver uma forma estranha, como a de um bolinho, este produto acaba por ser uma boa notícia, admito. Se o brinquedo erótico não entrar em lugar nenhum mas, por outro lado, servir para passar ao de leve na parte de fora, a coisa também pode funcionar. Quer dizer, uma vez fiz isso com uma lembrança da Estátua da Liberdade. Pode parecer desconfortável, entendo, mas era do tamanho da mão e eu nem precisei de tirar as cuecas. Somos todas como o Daniel Day-Lewis no que diz respeito ao nosso método de masturbação: cada qual tem o seu. Mas precisas, realmente, de repensar a tua vida se gostas de erotizar uma representação plástica de um bolo. Claro, os pénis nem sempre são a coisa mais atraente. Não são, a sério. Um cupcake, no entanto, representa a inocência de uma criança multiplicada pelas lágrimas de uma mulher de 45 anos. Daquelas que não sabem se hão-de tirar o bolo do forno ou enfiar lá a própria cabeça. E não são apenas bolos e vibradores — sabes que existe uma marca de vinho chamada Mommy Juice? A marca tem duas opções disponíveis: Mommy Juice branco e Mommy Juice tinto. Isto porque é o tipo de linguagem que as mamãs conseguem entender, certo? Não! Mães, oiçam! Celebrem o facto de não viverem na Arábia Saudita. A sério, usufruam da liberdade de ir à loja e levarem o tipo vinho que o vosso dinheiro permitir comprar. Como a adulta responsável que és, tens à tua escolha todos os tipos de vinho. Começa a recuar até chegares a um supermercado de bairro imaginário de nome “Vinho da Mamã” e, num dia destes, vais ver que existe mesmo. Se foste tu quem criou o vibrador em forma de cupcake, então desculpa-me. Desculpa por destilar tanto escárnio em todo o trabalho e empenho que tiveste. E tudo começou quando a lampadazinha das ideias eróticas se acendeu e pensaste: “Eu sei do que as mulheres gostam — cupcakes e orgasmos clitorianos. Tenho de encontrar uma maneira de juntar os dois, ajuda-me Deus.” Eu saúdo, colega designer, a tua originalidade, a tua habilidade em pensar fora da caixa. Mas é dentro da caixa que o teu vibrador vai continuar.