Bombando Estudantes em São Paulo

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Educação Ocupada

Bombando Estudantes em São Paulo

Protesto de estudantes em São Paulo começou com caminhada, passou por bombas e terminou em notícia quase boa.

Depois de três horas de caminhada da Cidade Universitária, na Zona Oeste de São Paulo, até a esquina das avenidas Consolação e Paulista, já no centro da capital, cerca de 50 manifestantes ainda tinham forças pra dançar e cantar, enquanto quatro membros do movimento Território Livre tocavam no meio da roda.

Foto: G. Bandura

O protesto era mais um da série de manifestações contra o projeto do governo de reforma no sistema educacional que prevê o fechamento de 92 escolas. Alunos das escolas estaduais Fernão Dias Paes e Professor Fidelino de Figueiredo, duas das 200 escolas ocupadas em todo o Estado, provenientes de diferentes pontos haviam se encontrado nesta que é uma das mais conhecidas esquinas de São Paulo.

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Com exceção de uma bomba de estilhaços – ela pode deixar ferimentos naqueles a menos de cinco metros da explosão, contrariando o termo "de efeito moral" – usada pela polícia em outro cruzamento movimentado no bairro de Pinheiros, o ato avançou com tranquilidade até o ponto de encontro, onde os cerca de 100 manifestantes de cada lado se uniram.

Foto: G. Bandura

Depois de uma quinta-feira violenta, com protestos que não alcançavam 5 minutos de duração por causa da rápida e violenta repressão da polícia – o secretário de Segurança Pública havia alertado no dia anterior que a PM não invadiria escolas, embora ela não fosse tolerar o fechamento de vias –, parecia que algo havia mudado na política à medida que os estudantes e apoiadores dançavam e cantavam provocações ao governo de Geraldo Alckmin.

Em meio a uma gestão marcada por crise hídrica e conflito com estudantes, o governador alcançou o seu menor índice de aprovação, segundo o instituto Datafolha. Também no dia anterior, a Ouvidoria da Polícia Militar disse ver indícios de que a polícia "havia extrapolado" com os estudantes.

O que não impediu que a tropa de choque da Polícia Militar voltasse a disparar suas bombas contra os estudantes que protestavam de modo pacífico. Jornalistas (eu inclusive), pedestres e manifestantes foram feridos pelos estilhaços das bombas.

Foto: G. Bandura

Aos gritos de "sem violência" e "não tem arrego", a linha de policiais continuava, passo a passo, bomba a bomba, empurrando os manifestantes, já em menor quantidade, porém ainda agrupados, para a Rua da Consolação, sentido centro, até despejar a chuva de gás lacrimogêneo – o que gerou a dispersão. Mais gás foi utilizado até que o protesto se encerrasse diante da Secretaria de Educação, no centro antigo da cidade.

Aí, após alguma espera ao lado de membros da Apeosp (Associação de Pais de Alunos do Estado de São Paulo) e docentes, veio, por fim, uma notícia boa após duas semanas de ocupações, protestos e ataques de autoridades: a tão criticada reestruturação e seu fechamento de 92 escolas estavam suspensos.

Foto: G. Bandura

Em pronunciamento, o governador Geraldo Alckmin falou em adiamento, frisando que cada caso seria discutido com pais de alunos das escolas. Sem espaço para perguntas, o discurso do governador alegra, mas não aliviou a tensão dos secundaristas que ocupam suas escolas esperando o cancelamento do projeto.

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